Por Bepe Damasco, em seu blog:
Vale a pena ler a coluna Andante Nosso, do jornalista Maurício Dias, em CartaCapital desta semana. Ele fala da conversão radical do candidato tucano à presidência, Aécio Neves, ao antipetismo mais visceral e ao conservadorismo mais retrógado. O cambaleante candidato do PSDB, como gosta de chamá-lo o amigo Miro Borges, jogou o jeito de bom moço mineiro na lata do lixo em busca da fatia mais reacionária do eleitorado. Por isso, cresceu um pouco nas pesquisas, já que pelo um terço dos leitores é sensível à demonização do Partido dos Trabalhadores, como indicam várias pesquisas.
Não que o senador do PSDB tenha algum dia defendido teses e posto em prática programas populares e progressistas. Longe disso. Sua passagem pelo governo de Minas revela sua incondicional adesão ao jeito neoliberal de governar. Perguntem aos professores que fizeram 150 dias de greve? Perguntem aos servidores do estado e movimentos sociais o tipo de tratamento que lhes foi dispensado pelo então ocupante do Palácio da Liberdade? A criminalização das lutas sociais e o fechamento de quaisquer canais de negociação com a sociedade deram o tom nos seus oito anos de governo, seguido à risca agora pelo seu sucessor, Antônio Anastasia.
Não lhe era conveniente, porém, se assumir como uma liderança da direita mais rançosa. Isso podia criar embaraços aos seus planos de viabilizar a candidatura presidencial. Mas, agora, a situação é outra. Como chegou a hora da onça beber água, Aécio cuidou dos mínimos detalhes para se legitimar como porta-voz dos que chamam petistas de petralhas, que preferem o capeta no inferno do que o PT na terra, que sonham com a volta de governos voltados para, no máximo, 30% da população, que odeiam ter de dividir shopping center com os pobres, que abominam partilhar os aviões com a ralé.
Para parecer mais enfezado e sisudo, Aécio fez uma plástica, no ano passado, para extinguir os traços de cordialidade da sua fisionomia, como também informa Maurício Dias. Resolvida a questão da forma, partiu para o conteúdo, adotando um figurino direitista para ninguém botar defeito. Assim, não lhe causa constrangimentos defender a necessidade de medidas impopulares, nem virar inimigo nº 1, e não apenas adversário político, da Petrobras, do PT e da presidenta Dilma, a quem ataca diuturnamente, à vezes ultrapassando os limites da civilidade e do respeito que o exercício do cargo de presidente da República impõe.
Está bem viva na memória de todos as gargalhadas do senador, no palanque da Força Sindical, no Dia do Trabalhador, quando um embriagado deputado Paulinho ofendia a presidenta e clamava por "Dilma na Papuda". Pois, pelo conjunto da obra, um candidato com esse perfil logo abocanharia o apoio dos grupos golpistas da mídia e da grande maioria dos donos do dinheiro, o que já é realidade. Agora é só uma questão de tempo : nos próximos meses, quando a campanha esquentar, Aécio vai deixar o obscurantismo de Serra, em 2010, no chinelo.
Quem viver verá ele encarnar o personagem de paladino da luta contra o aborto, acusando, a exemplo de Serra, a presidenta Dilma de defender o direito das mulheres de interromper a gravidez. Ataques aos direitos dos homossexuais, a redução da maioridade penal, a defesa da "meritocracia" contra as cotas raciais e sociais e críticas à demarcação das terras indígenas certamente terão lugar de destaque no discurso do candidato tucano.
Mas, o melhor dessa história, é que são grandes as chances de Aécio acabar como Serra, um fantasma de si mesmo desde que foi derrotado por Dilma, em 2010. O problema é que fazer campanha eleitoral com base nas trevas é um caminho sem volta. Deixa marcas indeléveis na sociedade. Tanto é que dois anos depois de sua segunda derrota em eleições para presidente, Serra nem prefeito conseguiu se eleger, perdendo para Haddad, em São Paulo, até então considerada um fortaleza do PSDB.
Quem sabe, não seja o caso de Aécio, em 2015, reverter a cirurgia plástica que fez.
Vale a pena ler a coluna Andante Nosso, do jornalista Maurício Dias, em CartaCapital desta semana. Ele fala da conversão radical do candidato tucano à presidência, Aécio Neves, ao antipetismo mais visceral e ao conservadorismo mais retrógado. O cambaleante candidato do PSDB, como gosta de chamá-lo o amigo Miro Borges, jogou o jeito de bom moço mineiro na lata do lixo em busca da fatia mais reacionária do eleitorado. Por isso, cresceu um pouco nas pesquisas, já que pelo um terço dos leitores é sensível à demonização do Partido dos Trabalhadores, como indicam várias pesquisas.
Não que o senador do PSDB tenha algum dia defendido teses e posto em prática programas populares e progressistas. Longe disso. Sua passagem pelo governo de Minas revela sua incondicional adesão ao jeito neoliberal de governar. Perguntem aos professores que fizeram 150 dias de greve? Perguntem aos servidores do estado e movimentos sociais o tipo de tratamento que lhes foi dispensado pelo então ocupante do Palácio da Liberdade? A criminalização das lutas sociais e o fechamento de quaisquer canais de negociação com a sociedade deram o tom nos seus oito anos de governo, seguido à risca agora pelo seu sucessor, Antônio Anastasia.
Não lhe era conveniente, porém, se assumir como uma liderança da direita mais rançosa. Isso podia criar embaraços aos seus planos de viabilizar a candidatura presidencial. Mas, agora, a situação é outra. Como chegou a hora da onça beber água, Aécio cuidou dos mínimos detalhes para se legitimar como porta-voz dos que chamam petistas de petralhas, que preferem o capeta no inferno do que o PT na terra, que sonham com a volta de governos voltados para, no máximo, 30% da população, que odeiam ter de dividir shopping center com os pobres, que abominam partilhar os aviões com a ralé.
Para parecer mais enfezado e sisudo, Aécio fez uma plástica, no ano passado, para extinguir os traços de cordialidade da sua fisionomia, como também informa Maurício Dias. Resolvida a questão da forma, partiu para o conteúdo, adotando um figurino direitista para ninguém botar defeito. Assim, não lhe causa constrangimentos defender a necessidade de medidas impopulares, nem virar inimigo nº 1, e não apenas adversário político, da Petrobras, do PT e da presidenta Dilma, a quem ataca diuturnamente, à vezes ultrapassando os limites da civilidade e do respeito que o exercício do cargo de presidente da República impõe.
Está bem viva na memória de todos as gargalhadas do senador, no palanque da Força Sindical, no Dia do Trabalhador, quando um embriagado deputado Paulinho ofendia a presidenta e clamava por "Dilma na Papuda". Pois, pelo conjunto da obra, um candidato com esse perfil logo abocanharia o apoio dos grupos golpistas da mídia e da grande maioria dos donos do dinheiro, o que já é realidade. Agora é só uma questão de tempo : nos próximos meses, quando a campanha esquentar, Aécio vai deixar o obscurantismo de Serra, em 2010, no chinelo.
Quem viver verá ele encarnar o personagem de paladino da luta contra o aborto, acusando, a exemplo de Serra, a presidenta Dilma de defender o direito das mulheres de interromper a gravidez. Ataques aos direitos dos homossexuais, a redução da maioridade penal, a defesa da "meritocracia" contra as cotas raciais e sociais e críticas à demarcação das terras indígenas certamente terão lugar de destaque no discurso do candidato tucano.
Mas, o melhor dessa história, é que são grandes as chances de Aécio acabar como Serra, um fantasma de si mesmo desde que foi derrotado por Dilma, em 2010. O problema é que fazer campanha eleitoral com base nas trevas é um caminho sem volta. Deixa marcas indeléveis na sociedade. Tanto é que dois anos depois de sua segunda derrota em eleições para presidente, Serra nem prefeito conseguiu se eleger, perdendo para Haddad, em São Paulo, até então considerada um fortaleza do PSDB.
Quem sabe, não seja o caso de Aécio, em 2015, reverter a cirurgia plástica que fez.
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