quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Qual o segredo de Dilma?

Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

Atacada diariamente pelo pensamento único da grande mídia, por grupos de financistas e empresários, analistas econômicos e especialistas em geral, largos setores do PMDB e até do PT, os seus principais partidos aliados, com problemas sérios na economia e no Congresso, o noticiário negativo do mensalão e tudo mais jogando contra, como explicar a cada vez mais folgada liderança da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas para 2014 (no último Ibope, tinha mais intenções de voto do que o dobro dos seus prováveis adversários somados)?



A cada nova pesquisa, esta é a pergunta que mais me fazem. Acho que a causa desta aparente contradição é demográfica e geográfica: o lugar onde moro e o meio social em que convivo é o mais crítico em relação ao governo do PT desde a primeira eleição de Lula e o mais refratário à revolução social que se deu no país nos últimos anos. Este Brasil velho e o novo Brasil são dois países que não se cruzam.

O maior eleitorado, tanto de Dilma como de Lula, vive nas regiões mais pobres e distantes do país, não costuma ler jornais nem acompanha blogueiros limpinhos, e ainda tem, sim, maiores dificuldades de acesso à educação e à saúde, mas sente que a sua vida melhorou na última década. Por isso, quer a continuidade deste governo, como mostram todas as pesquisas.

Enquanto a parte mais rica da população discute os aspectos ideológicos da importação de cubanos para o Mais Médicos e critica os programas sociais do governo, que chamam de assistencialistas, para quem nunca teve assistência médica, nem acesso à casa própria, vivia sem água e sem luz, sem renda e sem emprego, os governos petistas representaram uma radical mudança em suas vidas.

Claro que todo mundo quer muito mais e melhor depois que as necessidades básicas foram atendidas, tanto que, na mesma pesquisa Ibope, 38% dos entrevistados responderam esperar que o presidente "mudasse muita coisa". Creio que está correta a avaliação feita pelo marqueteiro João Santana, o grande guru de Dilma: "A pesquisa é clara: os brasileiros querem mudanças no governo, e não mudança de governo. A magia está na preposição".

A maioria da população, que vive no Brasil real, não está muito interessada em discutir o PIB, a balança comercial, o câmbio, os mensalões, os cartéis e as máfias, mas quer saber se tem emprego e renda para pagar suas contas no fim do mês, se tem escola para mandar seus filhos e posto de saúde com médicos e remédios para os casos de necessidade. Acho que isto ajuda a responder à pergunta do título, já que em nenhum momento Dilma se afastou da sua prioridade de governar para os mais necessitados e combater a miséria.

Para este largo contingente de eleitores, fica difícil trocar o certo pelo duvidoso, até porque a mídia ainda não encontrou um candidato de oposição para bancar e os que aí estão não conseguem dar qualquer esperança, uma ideia ou proposta nova que seja, de que, com a vitória deles, a vida dos brasileiros vai melhorar.

Muitos podem até não gostar do jeitão da presidente e do governo dela, mas quando olham em volta, encontram o que? Serra infernizando a vida de Aécio, e Marina e Eduardo, que disputam a mesma vaga, encantando o pessoal da grana pesada de São Paulo, que não tem muitos votos, como se sabe. Enquanto os quatro se limitarem a criticar Dilma, os números das pesquisas não mudam.

Em 2005, quando estourou o escândalo do mensalão, tucanos acharam que era só deixar Lula sangrar que logo o velho poder estaria de volta ao Palácio do Planalto. Faltou combinar com o povo, que continua com Lula e Dilma, como mostraram todas as últimas eleições.

Por falar nisso, os dois continuam sendo duas entidades numa só e todos os esforços feitos ao longo de quase três anos para intriga-los ou separá-los foram em vão. Talvez os nossos bravos analistas políticos não saibam de um trato que Dilma e Lula fizeram logo no início do governo dela.

A cada 15 dias, chova ou faça sol, os dois têm um encontro particular, em Brasília ou São Paulo, para juntos fazerem uma análise da situação e discutir os caminhos a seguir. Isto evita o fogo amigo das corriolas de um e de outro e mata no nascedouro qualquer tentativa de afastar criador e criatura. Até agora tem dado certo e pode nos ajudar a entender melhor o segredo da renitente popularidade de Dilma Rousseff.

5 comentários:

Anônimo disse...

Miro

Talvez meu comentário não seja digno de postagem por ser óbvio. Mesmo assim insisto em ser lacônica, pois às vezes é desnecessário: é fazer chover no molhado... enfim, gostaria de me expressar, portanto da forma mais simples.

O texto é perfeito! Ela fala, aliás, por todos nós que defendemos a justiça e, claro, o ser.

Mônica BH

Ignez disse...

Meu caro Kotscho. Um pouco de tranqüilidade faz muito bem ao espírito. Essa foi a análise mais lúcida que li sobre o governo do PT. Quisera eu que essa visão - que deveria ser convicção - desse aos parlamentares da base de apoio do governo - e aos do próprio PT - um ânimo extraordinário para que se mantivessem no objetivo de privilegiar MESMO os brasileiros com Políticas Sociais que - ao menos - tornassem esse país mais justo, menos desigual. Grande análise, Kotscho! Grata.

Anônimo disse...

Vamos ver quando pegarem o "verdadeiro poderoso chefão do Mensalão" se o Ibope dela vai continuar subindo!!!

Anônimo disse...

Denúncias
Globo dá jeito de enrolar PT em denúncia. Estadão fez o mesmo!
publicado em 21 de novembro de 2013 às 17:05


por Conceição Lemes

O Estadão publicou hoje reportagem, revelando a investigação de políticos do PSDB, DEM, PMDB e PPS no cartel que fraudava licitações do Metrô de São Paulo e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos ( CPTM ).

A denúncia consta de relatório do ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, entregue em abril ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).Ele disse ter documentos que provam a existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo, durante os governos dos tucanos Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra.

Como já dissemos aqui, tucano, quando denunciado em manchete, é apenas “político”

O Jornal Hoje, da TV Globo, fez o mesmo: Políticos são acusados de envolvimento em cartel.

As semelhanças não param na manchete.

Na tentativa desqualificar a acusação contra os tucanos, o Jornal Hoje,tal qual o Estadão, enrola o PT e Cade na denúncia. Envolve deputado estadual licenciado Simão Pedro, do PT de São Paulo, atualmente secretário de Serviços da cidade de São Paulo.

O Jornal Hoje afirma:

A reportagem diz ainda que Everton Rheinheimer admite ser o autor da carta anônima enviada em 2008, que deflagrou a investigação do cartel dos trens e que ele teve ajuda de Simão Pedro para se encontrar com o presidente do Cade.

Simão Pedro é deputado estadual do PT de São Paulo. Ele está licenciado e hoje é secretário de Serviços de Fernando Haddad, também do PT.

Jbmartins-Contra o Golpe disse...

O Povo sente cheiro de farsa midiatica longe, foi o dinheiro na cueca,a bolinha de papel, o AP470 é uma farsa tão grande estão criando alguns herois para acabar com as maselas do Brasil.