Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa:
A agressão ao chefe do Comando de Policiamento da Área Metropolitana de São Paulo, coronel PM Reynaldo Simões Rossi, ocorrida na sexta-feira (25/10), detonou uma série de reações registradas pela imprensa no fim de semana, e abre um leque de debates que vão da condenação aos grupos conhecidos como Black Blocs até lucubrações de um sociólogo francês, que visita a cidade.
O espancamento do militar expõe a falta de uma estratégia do governo paulista para absorver os protestos. O teor geral das reportagens e declarações coincide com a opinião das pessoas questionadas pelo Datafolha: segundo publicou a Folha de S.Paulo no domingo (27/10), 95% dos consultados condenam a tática do confronto com a PM e depredações, que vem marcando os protestos dos últimos três meses.
Por outro lado, o conjunto do noticiário mostra sinais de descontentamento nas tropas da polícia paulista, com insinuações de que o governo de São Paulo tem dificuldades para conciliar uma estratégia que atenda às opiniões colhidas da sociedade com a necessidade de preservar a unidade e a disciplina no sistema de segurança,
Na sexta-feira (25/10), o coronel Rossi tentou dialogar com manifestantes que promoviam as costumeiras cenas de violência durante protesto no Parque Dom Pedro II, região central de São Paulo. Como era seu estilo, dirigiu-se aos líderes do Movimento Passe Livre, sem usar colete nem capacete, mas com sua arma no coldre. O diálogo foi impedido pelos integrantes dos Black Blocs, que atacaram o militar, golpeando-o com socos e pontapés e finalmente o derrubaram usando uma placa de metal. De quebra, roubaram sua arma, o que é considerado entre os militares o máximo de humilhação.
Nos jornais do fim de semana, integrantes da Polícia Militar, em condição de anonimato, criticaram o estilo conciliador do coronel, observando que ele não seguiu os procedimentos em casos de tumulto e movimentos de massa. A condenação à tentativa do diálogo no contexto do confronto vem de especialistas em segurança que, segundo a imprensa, defendem uma postura mais firme da polícia no enfrentamento dos ativistas agressivos. O que a imprensa insinua é que o oficial perdeu o respeito da tropa.
Na segunda-feira (28), a imprensa noticia que a Polícia Militar está usando o Facebook para pedir que manifestantes pacíficos ajudem a identificar integrantes dos Blacks Blocs: vai haver reação.
As ruas de São Paulo tendem a ficar mais perigosas nos próximos dias.
Platitudes e desconversas
Acontece que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, se encontra na difícil situação de ter que esclarecer denúncias levantadas recentemente com a revelação de conversas entre líderes do crime organizado, que expõem a inoperância da estratégia de segurança pública no Estado. Por outro lado, cresce o descontentamento entre as tropas da Polícia Militar, que chamam de “pacote de maldades” a proposta de reajuste salarial da categoria encaminhada pelo governador. Já houve um protesto de policiais diante do Palácio dos Bandeirantes, há dez dias, e não é absurda a possibilidade de uma passeata de servidores da Segurança Pública.
Seria curioso, para dizer o mínimo, se São Paulo viesse a assistir uma manifestação de policiais militares e suas famílias, com apoio logístico dos Black Blocs. Por mais absurda que possa parecer essa hipótese, ela pode vir a ocorrer, em função do descontrole do Estado diante dos eventos e a maneira com que o governador tem respondido aos atos de vandalismo e à violência policial.
As declarações de Alckmin diante dos últimos acontecimentos não passam de platitudes: “Há manifestações legítimas que colaboram com a liberdade de expressão. E manifestações que não são legítimas e atacam essa liberdade”, pontificou o governador.
Não se está aqui a defender mais rigor da polícia, como fez a Folha de S.Paulo em editorial, no dia 13 de junho, ao exigir que o governo do Estado impedisse as manifestações. Como se sabe, a Polícia Militar tem demonstrado sua opção preferencial pela agressão e não precisa de estímulo para quebrar ossos.
Acontece que a corporação militar necessita de uma voz de comando clara e inequívoca. Na circunstância em que, pressionado pela opinião da maioria mas tendo que atender às demandas dos policiais, e ainda sendo obrigado a evitar uma crise que poderia repercutir negativamente nas eleições do ano que vem, o governador parece vacilante.
A agressão ao coronel Reynaldo Rossi tira pontos dos oficiais que tentam o diálogo. Sem um sinal claro do governador, a tendência é que grupos isolados de policiais militares tomem decisões precipitadas, diante da determinação dos Black Blocs de continuar agindo com violência.
A imprensa já se posicionou contra as depredações e também condena a truculência dos agentes públicos, desde que seus repórteres passaram a ser agredidos por policiais, mas não se dispõe a questionar o governador sobre a situação de grave instabilidade.
E o sociólogo francês? Bom, é um teórico francês falando sobre a pós-modernidade.
A agressão ao chefe do Comando de Policiamento da Área Metropolitana de São Paulo, coronel PM Reynaldo Simões Rossi, ocorrida na sexta-feira (25/10), detonou uma série de reações registradas pela imprensa no fim de semana, e abre um leque de debates que vão da condenação aos grupos conhecidos como Black Blocs até lucubrações de um sociólogo francês, que visita a cidade.
O espancamento do militar expõe a falta de uma estratégia do governo paulista para absorver os protestos. O teor geral das reportagens e declarações coincide com a opinião das pessoas questionadas pelo Datafolha: segundo publicou a Folha de S.Paulo no domingo (27/10), 95% dos consultados condenam a tática do confronto com a PM e depredações, que vem marcando os protestos dos últimos três meses.
Por outro lado, o conjunto do noticiário mostra sinais de descontentamento nas tropas da polícia paulista, com insinuações de que o governo de São Paulo tem dificuldades para conciliar uma estratégia que atenda às opiniões colhidas da sociedade com a necessidade de preservar a unidade e a disciplina no sistema de segurança,
Na sexta-feira (25/10), o coronel Rossi tentou dialogar com manifestantes que promoviam as costumeiras cenas de violência durante protesto no Parque Dom Pedro II, região central de São Paulo. Como era seu estilo, dirigiu-se aos líderes do Movimento Passe Livre, sem usar colete nem capacete, mas com sua arma no coldre. O diálogo foi impedido pelos integrantes dos Black Blocs, que atacaram o militar, golpeando-o com socos e pontapés e finalmente o derrubaram usando uma placa de metal. De quebra, roubaram sua arma, o que é considerado entre os militares o máximo de humilhação.
Nos jornais do fim de semana, integrantes da Polícia Militar, em condição de anonimato, criticaram o estilo conciliador do coronel, observando que ele não seguiu os procedimentos em casos de tumulto e movimentos de massa. A condenação à tentativa do diálogo no contexto do confronto vem de especialistas em segurança que, segundo a imprensa, defendem uma postura mais firme da polícia no enfrentamento dos ativistas agressivos. O que a imprensa insinua é que o oficial perdeu o respeito da tropa.
Na segunda-feira (28), a imprensa noticia que a Polícia Militar está usando o Facebook para pedir que manifestantes pacíficos ajudem a identificar integrantes dos Blacks Blocs: vai haver reação.
As ruas de São Paulo tendem a ficar mais perigosas nos próximos dias.
Platitudes e desconversas
Acontece que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, se encontra na difícil situação de ter que esclarecer denúncias levantadas recentemente com a revelação de conversas entre líderes do crime organizado, que expõem a inoperância da estratégia de segurança pública no Estado. Por outro lado, cresce o descontentamento entre as tropas da Polícia Militar, que chamam de “pacote de maldades” a proposta de reajuste salarial da categoria encaminhada pelo governador. Já houve um protesto de policiais diante do Palácio dos Bandeirantes, há dez dias, e não é absurda a possibilidade de uma passeata de servidores da Segurança Pública.
Seria curioso, para dizer o mínimo, se São Paulo viesse a assistir uma manifestação de policiais militares e suas famílias, com apoio logístico dos Black Blocs. Por mais absurda que possa parecer essa hipótese, ela pode vir a ocorrer, em função do descontrole do Estado diante dos eventos e a maneira com que o governador tem respondido aos atos de vandalismo e à violência policial.
As declarações de Alckmin diante dos últimos acontecimentos não passam de platitudes: “Há manifestações legítimas que colaboram com a liberdade de expressão. E manifestações que não são legítimas e atacam essa liberdade”, pontificou o governador.
Não se está aqui a defender mais rigor da polícia, como fez a Folha de S.Paulo em editorial, no dia 13 de junho, ao exigir que o governo do Estado impedisse as manifestações. Como se sabe, a Polícia Militar tem demonstrado sua opção preferencial pela agressão e não precisa de estímulo para quebrar ossos.
Acontece que a corporação militar necessita de uma voz de comando clara e inequívoca. Na circunstância em que, pressionado pela opinião da maioria mas tendo que atender às demandas dos policiais, e ainda sendo obrigado a evitar uma crise que poderia repercutir negativamente nas eleições do ano que vem, o governador parece vacilante.
A agressão ao coronel Reynaldo Rossi tira pontos dos oficiais que tentam o diálogo. Sem um sinal claro do governador, a tendência é que grupos isolados de policiais militares tomem decisões precipitadas, diante da determinação dos Black Blocs de continuar agindo com violência.
A imprensa já se posicionou contra as depredações e também condena a truculência dos agentes públicos, desde que seus repórteres passaram a ser agredidos por policiais, mas não se dispõe a questionar o governador sobre a situação de grave instabilidade.
E o sociólogo francês? Bom, é um teórico francês falando sobre a pós-modernidade.
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