quinta-feira, 13 de junho de 2013

A baderna é da polícia!

Imagem TV Record
Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:

Qual o nome para o que a Polícia Militar fez em São Paulo durante mais uma manifestação contra o aumento das passagens de ônibus e metrô? Proibiu carros de som e megafones nas ruas, agrediu jornalistas e fotógrafos, encurralou manifestantes, atirou bombas a esmo, pisoteou a Democracia.

Desacostumado com manifestações públicas, o brasileiro aceitou a versão da velha mídia, após os atos da semana passada, que classificou os manifestantes como simples “baderneiros”?


Dessa vez, quem tentou impedir uma manifestação pacífica em São Paulo? Como se pode nomear as cenas protagonizadas pela polícia (e devidamente registradas e espalhadas em tempo real pelas redes sociais)? Baderna ou barbárie?

A polícia tentou cercear o direito à manifestação. Atacou a liberdade de expressão. Isso se chama “subversão”. Sim, a PM paulista subverteu a ordem democrática.

A Polícia Militar foi baderneira e subversiva!

E pra completar: manifestantes foram presos com base numa lei que trata ativistas sociais como “quadrilheiros”. O mais chocante: o PT e outros partidos de esquerda, as centrais sindicais mais representativas e os movimentos sociais importantes estão ignorando a garotada que foi pra rua enfrentar a barbárie. É preciso dizer: não aceitamos que o governador de São Paulo trate manifestantes como “quadrilha”. Movimento social não é quadrilha. O próximo passo, disse-me há pouco o colega blogueiro Renato Rovai, é tratar movimento social como “terrorismo”.

Aliás, acompanhe cobertura ao vivo da Revista Fórum, sob coordenação do Rovai.

Alckmin tenta se cacifar junto a conservadorismo paulista. Ele sabe bem o que está fazendo. É chocante ouvir por aí – na classe média supostamente bem educada – que “essa gente tem é que levar borachada”. É a base alckmista. Mas o mais chocante é perceber que o petismo e as bases lulistas ficam sem saber o que dizer. Talvez à espera do sinal dos “líderes”, à espera dos cálculos que submetem tudo, absolutamente tudo, à lógica eleitoral.

Humildemente, lembro que há questões inegociáveis. E uma delas é o direito à manifestação. Ah, mas esses atos são convocados por “radicalóides” do PSTU e do PSOL! Então, façamos com que sejam mais do que isso, mais amplos. Ah, mas há provocadores que vão pra rua depredar e atirar pedras! Ora, desde que o mundo é mundo, isso é assim. Não há manifestação com mais de 2 mil ou 3 mil pessoas em que não surja gente disposta apenas a tumultuar.

Mas volto a insistir. Manifestação não é baderna, nunca foi e nunca será. Baderna, isso sim, é polícia que dá tiro em manifestante ajoelhado, baderna é governador usar a cavalaria na avenida Paulista, baderna é partido de esquerda (ou, ao menos, com bases de esquerda) submeter-se à lógica eleitoral e não vir a público denunciar o fascismo social que se tenta implantar em São Paulo.

Isso tudo, sim, é baderna pura! É um Pinheirinho no centro de São Paulo. Um Pinheirinho na avenida Paulista.

Há erros na ação dos manifestantes? Parece que sim. Mas há um mérito inequívoco na atitude deles: retirar da letargia jovens que, na última década, foram acostumados com a idéia de que nenhuma ação coletiva faz sentido.

2 comentários:

Juliana Ruiz disse...

Perfeito! Fico me perguntando se algum dia chegaremos a assistir a uma ação minimamente inteligente da polícia?
Mas, com certeza, a polícia cumpriu ordens, à risca, do sr. governador contra os milhares de manifestantes que foram às ruas, que ele reduz a "vândalos" e "baderneiros".

Anônimo disse...

É democracia? Eleger representante que gasta o dinheiro público em nome do bem estar de todos em equipamentos para a prática de ações de violência.
É amizade? Quando o amigo defende a ação truculenta que o vitimou numa manifestação em prol de todos.
É trabalho digno? Falar pra mãe, irmãos, esposa, filhos, que vai trabalhar jogando bombas, dando tiro, espancando pessoas indefesas. Depois todos tão orgulhosos apontarem com carinho para este digno trabalhador.
A luz da constituição, se reconhece e se submete a soberania popular e, depois se eleito nega a esta população o exercício democrático da manifestação contrária, através de repressão violenta.
Sempre é hora de rever tudo, políticos, partidos, amigos, policiais como profissionais dignos. Até mesmo a constituição a começar por soberania popular numa democracia, num estado de direito, na redução de desigualdades, na construção de uma sociedade democrática com justiça e solidária.