Enfurnado desde sábado aqui no Spa Médico São Pedro, em Sorocaba, a uns 80 quilômetros de São Paulo, depois de uma maratona de viagens, dei-me conta nesta quarta-feira que já ninguém briga mais para ler os dois jornais paulistas que ficam à disposição dos hóspedes na recepção.
Em outros tempos, acordava-se até mais cedo para ser o primeiro a ler o jornal. Sempre tinha alguém lendo e comentando as notícias na mesa do café da manhã, e gente esperando para pegar o jornal, mas agora os dois exemplares ficam lá o dia todo imaculados, exatamente no mesmo lugar, dobrados como chegaram.
Como sou do tempo antigo da imprensa de papel e do interesse pela política, encomendo dois exemplares só para mim e os levo para o quarto, evitando queixas dos outros hóspedes já que passo um tempão lendo tudo, da primeira à última página.
Descobri hoje que é desperdício de dinheiro. Nem as pessoas disputam mais os jornais, nem as manchetes que trazem entram nas conversas. Parece que Brasília é um outro país, no qual não estão muito interessados os brasileiros vindos para cá de diversas regiões, mais preocupados com suas dietas, suas famílias, seus negócios.
Entre os companheiros de temporada no São Pedro, encontrei mais uma vez o velho amigo Mário Prata, autor do best-seller "Diário de um Magro", jornalista e escritor dos bons, que vem aqui para ler e escrever, mas nem ele parece interessado em discutir as notícias comigo.
Está mais ligado nos resultados dos jogos dos times de Santa Catarina, onde mora há anos, e nos seus próximos projetos literários. Os outros estão mais preocupados em saber qual a previsão do tempo para os próximos dias, se vai ter hidroginástica ou não na piscina.
Também ninguém corre mais para a sala de TV na hora dos telejornais noturnos, preferindo esticar as conversas na varanda ou jogar um baralhinho sem compromisso.
Escrevo tudo isso para justificar o título desta coluna: a quem interessa, afinal, qual o destino político de José Serra e Marina Silva, os principais personagens do noticiário desta semana chuvosa, em que se define o cenário das eleições de 2014?
Depois de um longo suspense, ameaçando deixar o barco tucano para embarcar na canoa furada de Roberto Freire, Serra finalmente informou ontem pelo Facebook que vai ficar no PSDB. E daí, que diferença faz?
Quem deve se preocupar com isso é Aécio Neves, que nem foi citado no pronunciamento eletrônico do eterno candidato, anunciando solenemente que a sua "prioridade é derrotar o PT". No Palácio do Planalto, com tal ameaça, certamente ninguém deve ter dormido nesta noite.
Na troca de mensagens entre Aécio e Serra, quando tudo indicava que esta questão já estava resolvida a favor do mineiro, ficamos sabendo que a decisão sobre quem vai ser o candidato presidencial tucano foi adiada para março do ano que vem, algo que também não chega a ser uma novidade neste PSDB sempre dividido.
Da mesma forma, ninguém se comoveu com a decisão do Ministério Público Eleitoral, que recomendou à Justiça rejeitar o registro do Rede Sustentabilidade, o partido de Marina Silva, por falta das assinaturas necessárias.
Desde que deixou o PT, em 2009, e foi para o PV, com o único objetivo de se candidatar a presidente, todo mundo sabe que a missionária mística em que Marina se transformou só pensa em criar um partido para chamar de seu. Com seus 20% dos votos em 2010 e sponsors de peso para bancar seus sonhos, ela deve ter achado que bastaria dar um grito na floresta para as pessoas virem correndo e formar filas de adesão ao novo partido.
Como isso não aconteceu, agora Marina colocou seu destino nas mãos de Deus e no tapetão do STF, para o qual pretende recorrer se, entre hoje e amanhã, como se anuncia, o TSE não der o registro para o seu partido.
Em seu parecer para justificar a negativa, o vice-procurador-geral Eleitoral, Eugenio Aragão, foi cruel ao ir direto ao ponto, no estilo papo reto de Aécio: "Criar o partido com vistas apenas a determinado escrutínio (as eleições presidenciais de 2014) é atitude que o amesquinha, o diminui aos olhos dos eleitores".
São eleitores como o leitor Pardalzinho, um dos comentaristas mais assíduos do Balaio, que enviou mensagem às 5h19 da madrugada de hoje perguntando o que pode ter acontecido para Marina não conseguir reunir perto de 500 mil assinaturas, logo ela que teve perto de 20 milhões de votos apenas três anos atrás.
"Ela acreditou em tudo o que se dizia dela e cochilou em cima do salto alto?", especula o leitor. E ele mesmo responde: "Trata-se de alguém muito incompetente ou muito prepotente".
Qualquer que seja a decisão do TSE sobre Marina e o rumo que Serra tomar daqui para frente ( a não ser que Aécio jogue a toalha e se lance novamente candidato a governador de Minas), os dois já saem menores do que entraram nesta tumultuada disputa pré-eleitoral.
E o Partido da Mídia continua sem candidato competitivo até o momento, a um ano das eleições.
Em outros tempos, acordava-se até mais cedo para ser o primeiro a ler o jornal. Sempre tinha alguém lendo e comentando as notícias na mesa do café da manhã, e gente esperando para pegar o jornal, mas agora os dois exemplares ficam lá o dia todo imaculados, exatamente no mesmo lugar, dobrados como chegaram.
Como sou do tempo antigo da imprensa de papel e do interesse pela política, encomendo dois exemplares só para mim e os levo para o quarto, evitando queixas dos outros hóspedes já que passo um tempão lendo tudo, da primeira à última página.
Descobri hoje que é desperdício de dinheiro. Nem as pessoas disputam mais os jornais, nem as manchetes que trazem entram nas conversas. Parece que Brasília é um outro país, no qual não estão muito interessados os brasileiros vindos para cá de diversas regiões, mais preocupados com suas dietas, suas famílias, seus negócios.
Entre os companheiros de temporada no São Pedro, encontrei mais uma vez o velho amigo Mário Prata, autor do best-seller "Diário de um Magro", jornalista e escritor dos bons, que vem aqui para ler e escrever, mas nem ele parece interessado em discutir as notícias comigo.
Está mais ligado nos resultados dos jogos dos times de Santa Catarina, onde mora há anos, e nos seus próximos projetos literários. Os outros estão mais preocupados em saber qual a previsão do tempo para os próximos dias, se vai ter hidroginástica ou não na piscina.
Também ninguém corre mais para a sala de TV na hora dos telejornais noturnos, preferindo esticar as conversas na varanda ou jogar um baralhinho sem compromisso.
Escrevo tudo isso para justificar o título desta coluna: a quem interessa, afinal, qual o destino político de José Serra e Marina Silva, os principais personagens do noticiário desta semana chuvosa, em que se define o cenário das eleições de 2014?
Depois de um longo suspense, ameaçando deixar o barco tucano para embarcar na canoa furada de Roberto Freire, Serra finalmente informou ontem pelo Facebook que vai ficar no PSDB. E daí, que diferença faz?
Quem deve se preocupar com isso é Aécio Neves, que nem foi citado no pronunciamento eletrônico do eterno candidato, anunciando solenemente que a sua "prioridade é derrotar o PT". No Palácio do Planalto, com tal ameaça, certamente ninguém deve ter dormido nesta noite.
Na troca de mensagens entre Aécio e Serra, quando tudo indicava que esta questão já estava resolvida a favor do mineiro, ficamos sabendo que a decisão sobre quem vai ser o candidato presidencial tucano foi adiada para março do ano que vem, algo que também não chega a ser uma novidade neste PSDB sempre dividido.
Da mesma forma, ninguém se comoveu com a decisão do Ministério Público Eleitoral, que recomendou à Justiça rejeitar o registro do Rede Sustentabilidade, o partido de Marina Silva, por falta das assinaturas necessárias.
Desde que deixou o PT, em 2009, e foi para o PV, com o único objetivo de se candidatar a presidente, todo mundo sabe que a missionária mística em que Marina se transformou só pensa em criar um partido para chamar de seu. Com seus 20% dos votos em 2010 e sponsors de peso para bancar seus sonhos, ela deve ter achado que bastaria dar um grito na floresta para as pessoas virem correndo e formar filas de adesão ao novo partido.
Como isso não aconteceu, agora Marina colocou seu destino nas mãos de Deus e no tapetão do STF, para o qual pretende recorrer se, entre hoje e amanhã, como se anuncia, o TSE não der o registro para o seu partido.
Em seu parecer para justificar a negativa, o vice-procurador-geral Eleitoral, Eugenio Aragão, foi cruel ao ir direto ao ponto, no estilo papo reto de Aécio: "Criar o partido com vistas apenas a determinado escrutínio (as eleições presidenciais de 2014) é atitude que o amesquinha, o diminui aos olhos dos eleitores".
São eleitores como o leitor Pardalzinho, um dos comentaristas mais assíduos do Balaio, que enviou mensagem às 5h19 da madrugada de hoje perguntando o que pode ter acontecido para Marina não conseguir reunir perto de 500 mil assinaturas, logo ela que teve perto de 20 milhões de votos apenas três anos atrás.
"Ela acreditou em tudo o que se dizia dela e cochilou em cima do salto alto?", especula o leitor. E ele mesmo responde: "Trata-se de alguém muito incompetente ou muito prepotente".
Qualquer que seja a decisão do TSE sobre Marina e o rumo que Serra tomar daqui para frente ( a não ser que Aécio jogue a toalha e se lance novamente candidato a governador de Minas), os dois já saem menores do que entraram nesta tumultuada disputa pré-eleitoral.
E o Partido da Mídia continua sem candidato competitivo até o momento, a um ano das eleições.
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