Lula detona ACM Neto, o grampinho

Por Altamiro Borges

Na sexta-feira passada (14), na simbólica Praça Castro Alves, o ex-presidente Lula voltou a espinafrar o “grampinho” ACM Neto, como já fizera nas eleições para o governo da Bahia em 2006. Num discurso de apenas 16 minutos, ele não poupou o demo, agora candidato à prefeitura da capital. Sem citar nomes, Lula lembrou que ACM Neto já chegou a ameaça-lo com “uma surra”. “Se esse cidadão teve a coragem de dizer que queria bater no presidente da República, advinha o que ela vai fazer com o camelô aqui em Salvador”.

O ato em apoio à candidatura de Nelson Pelegrino (PT), que atraiu milhares de pessoas, teve forte repercussão no final de semana. Em 2006, o comício no Farol da Barra foi considerado decisivo para a virada e a vitória de Jaques Wagner, até então em segundo lugar nas pesquisas. Para as eleições de outubro, o demo continua na dianteira, mas o Ibope já registrou a queda na distância entre ACM Neto, que perdeu um ponto e aparece com 39%, e candidato petista, que subiu onze pontos e surge com 27% das intenções de voto.

O racismo dos demos

A própria mídia demotucana, que dava como certa a vitória do demo no primeiro turno, já mudou seu tom eufórico. “A participação de Lula é vista como chave pela campanha petista, um dia após pesquisa Ibope indicar possível segundo turno, cenário até então distante. A mudança de cenário se deu, de acordo com análises internas das campanhas, à ofensiva do PT no rádio e na televisão contra o DEM, acusado de se opor às cotas raciais nas universidades públicas”, relata a Folha.

A capital baiana tem a maior população negra do país, com 743,7 mil pessoas que se declaram afrodescendentes segundo o Censo do IBGE. Na propaganda de rádio e TV, um estudante lembra que o DEM sempre foi contra as cotas raciais nas universidades e afirma: “Você tem 80% da população negra. Ser contra as cotas é praticamente ser contra a cidade”. O pior é que ACM Neto resolveu “trair” a posição oficial e pública do seu partido e agora se diz favorável às cotas. Mas o eleitor soteropolitano parece que não caiu na mentira!