Por Bob Chapman, no sítio português Resistir:
Nada está acabado até estar terminado. Naturalmente, referimo-nos à Europa e à sua versão de 1984. Achamos difícil de compreender que banqueiros, políticos e burocratas da Europa possam fazer o que fizeram com uma cara aparentemente séria. Investidores tiveram um haircut a pressionar suas gargantas mas o BCE e o FMI ficaram isentos.
Como pode ser isso? É porque alguns são mais iguais do que outros. Não há dúvida de que isto será um acontecimento decisivo para o sistema financeiro europeu e mundial. Assistimos a um incumprimento parcial, mas só porque os criadores dos derivativos, o ISDA (International Swaps and Derivatives Association), tinham de dizer alguma coisa, do contrário o seu negócio de derivativos teria entrado em colapso. Ninguém fará negócio com um segurador ou um operador de apostas que não paga e constantemente muda as regras de forma arbitrária. Não é preciso dizer que tais maquinações estão fora da vista do público, porque 99% dele certamente não entende de derivativos.
A Grécia está a caminho da crise seguinte quer seja pela via da austeridade, de manifestações ou de um golpe militar. Com toda probabilidade a Grécia será seguida pela Irlanda, Portugal, Bélgica, Espanha e Itália. Também será interessante ver se retornam depósitos bancários aos bancos gregos. Eles provavelmente não voltam e haverá grande dificuldade a afectar qualquer espécie de recuperação. O povo grego, ao longo disto, foi deixado fora da equação.
Como mencionámos no último número, os líderes da zona euro gastaram três anos a tentarem evitar um tal resultado, mas obviamente subestimaram a profundidade dos problemas gregos e de outros países. Será interessante ver como os membros do ISDA manipulam os US$3 mil milhões em acertos de derivativos, ou será que alguma vez compartilharemos o segredo deles? Mas quaisquer que tenham sido as soluções europeias elas certamente foram política enviesada e fracassada. Quase tudo política e muito pouco pensamento avançado. Um evitar de colapso e depuração só para arcar com as consequências daqui a seis meses a um ano.
Certamente uma vitória de Pirro, pois a distribuição de fundos foi muito mais curta do que era necessário. O que pensarão estas pessoas e o que dirá a Alemanha esta semana quando revelarem o facto de que o novo MEE , o sucessor do EFSF, é inconstitucional na Alemanha? Além disso, estes países europeus solventes que emprestaram estes fundos em nome dos seus contribuintes tem de revelar-lhes simplesmente em quanto estão pendurados até agora. Serão estas pessoas suficientemente tolas para acreditar que austeridade, salários mais baixos e lucros mais altos trazem prosperidade? Todo o cenário é surreal e irrealista. Também nos perguntamos o que pensam acerca de o BCE e o FMI serem excluídos das perdas gregas e de outras. O eleitor tem de acreditar que estão a viver num mundo imaginário.
O acordo que foi estruturado para a Grécia desrespeita a lei e será litigado durante anos. Por que investidores desejariam investir sob estas circunstâncias? As regras são aquilo que eles dizem que são em qualquer dado momento ou conjuntura. Estarão outros países desejosos de seguirem o mesmo caminho? Toda promessa dos banqueiros, políticos e burocratas foi rompida. No fim as perdas do investidor foram de 70% ou mais. Eles deveriam ter aguentado perdas de 100%, mas isso não se vê nem aqui nem ali, a questão é que todos foram também deliberadamente enganados. A Grécia não era um caso isolado e os mercados financeiros são bem conscientes disso.
Não será de perguntar como é que o BCE vai descarregar US$290 mil milhões em títulos tóxicos? Quem será bastante tolo para comprá-los? Como exemplo, o PIB português pode cair mais de 5% em 2012. Isso poderia traduzir-se em 50% de perdas um fardo da dívida pública de 118% do PIB no ano fiscal de 2012. A dívida do seu estado eleva isto em mais 10%. Isso é pior do que a Grécia. Recorde-se um facto muito pouco conhecido, de que Portugal "massajou" o seu défice no ano passado, tomando 3,5% do PIB de fundos de pensão privados. Cidadãos de todos os países prestam muita atenção. Este roubo está em vias de ser um modo de vida para todos os banqueiros e políticos. Eles estão em vias de roubar a sua aposentadoria, esteja pronto para isso. Eis porque temos recomendado a todos os cidadãos nos EUA a retirarem todos os fundos de aposentadoria que puderem.
Em cinco meses o FMI decidirá se Portugal precisa de mais dinheiro. Naturalmente precisará de mais. Portugal não pode levantar fundos no mercado aberto a taxas razoáveis, de modo que o FMI tem de intervir com o EFSF. Como é que isto se ajustará à Espanha e à Itália? Não muito bem, imaginamos. Tudo isto significa que os possuidores de títulos daqueles destes países estarão vendedores e não compradores, o que colocará o BCE e o FMI numa situação desesperada. Os problemas da Europa têm anos de duração.
Só para mostrar como estão os bancos centrais europeus, verifica-se que devem US$650 mil milhões ao BCE. Além disso, se a Grécia tiver de deixar a zona euro no futuro ela deverá aos actores solventes do euro outros US$125 mil milhões em dívida pagável. Uma dívida que será muito pior daqui a seis meses a um ano. Isto significa que a Alemanha utilizará o próximo salvamento para dizer não, especialmente que o MEE não estará disponível para eles, ou assim diz o seu Tribunal Supremo.
Acreditamos que a Alemanha quis assumir a perda e ir embora um ano atrás, mas os banqueiros disseram não. O seu sonho de governo mundial ainda está vivo e é mais importante do que o sistema financeiro da UE. Então dizem-nos outra vez que o Mediterrâneo é um vasto depósito de gás natural. Se assim for, então talvez a Grécia esteja a ser mantida a fim de ter acesso àquele gás e estarem menos dependentes da Rússia. Como temos dito frequentemente desde o princípio da década de 1990 a UE e a zona euro estão condenadas.
A Grécia não tem possibilidade de recuperação devido aos fundos inadequados prestados. Então há os desembolsos dos CDS de uns US$3 mil milhões, os quais farão as coisas mais difíceis para outros países na mesma situação. A recapitalização dos bancos gregos é um insulto à inteligência económica. Eles precisarão o dobro dos fundos oferecidos só para alcançarem os 9% de exigências de capital. Fundos de pensão gregos serão devastados, provavelmente retendo 25% do antigo valor. Temos uma [nova] coligação governamental em 1 de Maio e isso põe em causa o futuro do acordo de salvamento que acabou de ser feito. A Grécia está em vias de ser sujeita a um corte orçamental de 20% em cima daquele já efectuado. Este acordo engendrado pelos banqueiros é o pior de todos os mundos. Provocará graves problema à UE nos próximos anos.
Há alguns meses escrevemos que há cerca de US$70 mil milhões em CDS gregos. Corte isto pela metade e as perdas seriam de US$30 a US$35 mil milhões, não os US$3 mil milhões mencionados. A questão que se levanta será a capacidade das contrapartes de pagarem. Descobriremos isso bastante logo. Haverá uns poucos vencedores e quão longe irá a carnificina? O acordo estruturado não foi de todo voluntário para os credores gregos. Foi extorsão nos moldes da Inquisição Espanhola. Isso não é modo de conduzir negócios. Veja-se então as questões sociais e a possibilidade de um golpe. E há ainda aspectos racistas a atiçar ódio. Os nortistas não gostam dos sulistas no Sul latino.
Como dissemos anteriormente Portugal caminha na mesma direcção da Grécia. Nenhum crescimento e nenhuma mudança de qualquer espécie. A Itália e a Espanha terão de ser salvas como os outros. E há ainda o negro segredo sujo de que é a França que se segue. Estes problemas vão continuar por aí além.
Nada está acabado até estar terminado. Naturalmente, referimo-nos à Europa e à sua versão de 1984. Achamos difícil de compreender que banqueiros, políticos e burocratas da Europa possam fazer o que fizeram com uma cara aparentemente séria. Investidores tiveram um haircut a pressionar suas gargantas mas o BCE e o FMI ficaram isentos.
Como pode ser isso? É porque alguns são mais iguais do que outros. Não há dúvida de que isto será um acontecimento decisivo para o sistema financeiro europeu e mundial. Assistimos a um incumprimento parcial, mas só porque os criadores dos derivativos, o ISDA (International Swaps and Derivatives Association), tinham de dizer alguma coisa, do contrário o seu negócio de derivativos teria entrado em colapso. Ninguém fará negócio com um segurador ou um operador de apostas que não paga e constantemente muda as regras de forma arbitrária. Não é preciso dizer que tais maquinações estão fora da vista do público, porque 99% dele certamente não entende de derivativos.
A Grécia está a caminho da crise seguinte quer seja pela via da austeridade, de manifestações ou de um golpe militar. Com toda probabilidade a Grécia será seguida pela Irlanda, Portugal, Bélgica, Espanha e Itália. Também será interessante ver se retornam depósitos bancários aos bancos gregos. Eles provavelmente não voltam e haverá grande dificuldade a afectar qualquer espécie de recuperação. O povo grego, ao longo disto, foi deixado fora da equação.
Como mencionámos no último número, os líderes da zona euro gastaram três anos a tentarem evitar um tal resultado, mas obviamente subestimaram a profundidade dos problemas gregos e de outros países. Será interessante ver como os membros do ISDA manipulam os US$3 mil milhões em acertos de derivativos, ou será que alguma vez compartilharemos o segredo deles? Mas quaisquer que tenham sido as soluções europeias elas certamente foram política enviesada e fracassada. Quase tudo política e muito pouco pensamento avançado. Um evitar de colapso e depuração só para arcar com as consequências daqui a seis meses a um ano.
Certamente uma vitória de Pirro, pois a distribuição de fundos foi muito mais curta do que era necessário. O que pensarão estas pessoas e o que dirá a Alemanha esta semana quando revelarem o facto de que o novo MEE , o sucessor do EFSF, é inconstitucional na Alemanha? Além disso, estes países europeus solventes que emprestaram estes fundos em nome dos seus contribuintes tem de revelar-lhes simplesmente em quanto estão pendurados até agora. Serão estas pessoas suficientemente tolas para acreditar que austeridade, salários mais baixos e lucros mais altos trazem prosperidade? Todo o cenário é surreal e irrealista. Também nos perguntamos o que pensam acerca de o BCE e o FMI serem excluídos das perdas gregas e de outras. O eleitor tem de acreditar que estão a viver num mundo imaginário.
O acordo que foi estruturado para a Grécia desrespeita a lei e será litigado durante anos. Por que investidores desejariam investir sob estas circunstâncias? As regras são aquilo que eles dizem que são em qualquer dado momento ou conjuntura. Estarão outros países desejosos de seguirem o mesmo caminho? Toda promessa dos banqueiros, políticos e burocratas foi rompida. No fim as perdas do investidor foram de 70% ou mais. Eles deveriam ter aguentado perdas de 100%, mas isso não se vê nem aqui nem ali, a questão é que todos foram também deliberadamente enganados. A Grécia não era um caso isolado e os mercados financeiros são bem conscientes disso.
Não será de perguntar como é que o BCE vai descarregar US$290 mil milhões em títulos tóxicos? Quem será bastante tolo para comprá-los? Como exemplo, o PIB português pode cair mais de 5% em 2012. Isso poderia traduzir-se em 50% de perdas um fardo da dívida pública de 118% do PIB no ano fiscal de 2012. A dívida do seu estado eleva isto em mais 10%. Isso é pior do que a Grécia. Recorde-se um facto muito pouco conhecido, de que Portugal "massajou" o seu défice no ano passado, tomando 3,5% do PIB de fundos de pensão privados. Cidadãos de todos os países prestam muita atenção. Este roubo está em vias de ser um modo de vida para todos os banqueiros e políticos. Eles estão em vias de roubar a sua aposentadoria, esteja pronto para isso. Eis porque temos recomendado a todos os cidadãos nos EUA a retirarem todos os fundos de aposentadoria que puderem.
Em cinco meses o FMI decidirá se Portugal precisa de mais dinheiro. Naturalmente precisará de mais. Portugal não pode levantar fundos no mercado aberto a taxas razoáveis, de modo que o FMI tem de intervir com o EFSF. Como é que isto se ajustará à Espanha e à Itália? Não muito bem, imaginamos. Tudo isto significa que os possuidores de títulos daqueles destes países estarão vendedores e não compradores, o que colocará o BCE e o FMI numa situação desesperada. Os problemas da Europa têm anos de duração.
Só para mostrar como estão os bancos centrais europeus, verifica-se que devem US$650 mil milhões ao BCE. Além disso, se a Grécia tiver de deixar a zona euro no futuro ela deverá aos actores solventes do euro outros US$125 mil milhões em dívida pagável. Uma dívida que será muito pior daqui a seis meses a um ano. Isto significa que a Alemanha utilizará o próximo salvamento para dizer não, especialmente que o MEE não estará disponível para eles, ou assim diz o seu Tribunal Supremo.
Acreditamos que a Alemanha quis assumir a perda e ir embora um ano atrás, mas os banqueiros disseram não. O seu sonho de governo mundial ainda está vivo e é mais importante do que o sistema financeiro da UE. Então dizem-nos outra vez que o Mediterrâneo é um vasto depósito de gás natural. Se assim for, então talvez a Grécia esteja a ser mantida a fim de ter acesso àquele gás e estarem menos dependentes da Rússia. Como temos dito frequentemente desde o princípio da década de 1990 a UE e a zona euro estão condenadas.
A Grécia não tem possibilidade de recuperação devido aos fundos inadequados prestados. Então há os desembolsos dos CDS de uns US$3 mil milhões, os quais farão as coisas mais difíceis para outros países na mesma situação. A recapitalização dos bancos gregos é um insulto à inteligência económica. Eles precisarão o dobro dos fundos oferecidos só para alcançarem os 9% de exigências de capital. Fundos de pensão gregos serão devastados, provavelmente retendo 25% do antigo valor. Temos uma [nova] coligação governamental em 1 de Maio e isso põe em causa o futuro do acordo de salvamento que acabou de ser feito. A Grécia está em vias de ser sujeita a um corte orçamental de 20% em cima daquele já efectuado. Este acordo engendrado pelos banqueiros é o pior de todos os mundos. Provocará graves problema à UE nos próximos anos.
Há alguns meses escrevemos que há cerca de US$70 mil milhões em CDS gregos. Corte isto pela metade e as perdas seriam de US$30 a US$35 mil milhões, não os US$3 mil milhões mencionados. A questão que se levanta será a capacidade das contrapartes de pagarem. Descobriremos isso bastante logo. Haverá uns poucos vencedores e quão longe irá a carnificina? O acordo estruturado não foi de todo voluntário para os credores gregos. Foi extorsão nos moldes da Inquisição Espanhola. Isso não é modo de conduzir negócios. Veja-se então as questões sociais e a possibilidade de um golpe. E há ainda aspectos racistas a atiçar ódio. Os nortistas não gostam dos sulistas no Sul latino.
Como dissemos anteriormente Portugal caminha na mesma direcção da Grécia. Nenhum crescimento e nenhuma mudança de qualquer espécie. A Itália e a Espanha terão de ser salvas como os outros. E há ainda o negro segredo sujo de que é a França que se segue. Estes problemas vão continuar por aí além.
0 comentários:
Postar um comentário