Por Bia Barbosa, no sítio Carta Maior:
A fala inicial de abertura do encontro coube a Paulo de Tarso, do jornal O Estado de S. Paulo, representando o Comitê Anfitrião, formado, além do Estadão, pelo Correio Popular, Folha de S. Paulo, Editora Abril, A Tribuna, Zero Hora, O Globo, Diários Associados, Gazeta do Povo e O Popular. Falou pouco porque, como afirmou, “os discursos, como as saias, devem ser bem curtos”. E passou a palavra à primeira palestrante da primeira mesa: a atriz Regina Duarte.
O seminário tinha como tema “liberdade de imprensa e direito à privacidade”. Mas antes de criticar os “sequestradores sorrateiros da imagem alheia”, que sobrevivem “às custas da sua privacidade”, Regina Duarte falou de sua posição e apoio incondicional à mais plena liberdade de imprensa, para ela um “valor inegociável”.
“Se aceitarmos uma única forma de restrição à liberdade estaremos abrindo brecha para um atalho tortuoso e escuro onde a censura saberá muito bem como se instalar”, afirmou.
A atriz citou então Roberto Civita, fundador da Editora Abril, que publica a revista Veja, para defender a imprensa livre: “Os tiranos não conseguem sobreviver sem amordaçar a imprensa livre e os primeiros meios a serem censurados são da imprensa independente”. Lembrou do ministro do Supremo Tribunal Federal, Ayres Brito, que afirmou que “democracia e liberdade de imprensa são irmãs siamesas”, e resgatou a frase do britânico Wilston Churchill - “A democracia é o pior regime, excetuando-se todos os outros”, para concluir que a liberdade de imprensa pode ter imperfeições e causar problemas, mas é fundamental.
Durante a campanha eleitoral de 2002, Regina Duarte teve destaque no noticiário nacional ao dizer que “tinha medo” da eleição de Lula para a Presidência da República. A atriz não relacionou o episódio ao afirmar que foi perseguida pela imprensa em algumas ocasiões.
“Quando a imprensa se torna ideológica demais, quando se sente no direito de patrulhar meu pensamento, julgando de forma parcial o que eu disse para chamar a atenção, retirando frases do contexto, esta fala perde o sentido e ganha o sentido que o editor deseja. Claro que isso machuca e, quando se sente machucada, se pensa em defesa e em algum tipo de controle”, explicou.
Explicitou, então, que, na sua avaliação, somente duas forças poderiam controlar a imprensa: ela própria, através da autorregulação, e o leitor, ouvinte e internauta, “devidamente equipado, com educação qualificada, livre arbítrio e controle remoto”. Dando como certo o cenário de educação qualificada e livre arbítrio no conjunto da população, Regina Duarte defendeu então o controle remoto. “A presidente Dilma Rousseff já afirmou isso, que o melhor controle que a mídia pode ter é o controle remoto. Eu concordo. Não sei o que seria do nosso país, em tempos de incômoda maioria silenciosa, se não tivéssemos uma imprensa sagaz, atenta e preocupada com a busca da verdade”, analisou.
Neste sábado, durante outro debate na Assembléia da SIP, a ex-presidente da Associação Nacional de Jornais, Judith Brito – que em 2010 afirmou que, na falta de uma oposição partidária competente no país, caberia à imprensa fazer oposição ao governo federal –, concordou com Regina Duarte.
“Como disse Regina Duarte, algumas coisas são inegociáveis. E não há democracia sem imprensa livre. Estamos vendo isso no Brasil na questão do mensalão. Foi a mídia impressa que fez as investigações que estão mudando a cara do país. Teríamos outros candidatos nessas eleições não tivéssemos tido matérias e investigações no país. Então nós mudamos o fluxo da história”, celebrou.
Cobertura orquestrada
A fala de Regina Duarte ganhou destaque nos jornais brasileiros – associados à SIP – neste sábado. Também sem coincidências, todos destacaram sua defesa da absoluta liberdade de imprensa ao lado de uma frase da advogada Taís Gasparian, frequente defensora dos grupos de comunicação nos tribunais, que participou do primeiro painel desta sexta: a de que qualquer violação da privacidade por parte da imprensa deve deve ser questionada posteriormente à publicação, e não impedida previamente na forma de censura.
Disse a Folha de S. Paulo: “Evento de imprensa questiona excessos, mas recusa censura”. No Estadão: “Para SIP, privacidade não justifica censura prévia”. Em O Globo: “No 1º debate da Assembleia da SIP, combate à censura é consenso”.
Neste domingo (14), começam as apresentações dos relatórios individuais sobre os países na Assembleia da SIP. A relação direta entre censura e iniciativas de regulação da mídia adotada por alguns países, que deve aparecer em diversos relatórios, também não será uma coincidência.
Na segunda-feira (15), são esperadas as presenças do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do governador do estado, Geraldo Alckmin, e da Presidenta Dilma Rousseff.
Disse a Folha de S. Paulo: “Evento de imprensa questiona excessos, mas recusa censura”. No Estadão: “Para SIP, privacidade não justifica censura prévia”. Em O Globo: “No 1º debate da Assembleia da SIP, combate à censura é consenso”.
Neste domingo (14), começam as apresentações dos relatórios individuais sobre os países na Assembleia da SIP. A relação direta entre censura e iniciativas de regulação da mídia adotada por alguns países, que deve aparecer em diversos relatórios, também não será uma coincidência.
Na segunda-feira (15), são esperadas as presenças do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do governador do estado, Geraldo Alckmin, e da Presidenta Dilma Rousseff.
2 comentários:
Pôxa, Miro, há um mundo de subentendidos de má fé nessa fala da Regina Duarte e você deixa por isso mesmo?
A maioria? "silenciosa"? a que ela se refere, poderia ser representada pelo movimento Cansei. dá para encher uma kombi.
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