Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:
A imprensa amanheceu hoje com manchetes garrafais sobre a cassação de Demóstenes Torres. Colunistas, secretários de redação, editorialistas, todo mundo deu pitaco. Chamou-me a atenção, contudo, a interpretação da Folha, expressa em dois textos, um de Alan Gripp, secretário-assistente de redação, outro de Janio de Freitas, colunista.
Ambos amenizam descaradamente os crimes de Demóstenes Torres, e abribuem sua cassação antes à uma espécie de vingança corporativa do Senado.
Em sua análise, Alan Gripp diz o seguinte:
O que fica é a conclusão de que este foi um caso diferente. E que o Senado não teve um arroubo ético. Parlamentares mais enrolados que ele continuarão a se salvar.
Longe de mim pretender que não haja outros bandidos no Senado brasileiro, mas a interpretação de Gripp é leviana. Torres foi cassado porque havia áudios, documentos e relatórios da Polícia Federal mostrando que Demóstenes era um despachante de luxo de Carlinhos Cachoeira. O mafioso menciona inclusive o pagamento de milhões de reais de propina para o senador. “O milhão do Demóstenes”, diz Cachoeira a um de seus secretários.
Janio de Freitas, por sua vez, tem se caracterizado por uma estranha defesa do Clube Nextel. Em sua coluna de hoje, volta a se posicionar em favor do grupo, ao amenizar as acusações contra Demóstenes.
Freitas faz uma bizarra defesa de Demóstenes, atacando inclusive o relator do seu processo de cassação. E ataca mais ainda Renan Calheiros, que não estava sendo julgado.
Diz Freitas, defendendo o senador bandido:
Não há dúvida de que no rol de acusações a Demóstenes Torres há afirmações infundadas, e não por equívoco.
(…)
Ainda assim, o relatório do senador petista Humberto Costa foi mais político do que objetivo. E com erros de informação e afirmação inadmissíveis, como Demóstenes Torres demonstrou.
Eu gostaria de saber que erros foram esses. Entretanto, mesmo que o relatório de Costa tenha erros, quem acompanhou o escândalo Cachoeira desde o início sabe que as provas de que Demóstenes era um bandido a serviço de outro bandido são fartas, múltiplas e estas sim, incontestáveis.
Inadmissível, a meu ver, é ver um jornalista probo e respeitável como Janio de Freitas defendendo um crápula nojento como Demóstenes Torres, que recebia dinheiro de Carlinhos Cachoeira, e integrava um esquema mafioso, envolvendo a Veja, a Delta e o jogo do bicho em Goiás.
Curiosas também são as asserções sobre o reflexo da cassação de Demóstenes na CPI do Cachoeira. Em editorial, O Globo diz que a cassação “pressiona a CPI do Cachoeira”, enquanto a Folha diz, com base em fontes anônimas do Congresso, que a CPI “tende a perder força”. A matéria não explica o porque, todavia. É uma asserção misteriosa.
Também senti falta, nos jornalões, de uma reflexão sobre as consequências partidárias da cassação de Demóstenes. Com a queda do senador, o DEM – e por tabela toda a oposição – sofre mais um duro golpe.
Ambos amenizam descaradamente os crimes de Demóstenes Torres, e abribuem sua cassação antes à uma espécie de vingança corporativa do Senado.
Em sua análise, Alan Gripp diz o seguinte:
O que fica é a conclusão de que este foi um caso diferente. E que o Senado não teve um arroubo ético. Parlamentares mais enrolados que ele continuarão a se salvar.
Longe de mim pretender que não haja outros bandidos no Senado brasileiro, mas a interpretação de Gripp é leviana. Torres foi cassado porque havia áudios, documentos e relatórios da Polícia Federal mostrando que Demóstenes era um despachante de luxo de Carlinhos Cachoeira. O mafioso menciona inclusive o pagamento de milhões de reais de propina para o senador. “O milhão do Demóstenes”, diz Cachoeira a um de seus secretários.
Janio de Freitas, por sua vez, tem se caracterizado por uma estranha defesa do Clube Nextel. Em sua coluna de hoje, volta a se posicionar em favor do grupo, ao amenizar as acusações contra Demóstenes.
Freitas faz uma bizarra defesa de Demóstenes, atacando inclusive o relator do seu processo de cassação. E ataca mais ainda Renan Calheiros, que não estava sendo julgado.
Diz Freitas, defendendo o senador bandido:
Não há dúvida de que no rol de acusações a Demóstenes Torres há afirmações infundadas, e não por equívoco.
(…)
Ainda assim, o relatório do senador petista Humberto Costa foi mais político do que objetivo. E com erros de informação e afirmação inadmissíveis, como Demóstenes Torres demonstrou.
Eu gostaria de saber que erros foram esses. Entretanto, mesmo que o relatório de Costa tenha erros, quem acompanhou o escândalo Cachoeira desde o início sabe que as provas de que Demóstenes era um bandido a serviço de outro bandido são fartas, múltiplas e estas sim, incontestáveis.
Inadmissível, a meu ver, é ver um jornalista probo e respeitável como Janio de Freitas defendendo um crápula nojento como Demóstenes Torres, que recebia dinheiro de Carlinhos Cachoeira, e integrava um esquema mafioso, envolvendo a Veja, a Delta e o jogo do bicho em Goiás.
Curiosas também são as asserções sobre o reflexo da cassação de Demóstenes na CPI do Cachoeira. Em editorial, O Globo diz que a cassação “pressiona a CPI do Cachoeira”, enquanto a Folha diz, com base em fontes anônimas do Congresso, que a CPI “tende a perder força”. A matéria não explica o porque, todavia. É uma asserção misteriosa.
Também senti falta, nos jornalões, de uma reflexão sobre as consequências partidárias da cassação de Demóstenes. Com a queda do senador, o DEM – e por tabela toda a oposição – sofre mais um duro golpe.
6 comentários:
Jânio de Freitas. Tristeza. Mais uma decepção.Eu fazia juízo diferente dele.
A sensação que tenho é que Jãnio de Freitas foi abduzido pelos demotucanos...e uns tantos outros, também.
E quem disse que esse tal Janio de Freitas é um jornalista probo e respeitável?
O Jânio trabalha para quem, mesmo? Não adianta posar de jornalista íntegro e imparcial de quando em quando. Quem trabalha para o PIG estará, ao abordar determinados assuntos estratégicos para os patrões, amarrado a seus ditames.
O objetivo dos assalariados do PIG/mídia golpista em geral é convencer os otários de sempre que a quadrilha do Cachoeira não existiu ou não fêz mal a ninguém. Com isso, os associados da quadrilha (Policarpos e outros) ficam em posição confortável. Como se nada tivesse acontecido. O papo é que são todos safados que faziam o jogo do "empresário de jogos" (bicheiro/ bingueiro,etc mudou de nome)e da Delta. Com milhões rolando por aí. São os maiores caras-de-pau que vi.
Afonso / SP
Muito interessante a sua análise sobre como foi o caso Demóstenes, principalmente em relação as grandes mídias. O que sei é que houve um grande envolvimento de ótimos advogados e pessoas que se importavam de algum modo com todo esse acontecimento.
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