Por Altamiro Borges
A gestão de Kassab realmente é um desastre. Como mentor e líder
do recém-criado PSD, o ex-demo se mostrou eficiente – sabe-se lá com que
métodos e recursos. Já como prefeito, ele fez uma administração medíocre e
excludente. O mesmo Datafolha revela que 42% dos paulistanos consideram sua
gestão ruim ou péssima. A rejeição de Serra, porém, supera a reprovação de
Kassab. Mesmo com prefeitos mal avaliados, outros candidatos situacionistas pelo
país afora conseguiram vencer as eleições já no primeiro turno.
Autoritário, oportunista e ambicioso
Na última pesquisa Datafolha, divulgada na quarta-feira, a
taxa de rejeição de José Serra voltou a disparar: subiu de 46%, em setembro,
para 52%. Isto significa que mais da metade do eleitorado paulistano afirma que
“não votaria de jeito nenhum” no candidato do PSDB. Diante destes números,
parte da mídia decidiu culpar exclusivamente o atual prefeito da capital, Gilberto
Kassab, pelas dificuldades da campanha de Serra. Esta explicação, porém, é
unilateral. É como se a mídia serrista ainda tentasse salvar a imagem do odiado
tucano.
Além do efeito Kassab, portanto, é necessário acrescentar
outros elementos para explicar o infortúnio do tucano. De cara, o
próprio Serra é um obstáculo. Ele é visto como um político arrogante,
autoritário e ambicioso. Nos últimos anos, o eterno candidato já disputou cinco
eleições – para prefeito, governador e presidente. Na sua ânsia pelo
poder, ele rasgou um documento em que prometia não abandonar a prefeitura de
São Paulo, entregou o cargo para a sua criatura, Gilberto Kassab, e traiu os seus
eleitores.
Outro fator que ajuda a entender suas dificuldades é
a própria situação do PSDB, partido que hegemoniza o estado há quase 20 anos. O
próprio FHC, num lapso de sinceridade, reconheceu recentemente que há uma “fadiga
de material” e que o eleitorado mostra-se cansado das gestões tucanas. Não é
para menos que a sigla corre o risco de perder várias prefeituras no estado – e
não apenas a da capital paulista. O PSDB é um partido envelhecido, cupulista e
em frangalhos. As bicadas tucanas são cada vez mais sangrentas!
O vampiro ainda não foi enterrado
O ambicioso e truculento José Serra contribui para afundar
ainda mais a sigla. O PSDB até tentou se renovar com a realização de prévias para
definir seu candidato à prefeitura paulistana. Ele abortou a consulta interna,
humilhou os quatro pré-candidatos e causou revolta numa parte da militância
tucana. Além disso, Serra expressa hoje posições ultraconservadoras, de
extrema-direita. Alia-se a notórios fascistóides, como o “pastor” Silas
Malafaia, e abraça bandeiras preconceituosas, como a do estimulo ao ódio
homofóbico.
Este e outros fatores – e não apenas a reprovação da péssima
gestão de Kassab – ajudam a explicar as dificuldades da sua campanha. Uma
coisa, porém, é certa. Serra não desiste e nem vacila na utilização dos métodos
mais sujos e rasteiros. Nesse sentido, é bom não subestimá-lo. As pesquisas
indicam que o eterno candidato do PSDB deverá ser derrotado em 28 de outubro.
Mas as pesquisas nunca ganharam eleição e já causaram várias surpresas
negativas. O vampiro ainda não foi enterrado!
2 comentários:
Eu acredito que a rejeição seja ao psdb. Tenho curiosidade em saber qual a rejeição ao impostor maior fhc.Não é a toa que cada vez que o tartufo moribundo aparece os candidatos caem nas pesquisas.
Todo cuidado eh pouco
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