Por Gustavo Alves, em seu blog:
Há alguns meses, a mídia repercutiu com grande estardalhaço as denúncias de trabalho escravo na produção têxtil, com destaque para a rede espanhola Zara.
A empresa pediu desculpas aos brasileiros, assumiu compromissos junto ao Ministério do Trabalho, foi ao Congresso e tem lutado para recompor sua imagem.
Mas além do caso Zara, subsiste a superexploração do trabalho na cadeia produtiva da moda.
E mais grave, é praticada à vista de todos, sem que ninguém proteste ou sequer denuncie.
Digo isso pensando nos trabalhadores do comércio, que nos finais de ano são submetidos a jornadas de trabalho que frequentemente superam 90 horas semanais, trabalhando de domingo a domingo sem folgas no mês de dezembro.
São cerca de 8 milhões de brasileiros que vivem sob um inferno de assédio moral, jornadas infindáveis, quase sempre abrindo mão do direito ao horário e subsídio de alimentação.
Esta nova modalidade de trabalho escravo não acontece nos grotões ou em fazendas pelo interior do país, longe dos olhares e das consciências da classe média, mas sim em todas as capitais e maiores cidades do Brasil.
Soma-se à jornada inconstitucional, o estímulo à fraude de documentos com a assinatura de folgas inexistentes, ou recebimentos de horas-extras não pagas.
A extensão do horário de atendimento do comércio, nessa época do ano, não significa melhoria no atendimento e sim uma intensificação cruel do trabalho dos comerciários.
Este estado de coisas conta com a complacência dos sindicatos de comerciários que concordam com as regras de funcionamento nos finais de ano e com a miopia da fiscalização do Ministério do Trabalho.
Não existem outras justificativas.
Tudo isso aceito tacitamente pelos trabalhadores, que sutilmente vão sendo convencidos a abrir mão de seus direitos, graças às ameças de perda do emprego.
Oras, não há meio direito, assim como não há meia gravidez.
Aqui em Brasília, a pouco mais de 2700 metros da sede do Ministério, existe um grande centro comercial, onde os "escravos" do comércio cumprem sua sina sem apoio ou atenção do poder público.
O comércio representa uma das faces mais cruéis do capitalismo, por um lado estimulam e vivem do consumismo desesperado que drena o planeta, endivida famílias e esvazia mentes e artificializa necessidades. Em suma: consagra a futilidade. Por outro, submetem seus trabalhadores a condições de trabalho do século retrasado.
Isso com uma roupagem de "espírito natalino".
O Natal, cujo personagem principal deixou de ser Jesus para se transformar no feriado dedicado a Noel, é palco cada vez mais de um festim diabólico que conjuga consumismo insano com a cassação de direitos elementares para milhões de brasileiros.
Há alguns meses, a mídia repercutiu com grande estardalhaço as denúncias de trabalho escravo na produção têxtil, com destaque para a rede espanhola Zara.
A empresa pediu desculpas aos brasileiros, assumiu compromissos junto ao Ministério do Trabalho, foi ao Congresso e tem lutado para recompor sua imagem.
Mas além do caso Zara, subsiste a superexploração do trabalho na cadeia produtiva da moda.
E mais grave, é praticada à vista de todos, sem que ninguém proteste ou sequer denuncie.
Digo isso pensando nos trabalhadores do comércio, que nos finais de ano são submetidos a jornadas de trabalho que frequentemente superam 90 horas semanais, trabalhando de domingo a domingo sem folgas no mês de dezembro.
São cerca de 8 milhões de brasileiros que vivem sob um inferno de assédio moral, jornadas infindáveis, quase sempre abrindo mão do direito ao horário e subsídio de alimentação.
Esta nova modalidade de trabalho escravo não acontece nos grotões ou em fazendas pelo interior do país, longe dos olhares e das consciências da classe média, mas sim em todas as capitais e maiores cidades do Brasil.
Soma-se à jornada inconstitucional, o estímulo à fraude de documentos com a assinatura de folgas inexistentes, ou recebimentos de horas-extras não pagas.
A extensão do horário de atendimento do comércio, nessa época do ano, não significa melhoria no atendimento e sim uma intensificação cruel do trabalho dos comerciários.
Este estado de coisas conta com a complacência dos sindicatos de comerciários que concordam com as regras de funcionamento nos finais de ano e com a miopia da fiscalização do Ministério do Trabalho.
Não existem outras justificativas.
Tudo isso aceito tacitamente pelos trabalhadores, que sutilmente vão sendo convencidos a abrir mão de seus direitos, graças às ameças de perda do emprego.
Oras, não há meio direito, assim como não há meia gravidez.
Aqui em Brasília, a pouco mais de 2700 metros da sede do Ministério, existe um grande centro comercial, onde os "escravos" do comércio cumprem sua sina sem apoio ou atenção do poder público.
O comércio representa uma das faces mais cruéis do capitalismo, por um lado estimulam e vivem do consumismo desesperado que drena o planeta, endivida famílias e esvazia mentes e artificializa necessidades. Em suma: consagra a futilidade. Por outro, submetem seus trabalhadores a condições de trabalho do século retrasado.
Isso com uma roupagem de "espírito natalino".
O Natal, cujo personagem principal deixou de ser Jesus para se transformar no feriado dedicado a Noel, é palco cada vez mais de um festim diabólico que conjuga consumismo insano com a cassação de direitos elementares para milhões de brasileiros.
3 comentários:
É interessante pensar na escravidão! Há diversas redes de supermercados, hipermercados, lojas populares com agenda de vendas e lojas abertas até as 23,00 horas dos dias 24, 31 de dezembro.
Casas Bahia, Marabraz, Extra, Carrefour e tantas outras vão escravizar seus funcionários ao máximo para cumprir suas metas de vendas.
Alguém vai noticiar isto ou estes anunciantes não são tão escravistas quanto às práticas da Zara?
Na verdade escolheram a Zara como vitrine para o mal feito. E as outras? Será então hipocrisia? Por que não tirar a limpo todos que agem dessa forma hedionda? Cadê os protestos da galera? Na hora de acusar todo mundo gritou nas redes sociais contra a loja espanhola, mas não consegue enxergar aqui dentro as mesmas atitudes escravagistas das lojas brasileiras. Ora, ora...
Grande camarada, como sempre incisivo, na lata!
Parabéns.
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