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Observo as repercussões em torno do comercial do PT que fala nos “fantasmas do passado”.
Colunistas de oposição e os candidatos Aécio e Eduardo Campos criticam duramente.
Emerge a palavra “terrorismo”. O comercial estaria sendo terrorista ao sugerir o retrocesso social que ocorreria no país no caso de derrota de Dilma.
O debate político no Brasil parece surreal, às vezes.
O que se espera de um comercial do PT? Que afirme que as coisas vão melhorar se Aécio ganhar?
Ora, um comercial é um comercial. Ou será que algum vídeo do PSDB vai comemorar avanços do PT e pedir mais quatro anos para Dilma?
Curiosamente, os roteiristas do comercial do PT parecem ter sido Aécio e seu mentor econômico, Armínio Fraga.
Numa das falas mais desastradas da história moderna nacional, ele prometeu triunfante, num jantar do 1%, medidas impopulares.
Aécio não usou de eufemismo. Não disse que ia rever mecanismos fiscais ou coisa parecida. Jurou medidas impopulares, sob aprovação ululante dos companheiros de jantar, entre os quais FHC.
Depois, também sem circunlóquios, Fraga afirmou que o salário mínimo está muito alto. Repetiu um lugar comum da ditadura, segundo o qual se você mexesse no salário mínimo a economia entraria em pane.
Me dê opositores como Aécio e Armínio Fraga e eu vou ficar eternamente no poder.
Na Escandinávia, segundo um levantamento que saiu esta semana, a hora de trabalho custa em média 40 euros, uns 120 reais. E a economia nórdica floresce, com pessoas sorridentes e bem vestidas indo trabalhar em suas bicicletas.
No Brasil, paraíso da desigualdade, o custo da hora trabalhada é várias vezes menor que o escandinavo, cerca de 20 reais. Mesmo assim, Fraga consegue dizer que o salário mínimo aumentou muito.
Isso sim é terrorismo.
Uma das conquistas sociais indiscutíveis do PT foi a recuperação do salário mínimo. Em 2002, o mínimo era 200 reais. Hoje, é 724. Desconte a inflação do período, e mesmo assim o que se registrou foi um efetivo crescimento.
O que teria ocorrido com o mínimo caso a mentalidade de Armínio Fraga tivesse comandado o Brasil nestes anos de recomposição?
Não seria muito diferente da distopia apresentada no comercial do PT.
Era assim, embora a mídia pareça gostar de imaginar que éramos a Escandinávia nos tempos de FHC.
O DCM criticou muitas vezes a velocidade dos avanços sociais do PT. Mas que houve avanço – menor do que o que deveria ter havido, a nosso ver – isso é inegável.
Mas o que Aécio promete, com suas “medidas impopulares”, é um brutal retrocesso.
Isto sim é terrorismo, repito.
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