Por Dr. Rosinha, no blog Viomundo:
No texto (Viomundo) “Carla Hirt: Baleada, agredida e acusada de formar quadrilha”, assinado pelo Azenha, registra-se que O Globo de 25/07/2013 traz a manchete: “Agente da Abin e mulher foram presos participando de quebra-quebra”. A partir daí, passa a contar a sua versão, sem dar oportunidade de defesa aos acusados ou de apresentar outra história que não a inventada pelo jornal.
Infelizmente esse comportamento de O Globo não é isolado, faz parte do cotidiano da maioria dos jornais, pasquins e jornalecos por esse nosso Brasil a fora. Também é comportamento de parte das rádios e TVs, principalmente se o cidadão ou a cidadão foi preso ou presa. Se for pobre, pior.
Recentemente, assombrou o país o caso dos quatro jovens torturados aqui no Paraná. Foram submetidos às mais violentas torturas para confessar que haviam cometido estupro coletivo seguido de homicídio. Era a polícia incompetente querendo provar competência e agilidade na suposta solução de mais um ato de violência contra a mulher (estupro seguido de homicídio).
Mas como os jovens presos são pobres, além da tortura física, sexual e psicológica a que foram submetidos nas delegacias, também houve “tortura midiática”. Os meios de comunicação acusaram e ao mesmo tempo, sem nenhuma investigação, condenaram esses jovens.
Por esta condenação midiática, semana passada (23/7) dei entrada de um pedido de providências junto ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Ministério Público (MP) do Paraná. O pedido solicita que os dois órgãos investiguem a cobertura feita por veículos de comunicação acerca do assassinato da adolescente Tayná Adriane da Silva, 14, ocorrido no fim de junho, em Colombo, região metropolitana de Curitiba.
No dia 28/6, a Polícia Civil do Paraná apresentou à imprensa quatro homens presos pelo crime, com a seguinte chamada: “Policiais do Alto Maracanã prendem quarteto que violentou e matou garota de 14 anos”. A manchete vinha acompanhada de fotos em alta resolução, que seriam imediatamente reproduzidas por inúmeros veículos de comunicação em todo o país. “Os criminosos chegaram a vestir a menina novamente após violentá-la e matá-la”, prosseguia o texto, que em nenhum momento citava a condição de suspeitos dos presos.
Em minha representação, observo que a superexposição dos acusados e a antecipação de um juízo de culpabilidade feriram o princípio da dignidade humana e os direitos fundamentais à presunção de inocência, à honra, à imagem, à integridade física e moral.
Defendo que tanto os torturadores quanto os veículos de mídia precisam ter suas condutas investigadas. Peço a investigação da RPC-TV (afiliada da Rede Globo), a TV Globo, a TV Colombo, a TV Band Curitiba, a RIC TV (afiliada da Rede Record), a Rede Massa (afiliada do SBT), a Rede Record e o jornal “Tribuna do Paraná”, que na chamada de capa chama-os de “perversos e covardes” (http://drrosinha.com.br/dr-rosinha-denuncia-cobertura-da-midia-sobre-o-caso-tayna-ao-ministerio-publico/).
Remeto ao Ministério Público Estadual e Federal vídeos coletados em que os quatro acusados são classificados como “bandidos”, “vagabundos”, “indivíduos da mais alta periculosidade”, “monstros”, “seres malignos”, “psicopatas criminosos”, “malditos”, “com sangue ruim”, entre outros adjetivos.
Além de acusar, julgar e condenar os rapazes, alguns veículos de comunicação levantaram ainda uma discussão sobre a pena que deveria ser aplicada aos acusados, incitando contra eles o ódio da população. Cito como exemplo o apresentador Paulo Roberto Galo, da Rede Massa, no programa televisivo “Tribuna da Massa” que chega a perguntar a seus telespectadores o que deveria ser feito com “esses caras”. E sugere: “Corta? Capa? Mata? Pena de morte?”.
Uma inocente foi assassinada e quatro homens foram torturados pela polícia e pela mídia, pois o tratamento dado a eles foi para marcá-los para sempre.
* Dr. Rosinha é médico pediatra, deputado federal (PT-PR) e presidente da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados.
No texto (Viomundo) “Carla Hirt: Baleada, agredida e acusada de formar quadrilha”, assinado pelo Azenha, registra-se que O Globo de 25/07/2013 traz a manchete: “Agente da Abin e mulher foram presos participando de quebra-quebra”. A partir daí, passa a contar a sua versão, sem dar oportunidade de defesa aos acusados ou de apresentar outra história que não a inventada pelo jornal.
Infelizmente esse comportamento de O Globo não é isolado, faz parte do cotidiano da maioria dos jornais, pasquins e jornalecos por esse nosso Brasil a fora. Também é comportamento de parte das rádios e TVs, principalmente se o cidadão ou a cidadão foi preso ou presa. Se for pobre, pior.
Recentemente, assombrou o país o caso dos quatro jovens torturados aqui no Paraná. Foram submetidos às mais violentas torturas para confessar que haviam cometido estupro coletivo seguido de homicídio. Era a polícia incompetente querendo provar competência e agilidade na suposta solução de mais um ato de violência contra a mulher (estupro seguido de homicídio).
Mas como os jovens presos são pobres, além da tortura física, sexual e psicológica a que foram submetidos nas delegacias, também houve “tortura midiática”. Os meios de comunicação acusaram e ao mesmo tempo, sem nenhuma investigação, condenaram esses jovens.
Por esta condenação midiática, semana passada (23/7) dei entrada de um pedido de providências junto ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Ministério Público (MP) do Paraná. O pedido solicita que os dois órgãos investiguem a cobertura feita por veículos de comunicação acerca do assassinato da adolescente Tayná Adriane da Silva, 14, ocorrido no fim de junho, em Colombo, região metropolitana de Curitiba.
No dia 28/6, a Polícia Civil do Paraná apresentou à imprensa quatro homens presos pelo crime, com a seguinte chamada: “Policiais do Alto Maracanã prendem quarteto que violentou e matou garota de 14 anos”. A manchete vinha acompanhada de fotos em alta resolução, que seriam imediatamente reproduzidas por inúmeros veículos de comunicação em todo o país. “Os criminosos chegaram a vestir a menina novamente após violentá-la e matá-la”, prosseguia o texto, que em nenhum momento citava a condição de suspeitos dos presos.
Em minha representação, observo que a superexposição dos acusados e a antecipação de um juízo de culpabilidade feriram o princípio da dignidade humana e os direitos fundamentais à presunção de inocência, à honra, à imagem, à integridade física e moral.
Defendo que tanto os torturadores quanto os veículos de mídia precisam ter suas condutas investigadas. Peço a investigação da RPC-TV (afiliada da Rede Globo), a TV Globo, a TV Colombo, a TV Band Curitiba, a RIC TV (afiliada da Rede Record), a Rede Massa (afiliada do SBT), a Rede Record e o jornal “Tribuna do Paraná”, que na chamada de capa chama-os de “perversos e covardes” (http://drrosinha.com.br/dr-rosinha-denuncia-cobertura-da-midia-sobre-o-caso-tayna-ao-ministerio-publico/).
Remeto ao Ministério Público Estadual e Federal vídeos coletados em que os quatro acusados são classificados como “bandidos”, “vagabundos”, “indivíduos da mais alta periculosidade”, “monstros”, “seres malignos”, “psicopatas criminosos”, “malditos”, “com sangue ruim”, entre outros adjetivos.
Além de acusar, julgar e condenar os rapazes, alguns veículos de comunicação levantaram ainda uma discussão sobre a pena que deveria ser aplicada aos acusados, incitando contra eles o ódio da população. Cito como exemplo o apresentador Paulo Roberto Galo, da Rede Massa, no programa televisivo “Tribuna da Massa” que chega a perguntar a seus telespectadores o que deveria ser feito com “esses caras”. E sugere: “Corta? Capa? Mata? Pena de morte?”.
Uma inocente foi assassinada e quatro homens foram torturados pela polícia e pela mídia, pois o tratamento dado a eles foi para marcá-los para sempre.
* Dr. Rosinha é médico pediatra, deputado federal (PT-PR) e presidente da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados.
1 comentários:
Infelizmente com o advento das mídias "sociais" a coisa vai piorar muito. É só coletar o número de mentiras e difamações que correm pelo Facebook e Twitter. Vai piorar e muito.
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