Por Altamiro Borges
Yoani Sánchez foi a Brasília a convite da bancada do PSDB,
que tentou aproveitar a sua visita para criticar a política externa do governo
Dilma – que prega a integração da América Latina e rechaça o bloqueio dos EUA a
Cuba. As passagens foram pagas pela Câmara dos Deputados, num gasto de
dinheiro público que mereceria questionamento. Além disso, os defensores da
dissidente cubana ainda tumultuaram uma sessão ordinária do parlamento
brasileiro, o que gerou protestos de deputados que não são pautados pela mídia.
Para os que trataram Yoani Sánchez como uma “corajosa blogueira
na luta pela liberdade de expressão”, as cenas da sua visita ontem à Câmara
Federal foram constrangedoras. Ela se reuniu com a nata da direita nativa, com parlamentares
que são inimigos declarados da revolução cubana e adoradores do império
estadunidense. Um dos seus cicerones foi o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ),
famoso por defender o golpe de 1964, as torturas da ditadura militar, a
homofobia e outras teses fascistóides.
“Essa Casa não deve repetir atitudes como esta”, criticou ao
microfone a deputada Érika Kokay (PT-DF). Ela foi aparteada, aos berros, por
Jair Bolsonaro, que sugeriu que ela fosse residir em Cuba. “Torturador”,
retrucou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP). Na saída da Câmara, nova confusão
que quase resultou em agressão física. O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG)
tentou impedir um legítimo protesto contra a “mercenária cubana”,
arrancando os cartazes dos manifestantes. Ele foi contido por seguranças.
O deputado Mendonça Filho (DEM-PE) também ficou irritado com os protestos. Segundo o portal G1, “incomodado com a
manifestação promovida por cerca de cinco jovens na porta de entrada de um dos
prédios anexos da Câmara dos Deputados, o parlamentar arrancou cartazes,
bandeiras e reproduções de notas de dólares erguidas pelos simpatizantes do
regime dos irmãos Fidel e Raúl Castro”. O demo alegou que defendia a “liberdade
de expressão”. Risível para um parlamentar do partido oriundo da ditadura!
Outra cena curiosa, registrada pelo jornalista Gerson
Camarotti, da insuspeita Rede Globo, foi o encontro de Yoani com Aécio Neves, o
cambaleante presidenciável tucano. “Ela pediu que ele monitore a situação da
restrição da liberdade em Cuba permanentemente... Aécio foi apresentado a Yoani
como candidato de oposição à Presidência da República nas eleições de 2014. Ao
saber disso, a cubana foi direta. ‘Não nos deixe sós em Cuba. Muitas vezes nos
sentimos abandonados lá’, disse Yoani”.
7 comentários:
Vamos combinar: é muito cartaz para alguém tão insignificante. Quequé isso? Nosso País tem mais o que fazer ao invés de ficar dando tanto destaque para essa agente americana!
… Não transformemos uma reles mercenária numa ícone da DIREITONA!… Eu já não suporto mais ouvir falar neste [pretenso] ‘símbolo da desfaçatez pós-moderna de araque’!…
… Vade retro Satanás!…
… República da [eterna] OPOSIÇÃO AO BRASIL… Traidora, indecorosa, despudorada, fascista, aloprada, alienada, histriônica, impunemente terrorista, MENTEcapta, néscia, golpista de meia-tigela, antinacionalista, corrupta… ‘O cheiro dos cavalos ao do povo!’ (“elite estúpida que despreza as próprias ignorâncias”, lembrando o enunciado lapidar do eminente escritor uruguaio Eduardo Galeano)
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo
Bolsonaro pode até ser um ditador em potencial. Mas vc e pessoas que compartilham do mesmo ponto de vista seu ja o é em ato.
muita hipocrisia no texto.
Como boa mercenária este "não nos deixe só" só pode significar: "depois eu mando o numero da minha conta corrente tá"!
Adorei a charge e a postagem.
Altamiro, esses caras estão no papel deles, afinal foram eleitos para isso mesmo.
No caso, o problema é esse bando de babacas que vota nesses políticos que interpretam esse papel de raivosos.
A questão é que quanto mais reclamamos, mais "damos palanque" a eles. Se nos fizermos de surdos, creio que voltarão para a sua insignificância.
A sociedade cubana é uma sociedade de classes, possui uma elite exatamente similar a uma elite burguesa, pratica a transição hereditária e parental de poder, como ocorria na Idade Média. O poder está na mão de uma família e dos seus amiguinhos, que mantém o povo cubano na alienação para poder dominar. Nenhum pensamento crítico é permitido, nenhum questionamento, nenhuma manifestação de trabalhadores, nenhuma greve. As desculpas esfarrapadas para justificar os erros que se inventam são imensas.
Em Cuba acontece exatamente o que Trostky denunciou na União Soviética, a mesma coisa.
Os bens de Cuba foram confiscados pelo governo. O governo é propriedade do Partido e o Partido é propriedade privada dos irmãos Castro. Somente uma elite restrita tem acesso ao poder em Cuba. Os castristas substituíram os burgueses como classe dominante, se tornaram a nova elite, praticam o nepotismo, proibem greves e manifestações que aprofundem o socialismo e o transformem em um verdadeiro comunismo.
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