AFP / Atta Kenare |
Embora distante geograficamente do Brasil e com cultura, tradições, sistema político e alianças globais distintas, as eleições presidenciais iranianas da próxima sexta-feira (14) não são desprovidas de interesse para nosso país. São duas nações emergentes, que foram parceiras, durante o segundo mandato do ex-presidente Lula, na iniciativa para solucionar a questão nuclear sem sanções à nação persa.
Para além disso, o Irã ocupa temporariamente desde o ano passado até 2015, a presidência do Movimento dos Países Não Alinhados, uma importante organização global de países emergentes, que joga papel na definição dos rumos da lua pela reforma do Conselho de Segurança da ONU.
Seis candidatos disputam a Presidência da República Islâmica do Irã. São eles Ali Akbar Velayati, ex-chanceler; Said Yalili, atual secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional; Mohamad Baqer Qalibaf, prefeito da capital Teerã; Mohamad Qarazi, ex-ministro de Telecomunicações; Mohsen Rezai, secretário do Conselho do Discernimiento do Sistema; e Hasan Rohani, diretor do Centro de Estudos Estratégicos do Conselho do Discernimento do Sistema. O mandato presidencial é de quatro anos, passível de uma única reeleição. O eleitorado, de quase 50,5 milhões de iranianos, está sendo mobilizado em reuniões e comícios e sendo convocado a exercer seu direito na próxima sexta. As mulheres, assim como os jovens acima de 18 anos, têm direito ao voto.
Todos os candidatos são identificados com os princípios da Revolução Islâmica e estão empenhados na defesa da soberania nacional ameaçada pelos planos dos imperialistas estadunidenses e sionistas israelenses. São figuras reconhecidas publicamente, já ocuparam ou ocupam cargos de relevância no Estado persa e se consideram seguidores do líder supremo, Ali Kamenei. Até o dia do pleito, não estão excluídas desistências, a fim de facilitar uma votação consagradora naquele que o sistema político iraniano considere o mais credenciado para ocupar as funções de chefe de Estado.
São esperados 421 correspondentes dos meios de comunicação de todo o mundo, mas o país rejeita a presença de supervisores internacionais por considerar o sistema eleitoral transparente e democrático.
As eleições iranianas não devem ser observadas pelo olhar estrangeiro a partir de estereótipos e esquemas pré-estabelecidos que artificialmente contrastam o sistema político do país persa com a chamada democracia ocidental. Inevitavelmente, esta visão resvala para a aceitação passiva das provocações dos Estados Unidos e Israel, que servem de base para a imposição de injustas sanções e ameaças de agressão militar.
Do ponto de vista político, é preciso encarar o êxito ou o fracasso do processo eleitoral iraniano a partir do grau de participação popular, que tudo indica será maciça. É a arma política com que o país conta para fazer frente às tentativas de desestabilização, a base para evoluir democraticamente e incorporar novas forças políticas anti-imperialistas ao sistema político, nomeadamente o partido comunista ainda na ilegalidade. A democratização do pais, a partir de uma participação maciça no pleito presidencial é uma garantia para fortalecer a soberania nacional, fomentar o desenvolvimento econômico e o progresso social.
Há que ter presente que o Irã é um país sob o cerco de potências imperialistas, vítima de pressões e sanções e sob ameaça de ataque militar. Realizar uma eleição presidencial com êxito numa tal conjuntura contribui para unir o povo para fazer face, com força política, às ameaças externas.
O presidente a ser eleito no próximo domingo tem grandes desafios a enfrentar. Entre eles, a superação dos problemas econômicos a partir das sanções externas, a criação de um ambiente regional e internacional de paz e cooperação, o encaminhamento do programa nuclear com fins pacíficos e a solução dos problemas sociais.
A instabilidade política na região do Oriente Médio e do Golfo Pérsico, as tensões políticas internas no Irã e uma política de enfrentamento à República fundada com a Revolução de 1979 favorecem apenas os planos do imperialismo estadunidense e dos sionistas israelenses, em seu afã de domínio geopolítico e saque das riquezas dos povos, principalmente os recursos energéticos.
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