segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Ato em solidariedade ao Pinheirinho

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Fui a segunda pessoa a chegar ao Masp para o ato público na tarde deste domingo, onde e quando haveria o protesto contra a desocupação traiçoeira e violenta que a Polícia Militar de São Paulo cometeu no bairro do Pinheirinho pela manhã. A manifestação fecharia a avenida Paulista, no sentido bairro-centro, das 17 horas até por volta das 19 horas.



Se você esteve fora do país e está chegando agora, saiba que neste domingo o governo do Estado de São Paulo autorizou que 1.800 policiais militares invadissem o bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos, em helicópteros e até blindados, jogando bombas contra mulheres e crianças, havendo denúncias (não-confirmadas) de até sete mortos e número ainda incerto de feridos, sendo boa parte mulheres (algumas grávidas) e crianças.

Aos poucos, eles foram chegando. Muitos militantes de partidos, parlamentares, movimentos sociais e sindicatos. Foram enchendo a calçada em frente ao Masp enquanto a feira de antiguidades que ocorre aos domingos no vão livre do museu ia sendo desmontada. Como tardasse a liberação do local, os militantes foram invadindo as pistas dos veículos.

Um cálculo conservador autoriza dizer que ao menos 700 pessoas se manifestaram sob intensa chuva em prol dos deserdados do Pinheirinho. Após pelo menos uma hora e tanto de ato em frente ao Masp, a manifestação se deslocou pelas pistas dos veículos por cerca de 500 metros, até o edifício do Tribunal Regional Federal, gritando palavras de ordem.

– Alckmin, seu matador, assassinando o povo trabalhador!

Ninguém deu bola para a chuva forte. Os guarda-chuvas foram brotando como o ânimo da manifestação. As palavras de ordem foram aumentando de volume conforme as centenas de pessoas se animavam. A pista bairro-centro ficou cem por cento interditada por pelo menos duas horas e meia.

O ato se reconcentrou diante do prédio do Tribunal Regional Federal, sempre sob intensa chuva. Foi quando chegou o senador Eduardo Suplicy, discursou e relatou a violação do acordo com o governo do Estado de São Paulo sobre a trégua no Pinheirinho. Após sua fala de cerca de 20 minutos, pedi-lhe uma entrevista e ele aceitou. Conversamos por cerca de 5 minutos.

Perguntei se Geraldo Alckmin agiu corretamente em relação à desocupação do bairro Pinheirinho e se a Polícia Militar vêm cumprindo com o seu papel constitucional de proteger o cidadão e de tratá-lo com respeito e protegê-lo e o senador foi taxativo ao dizer que tanto o governador quanto a PM descumpriram os seus deveres constitucionais.

Fiquei emocionado e surpreso devido à manifestação ter sido convocada na tarde de um domingo via Twitter e Facebook e duas horas depois ter levado tantas pessoas à rua sem ser para pleitearem aumento salarial ou qualquer benefício próprio, e ainda sob intensa chuva. E com parlamentares de vários partidos indo até lá nos apoiar.

Mas o que me estimulou mesmo nesse ato de cidadania foi a presença maciça da juventude. Confiante, serena, determinada a lutar pela democracia e pela justiça social. Percebi que o tempo de pessoas da minha idade já se esvai, mas a juventude não está anestesiada coisa nenhuma. E já ensaia assumir o seu lugar de direito na condução dos destinos do país.

Agradeço ao senador Eduardo Suplicy pela atenção dispensada aos leitores do Blog da Cidadania.

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