Por Gisele Brito, na Rede Brasil Atual:
Em meio a protestos, gritos de vai e não vai ter Copa, e a apenas 49 dias do evento esportivo, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou hoje (24) que o diálogo entre o governo federal e a sociedade sobre o assunto está sendo “tardio”. Carvalho veio a São Paulo para participar de um seminário organizado pela gestão Dilma Rousseff, na Casa de Portugal, na Liberdade, e garantiu que, a partir de agora, estará empenhado em esclarecer o que ele chama de desinformação sobre o evento.
Enquanto o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, viaja o país vistoriando e inaugurando obras ao lado da presidenta e de representantes da Fifa, Carvalho trabalha na tentativa de reverter a imagem negativa formada na sociedade em torno do Mundial. No começo do mês, o ministro esteve em Manaus, outra sede do torneio, com o mesmo propósito. Hoje, ele esteve com a presidenta Dilma Rousseff visitando a Arena Pantanal, em Cuiabá.
Carvalho argumentou que as pessoas não estão tendo acesso às informações completas sobre os gastos com o evento, que, segundo ele, não conta com recursos do orçamento da União, apenas dinheiro financiado pelo BNDES e recursos estaduais, principalmente em Brasília. “Não há competição entre os recursos da Copa com os recursos da saúde. O Brasil tem orçamento para a saúde de R$ 102 bilhões. Nada a ver com a Copa do Mundo. As obras que estão atrasadas, nenhuma delas tem a ver com a Copa do Mundo. Por ocasião da Copa houve oportunidade de sua construção. Se não em junho, em dezembro estarão prontas”, afirmou.
Foram chamados para participar do evento em São Paulo, sede do jogo de abertura. centrais sindicais, movimentos de moradia e de população de rua, representantes dos governos estadual e municipal. “Nós não temos que defender ninguém, mas o dinheiro do estádio do Corinthians foi empréstimo e os investimentos já estavam previstos para o desenvolvimento da zona leste”, afirmou um dirigente Gaviões da Fiel.
Grupos que têm organizado manifestações contra o evento esportivo afirmam que não foram chamados. Para Rodrigo Antônio, do coletivo Território Livre, o encontro “chamado na calada da noite” é uma “simulação” de diálogo e uma forma de cooptar movimentos sociais.
Cerca de 20 ativistas contra a Copa levantaram bandeiras, cartazes e interromperam com gritos diversas vezes falas dos participantes do debate.
Mesmo os convidados fizeram críticas e, aos berros, contrapuseram o que consideram uma preferência aos investimentos do Mundial a situações de precariedade na prestação de serviços públicos, como o atendimento a pessoas de rua em tendas e albergues da cidade, a lotação no metrô e a falta de moradia. Esta oposição, reforçada durante as manifestações de junho do ano passado, foi um dos motes do debate.
“O ministro falou que incluiu os catadores, mas não incluiu os moradores de rua. Tem muitos que morrem de fome. É só andar e ver o que acontece nas praças paulistas. Sentar e ler é fácil, andar e ver é difícil. Somos moradores de rua, mas temos consciência”, disse um dos ativistas, ao ter a oportunidade de falar ao microfone. Antes, ele discutiu com Carvalho, que discorria sobre a inclusão de catadores que irão trabalhar na Copa.
“O Brasil tem problemas tão grandes que a gente não pode colocar 514 anos de história nas costas da Copa e desse governo. Se a gente for ver o que não foi feito a gente deixa de ver o que foi feito. Todos os órgãos de imprensa disseram que a Copa não ia ser boa para o Brasil desde que o Lula disse que ela ia vir para cá. Ou seja, é muito mais uma analise de conjuntura, uma análise de governo”, afirmou Enivaldo, um professor da rede municipal.
Segurança
O ministro disse acreditar que as manifestações serão pacíficas e devem ser encaradas como sinais da democracia brasileira pelos turistas estrangeiros que chegarem ao país. “Estamos muito determinados a conter a desinformação ou a meia informação que permitiu que se criasse um clima de que a Copa foi um paraíso de ladrões, um paraíso da Fifa que veio aqui e se impôs, não é verdade essa informação. Nossa perspectiva é reverter. E temos certeza que vamos. Porque conhecemos o povo brasileiro, que gosta de futebol”, disse Carvalho.
Ao lado da vice-prefeita Nádia Campeão e do secretário estadual de Planejamento, Júlio Semeghini, Carvalho afirmou que as tropas nacionais de segurança deverão ser usadas como forças de contingência.
O secretário estadual salientou a parceria. “Nós estamos preparados para as manifestações democráticas que estão aí e, se acontecerem, serão tratadas da mesma forma. Claro que há todo um trabalho de inteligência coordenado pelo Ministério da Justiça e todas as polícias estaduais. Um centro de controle que vai atuar completamente integrado na segurança de todas as 12 cidades que irão sediar jogos da Copa. Tem uma integração muito forte”, disse Semeghini.
Carvalho afirmou que, seguindo determinação da presidenta Dilma Rousseff, o governo irá trabalhar para impedir a aprovação de leis mais rígidas para conter manifestações. “Ela não acha que se deve fazer qualquer mudança legislativa”, disse.
Legado
Semeghini defendeu o legado da Copa, especialmente na região leste da cidade, onde fica o estádio em que serão disputados os jogos. “Nós fizemos um grande investimento em um polo de desenvolvimento para a zona leste para que as pessoas possam morar ali.”
Nádia lembrou que, apesar dos boatos de que a cidade removeria 80 mil pessoas, apenas 120 pessoas terão de deixar as suas casas na favela da Paz, que fica a poucos metros do estádio em Itaquera. A vice-prefeita disse que elas só sairão quando conjuntos habitacionais que estão sendo construídos com financiamento da Caixa na região estiveram prontos, em maio ou em junho.
Ela também afirmou que as atividades dos ambulantes que têm Termos de Permissão de Uso para atuar na cidade devem acontecer normalmente durante a Copa. Outros mil trabalhadores poderão trabalhar temporariamente nas Fan Fests, áreas em praças públicas onde torcedores assistirão aos jogos. Os ambulantes serão selecionados pelo Fórum Permanente de ambulantes em parceria com as empresas patrocinadoras do evento, segundo a gestão municipal.
Em meio a protestos, gritos de vai e não vai ter Copa, e a apenas 49 dias do evento esportivo, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou hoje (24) que o diálogo entre o governo federal e a sociedade sobre o assunto está sendo “tardio”. Carvalho veio a São Paulo para participar de um seminário organizado pela gestão Dilma Rousseff, na Casa de Portugal, na Liberdade, e garantiu que, a partir de agora, estará empenhado em esclarecer o que ele chama de desinformação sobre o evento.
Enquanto o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, viaja o país vistoriando e inaugurando obras ao lado da presidenta e de representantes da Fifa, Carvalho trabalha na tentativa de reverter a imagem negativa formada na sociedade em torno do Mundial. No começo do mês, o ministro esteve em Manaus, outra sede do torneio, com o mesmo propósito. Hoje, ele esteve com a presidenta Dilma Rousseff visitando a Arena Pantanal, em Cuiabá.
Carvalho argumentou que as pessoas não estão tendo acesso às informações completas sobre os gastos com o evento, que, segundo ele, não conta com recursos do orçamento da União, apenas dinheiro financiado pelo BNDES e recursos estaduais, principalmente em Brasília. “Não há competição entre os recursos da Copa com os recursos da saúde. O Brasil tem orçamento para a saúde de R$ 102 bilhões. Nada a ver com a Copa do Mundo. As obras que estão atrasadas, nenhuma delas tem a ver com a Copa do Mundo. Por ocasião da Copa houve oportunidade de sua construção. Se não em junho, em dezembro estarão prontas”, afirmou.
Foram chamados para participar do evento em São Paulo, sede do jogo de abertura. centrais sindicais, movimentos de moradia e de população de rua, representantes dos governos estadual e municipal. “Nós não temos que defender ninguém, mas o dinheiro do estádio do Corinthians foi empréstimo e os investimentos já estavam previstos para o desenvolvimento da zona leste”, afirmou um dirigente Gaviões da Fiel.
Grupos que têm organizado manifestações contra o evento esportivo afirmam que não foram chamados. Para Rodrigo Antônio, do coletivo Território Livre, o encontro “chamado na calada da noite” é uma “simulação” de diálogo e uma forma de cooptar movimentos sociais.
Cerca de 20 ativistas contra a Copa levantaram bandeiras, cartazes e interromperam com gritos diversas vezes falas dos participantes do debate.
Mesmo os convidados fizeram críticas e, aos berros, contrapuseram o que consideram uma preferência aos investimentos do Mundial a situações de precariedade na prestação de serviços públicos, como o atendimento a pessoas de rua em tendas e albergues da cidade, a lotação no metrô e a falta de moradia. Esta oposição, reforçada durante as manifestações de junho do ano passado, foi um dos motes do debate.
“O ministro falou que incluiu os catadores, mas não incluiu os moradores de rua. Tem muitos que morrem de fome. É só andar e ver o que acontece nas praças paulistas. Sentar e ler é fácil, andar e ver é difícil. Somos moradores de rua, mas temos consciência”, disse um dos ativistas, ao ter a oportunidade de falar ao microfone. Antes, ele discutiu com Carvalho, que discorria sobre a inclusão de catadores que irão trabalhar na Copa.
“O Brasil tem problemas tão grandes que a gente não pode colocar 514 anos de história nas costas da Copa e desse governo. Se a gente for ver o que não foi feito a gente deixa de ver o que foi feito. Todos os órgãos de imprensa disseram que a Copa não ia ser boa para o Brasil desde que o Lula disse que ela ia vir para cá. Ou seja, é muito mais uma analise de conjuntura, uma análise de governo”, afirmou Enivaldo, um professor da rede municipal.
Segurança
O ministro disse acreditar que as manifestações serão pacíficas e devem ser encaradas como sinais da democracia brasileira pelos turistas estrangeiros que chegarem ao país. “Estamos muito determinados a conter a desinformação ou a meia informação que permitiu que se criasse um clima de que a Copa foi um paraíso de ladrões, um paraíso da Fifa que veio aqui e se impôs, não é verdade essa informação. Nossa perspectiva é reverter. E temos certeza que vamos. Porque conhecemos o povo brasileiro, que gosta de futebol”, disse Carvalho.
Ao lado da vice-prefeita Nádia Campeão e do secretário estadual de Planejamento, Júlio Semeghini, Carvalho afirmou que as tropas nacionais de segurança deverão ser usadas como forças de contingência.
O secretário estadual salientou a parceria. “Nós estamos preparados para as manifestações democráticas que estão aí e, se acontecerem, serão tratadas da mesma forma. Claro que há todo um trabalho de inteligência coordenado pelo Ministério da Justiça e todas as polícias estaduais. Um centro de controle que vai atuar completamente integrado na segurança de todas as 12 cidades que irão sediar jogos da Copa. Tem uma integração muito forte”, disse Semeghini.
Carvalho afirmou que, seguindo determinação da presidenta Dilma Rousseff, o governo irá trabalhar para impedir a aprovação de leis mais rígidas para conter manifestações. “Ela não acha que se deve fazer qualquer mudança legislativa”, disse.
Legado
Semeghini defendeu o legado da Copa, especialmente na região leste da cidade, onde fica o estádio em que serão disputados os jogos. “Nós fizemos um grande investimento em um polo de desenvolvimento para a zona leste para que as pessoas possam morar ali.”
Nádia lembrou que, apesar dos boatos de que a cidade removeria 80 mil pessoas, apenas 120 pessoas terão de deixar as suas casas na favela da Paz, que fica a poucos metros do estádio em Itaquera. A vice-prefeita disse que elas só sairão quando conjuntos habitacionais que estão sendo construídos com financiamento da Caixa na região estiveram prontos, em maio ou em junho.
Ela também afirmou que as atividades dos ambulantes que têm Termos de Permissão de Uso para atuar na cidade devem acontecer normalmente durante a Copa. Outros mil trabalhadores poderão trabalhar temporariamente nas Fan Fests, áreas em praças públicas onde torcedores assistirão aos jogos. Os ambulantes serão selecionados pelo Fórum Permanente de ambulantes em parceria com as empresas patrocinadoras do evento, segundo a gestão municipal.
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