Por Leonardo Boff
Há um provérbio popular alemão que reza: você bate no saco mas pensa no animal que carrega o saco. Ele se aplica ao PT com referência ao processo do Mensalão. Você bate nos acusados mas tem a intenção de bater no PT. A relevância espalhafatosa que o grosso da mídia está dando à questão, mostra que o grande interesse não se concentra na condenação dos acusados, mas através de sua condenação, atingir de morte o PT.
De saída quero dizer que nunca fui filiado ao PT. Interesso-me pela causa que ele representa pois a Igreja da Libertação colaborou na sua formulação e na sua realização nos meios populares. Reconheço com dor que quadros importantes da direção do partido se deixaram morder pela mosca azul do poder e cometeram irregularidades inaceitáveis. Muitos sentimo-nos decepcionados, pois depositávamos neles a esperança de que seria possível resistir às seduções inerentes ao poder. Tinham a chance de mostrar um exercício ético do poder na medida em que este poder reforçaria o poder do povo que assim se faria participativo e democrático.
Há um provérbio popular alemão que reza: você bate no saco mas pensa no animal que carrega o saco. Ele se aplica ao PT com referência ao processo do Mensalão. Você bate nos acusados mas tem a intenção de bater no PT. A relevância espalhafatosa que o grosso da mídia está dando à questão, mostra que o grande interesse não se concentra na condenação dos acusados, mas através de sua condenação, atingir de morte o PT.
De saída quero dizer que nunca fui filiado ao PT. Interesso-me pela causa que ele representa pois a Igreja da Libertação colaborou na sua formulação e na sua realização nos meios populares. Reconheço com dor que quadros importantes da direção do partido se deixaram morder pela mosca azul do poder e cometeram irregularidades inaceitáveis. Muitos sentimo-nos decepcionados, pois depositávamos neles a esperança de que seria possível resistir às seduções inerentes ao poder. Tinham a chance de mostrar um exercício ético do poder na medida em que este poder reforçaria o poder do povo que assim se faria participativo e democrático.
Lamentavelmente houve a queda. Mas ela nunca é fatal. Quem cai, sempre pode se levantar. Com a queda não caiu a causa que o PT representa: daqueles que vem da grande tribulação histórica sempre mantidos no abandono e na marginalidade. Por políticas sociais consistentes, milhões foram integrados e se fizeram sujeitos ativos. Eles estão inaugurando um novo tempo que obrigará todas as forças sociais a se reformularem e também a mudarem seus hábitos políticos.
Por que muitos resistem e tentam ferir letalmente o PT? Há muitas razões. Ressalto apenas duas decisivas.
A primeira tem a ver com uma questão de classe social. Sabidamente temos elites econômicas e intelectuais das mais atrasadas do mundo, como soia repetir Darcy Ribeiro. Estão mais interessadas em defender privilégios do que garantir direitos para todos. Elas nunca se reconciliaram com o povo. Como escreveu o historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma no Brasil 1965,14) elas negaram seus direitos, arrasaram sua vida e logo que o viram crescer, lhe negaram, pouco a pouco, a sua aprovação, conspiraram para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continuam achando que lhe pertence.
Por que muitos resistem e tentam ferir letalmente o PT? Há muitas razões. Ressalto apenas duas decisivas.
A primeira tem a ver com uma questão de classe social. Sabidamente temos elites econômicas e intelectuais das mais atrasadas do mundo, como soia repetir Darcy Ribeiro. Estão mais interessadas em defender privilégios do que garantir direitos para todos. Elas nunca se reconciliaram com o povo. Como escreveu o historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma no Brasil 1965,14) elas negaram seus direitos, arrasaram sua vida e logo que o viram crescer, lhe negaram, pouco a pouco, a sua aprovação, conspiraram para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continuam achando que lhe pertence.
Ora, o PT e Lula vem desta periferia. Chegaram democraticamente ao centro do poder. Essas elites tolerariam Lula no Planalto, apenas como serviçal, mas jamais como Presidente. Não conseguem digerir este dado inapagável. Lula Presidente representa uma virada de magnitude histórica. Essas elites perderam. E nada aprenderam. Seu tempo passou. Continuam conspirando, especialmente, através de uma mídia e de seus analistas, amargurados por sucessivas derrotas como se nota nestes dias, a propósito de uma entrevista montada deVeja contra Lula. Estes grupos sepropõem apear o PT do poder e liquidar com seus líderes.
A segunda razão está em seu arraigado conservadorismo. Não quererem mudar, nem se ajustar ao novo tempo. Internalizaram a dialética do senhor e do servo. Saudosistas, preferem se alinhar de forma agregada e subalterna, como servos, ao senhor que hegemoniza a atual fase planetária: os USA e seus aliados, hoje todos em crise de degeneração. Difamaram a coragem de um Presidente que mostrou a autoestima e a autonomia do país, decisivo para o futuro ecológico e econômico do mundo, orgulhoso de seu ensaio civilizatório racialmente ecumênico e pacífico. Querem um Brasil menor do que eles para continuarem a ter vantagens.
Por fim, temos esperança. Segundo Ignace Sachs, o Brasil, na esteira das políticas republicanas inauguradas pelo do PT e que devem ser ainda aprofundadas, pode ser a Terra da Boa Esperança, quer dizer, uma pequena antecipação do que poderá ser a Terra revitalizada, baixada da cruz e ressuscitada. Muitos jovens empresários, com outra cabeça, não se deixam mais iludir pela macroeconomia neoliberal globalizada. Procuram seguir o novo caminho aberto pelo PT e pelos aliados de causa. Querem produzir autonomamente para o mercado interno, abastecendo os milhões de brasileiros que buscam um consumo necessário, suficiente e responsável e assim poderem viver um desafogo com dignidade e decência. Essa utopia mínima é factível. O PT se esforça por realizá-la. Essa causa não pode ser perdida em razão da férrea resistência de opositores superados porque é sagrada demais pelo tanto de suor e de sangue que custou.
A segunda razão está em seu arraigado conservadorismo. Não quererem mudar, nem se ajustar ao novo tempo. Internalizaram a dialética do senhor e do servo. Saudosistas, preferem se alinhar de forma agregada e subalterna, como servos, ao senhor que hegemoniza a atual fase planetária: os USA e seus aliados, hoje todos em crise de degeneração. Difamaram a coragem de um Presidente que mostrou a autoestima e a autonomia do país, decisivo para o futuro ecológico e econômico do mundo, orgulhoso de seu ensaio civilizatório racialmente ecumênico e pacífico. Querem um Brasil menor do que eles para continuarem a ter vantagens.
Por fim, temos esperança. Segundo Ignace Sachs, o Brasil, na esteira das políticas republicanas inauguradas pelo do PT e que devem ser ainda aprofundadas, pode ser a Terra da Boa Esperança, quer dizer, uma pequena antecipação do que poderá ser a Terra revitalizada, baixada da cruz e ressuscitada. Muitos jovens empresários, com outra cabeça, não se deixam mais iludir pela macroeconomia neoliberal globalizada. Procuram seguir o novo caminho aberto pelo PT e pelos aliados de causa. Querem produzir autonomamente para o mercado interno, abastecendo os milhões de brasileiros que buscam um consumo necessário, suficiente e responsável e assim poderem viver um desafogo com dignidade e decência. Essa utopia mínima é factível. O PT se esforça por realizá-la. Essa causa não pode ser perdida em razão da férrea resistência de opositores superados porque é sagrada demais pelo tanto de suor e de sangue que custou.
3 comentários:
Em que pese todo o meu respeito pela pessoa que representa o Frei Leonardo Boff, mas verifica-se que cometeu o erro do simplismo ao tentar simplificar em Lutas de classe e Conservadorismo de Elites Dominantes a extraordinária e crescente aversão ao mercatilismo de baldroca político e à vergonhosa forjicação da política em nome de uma ética (que nunca se teve) por parte de um partido que, se a princípio nasceu da periferia, com vocação a tábua de salvação dos menos providos da sorte por empenhado discurso de ética e integridade, bem cedo se viu na mesma bancarrota da politicagem partidária, que uma vez reconhecida pelos verdadeiramente éticos do partido, os obrigava a abandoná-lo por malogro das suas aspirações mais virtuosas.
Caráter não se vende, não se compra, não se relativiza.
Deixo aqui algumas perguntas de quem nunca foi simpatizante de nenhum partido; perguntas de quem é radicalmente contra o radicalismo (seja político, religioso, social, científico ou filosófico):
1) Você REALMENTE acredita que Lula não sabia de nada?
2) Você REALMENTE acredita na integridade do Lula?
3) Você REALMENTE acredita que Lula não se corrompeu?
4) Porque as REALMENTE boas lideranças do PT foram alijadas do partido (por vontade própria ou contra ela)? (Erundina, Luiza Helena, Marina Silva e tantas outras)
5) Como pode um partido viver à sombra de um Deus-Homem a quem REALMENTE tudo se desculpa por estar colocado acima do bem e do mal?
6) A quem REALMENTE aproveita a (des)qualificação da crescente aversão do Brasileiro à politicagem há muito praticada por todos os partidos como mero ataque ao PT por “questão de lutas de classe ou conservadorismo da elite dominante”?
Segue sugestão de Leitura importante sobre Caráter e Corrupção:
http://amilcarfaria.blogspot.com.br/2012/09/carater-e-corrupcao-quase-todos-os.html
Parafraseando o poeta Fernando Pessoa, quando disse que “só por ouvir passar o vento vale a pena ter nascido”, diria que só o fato de Lula e Nestor Kirchner terem abortado a ALCA, seus governos já valeram a pena, pois cumpriram uma missão civilizatória histórica na construção da soberania, do desenvolvimento e da integração sulamericana. Se o caminho tivesse sido outro, com a eventual implantação da ALCA, somado à crise econômico-financeira eclodida em 2008, hoje seríamos uma nação moribunda e muito certamente a nossa capacidade de resistência soberana e de auto-determinação tivessem ido irreversivelmente para o ralo exploratório e colonizador do império do Norte. Parabéns ao Leonardo Boff, pela lucidez e sensibilidade, e por não se render ao discurso fácil propagado pela mídia aristocrática dominante, resgatando dimensões fundamentais da vida democrática e republicana brasileira, avaliando os tropeços conjunturais da esquerda, mas elucidando o que está em jogo, os avanços e desafios para seguirmos na utopia de um país justo, soberano e sustentável.
Caro Amílcar, simplista e mesmo simplório, é sua linha de raciocínio. A política partidária é o espaço de disputa pelo poder, pelo Estado. Sendo assim, para algumas pessoas como você, a política não é feita por santos. Na democracia se exige compor maiorias e coalizões para que se possa fazer (desde que se tenha vontade política), algumas transformações, seja para as elites seja para as classes mais baixas. Lula não é santo, tampouco o PT é um grupo de seminaristas, porém mudaram o Brasil a um custo alto, o que não justifica o desvio de alguns, mas não se pode acusar uma liderança mundialmente reconhecida de forma tão fútil como você faz.
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