Editorial do site Vermelho:
Começa nesta quinta-feira (12) a Copa do Mundo de futebol. Mais de 3 bilhões de pessoas verão ao vivo o pontapé inicial da competição, que reúne 32 países e é realizada a cada 4 anos, desde 1930.
As atenções de todo o planeta se voltam neste dia para o Estádio do Corinthians, propriedade de um time de futebol fundado por operários e que se localiza também no bairro proletário de Itaquera, zona leste de São Paulo.
É a segunda vez na história que o País abriga a Copa. Como todos sabem, teve lugar no Brasil a Copa de 1950, quando formamos uma das melhores seleções de todos os tempos, derrotada na partida final pelo Uruguai, o que reforçou na época o sentimento de inferioridade perante o estrangeiro, coisa pregada pela ideologia dominante. O dramaturgo Nelson Rodrigues traduziu esse sentimento com a frase "Complexo de Vira Latas", já que a elite brasileira se apequenava diante de tudo o que vinha do exterior.
De lá para cá conquistamos cinco campeonatos mundiais. Nossa Seleção elevou o esporte a outro nível, ao de uma arte corporal e plástica.
No âmbito político, o Brasil foi surrado por um regime militar sangrento, que durou 21 anos e que foi sepultado há quase 30. Ainda estamos construindo uma democracia e foi justamente nos governos de Lula e Dilma que esta avançou muito, a par do combate à miséria, pela justiça social e em defesa da soberania nacional, reconstruindo o que foi destruído nos anos do neoliberalismo da década de 1990 e avançando nas conquistas populares.
De última hora, os brasileiros se deparam com a Copa e o seu legado. De última hora porque às vésperas da estreia da Seleção Brasileira, ainda há cidadãos pintando e decorando felizes as suas ruas, os seus becos, as suas casas modestas, obtidas por meio do programa Minha Casa, Minha Vida.
Muitos deles verão sua primeira Copa, porque antes não tinham sequer energia elétrica. O Luz para Todos iluminou as quebradas, as aldeias, os povoados e as casas de sapé de sitiantes em todas as partes do país. Essas casas, hoje, têm aparelhos de televisão e geladeira, e certamente essas pessoas poderão tomar uma cerveja quando virem um paraplégico dar o pontapé inicial da Copa no campo do Corinthians.
Esta Copa do Mundo começou no distante ano de 2007, quando um comitê encabeçado pelo presidente Lula e pelo então ministro do Esporte, Orlando Silva, vibrou em Genebra ao saber que o Brasil tinha sido escolhido para sediar o Mundial. A Federação Internacional de Futebol Associado, (Fifa) determinava um rodízio de continentes – Europa e América – para a escolha da sede.
A primeira vez que esse rodízio foi quebrado foi com a Copa de 2002, realizada no Japão e na Coreia do Sul. Até 2006 vários países da América pretendiam sediar o evento. Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos e Venezuela demonstraram interesse. Com o passar do tempo, os latino-americanos acabaram abraçando a candidatura do Brasil. A escolha da sede foi divulgada em Zurique, no segundo semestre de 2007.
De lá para cá, a Copa passou pela África do Sul e aquele país tornou-se conhecido mundialmente, por causa de um esporte que não é o mais querido nem o mais praticado pela sua população, mas que mesmo assim desperta ardentes paixões na África austral. A África do Sul mostrou ao mundo que o continente era capaz de realizar um evento de tal grandeza.
Era a vez de a América realizar outro Mundial. E desta vez teria de ser no Brasil, já que já tinham passado 64 anos do Mundial que organizara. Vários países realizaram o evento duas vezes. Apenas o México não foi campeão tendo realizado duas Copas. França, Itália e Alemanha conquistaram uma em cada duas edições. Nada mais justo que o Brasil fosse a sede.
Os últimos dias que antecedem o início da Copa do Mundo no Brasil já mostram que o mundial de futebol começou antes mesmo de a bola rolar. Pelos quatro cantos do Brasil estamos vendo uma enorme interação entre os estrangeiros, tanto turistas como as delegações das seleções, e a população local.
O mais impressionante foi a confraternização da seleção da Alemanha com a tribo indígena Pataxós que fez uma verdadeira festa no Centro de Treinamento dos alemães e com direito a canto e dança para parabenizar o aniversariante daquele dia, o atacante Klose da Alemanha. Os visitantes, contagiados pela alegria dos nativos, vestiram a camisa e cantaram hino de um dos times mais tradicionais, populares e gloriosos do País, o Bahia.
O que dizer então do ex-jogador norte americano Alexis Lalas que ao desembarcar no aeroporto no Rio de Janeiro rasgou elogios e ainda fustigou a grande mídia dizendo que nossos aeroportos são melhores que os dos Estados Unidos. Ao longo de sua estada no Brasil, Lalas diariamente tem feito comentários elogiosos sobre o que tem visto no País.
Ainda tivemos interação na praia entre jogadores holandeses e o povo, no Rio de Janeiro. A seleção inglesa visitou a Rocinha na mesma cidade e se divertiu com as rodas de capoeira, o México foi recebido por milhares de pessoas em Santos, a Espanha recebeu todo o carinho dos curitibanos que foram, numa noite de frio e chuva, ver os atuais campeões mundiais.
Pelas ruas do Brasil também se vê que as pessoas estão no clima da Copa. Em São Paulo, mais de 70 artistas grafitaram os muros da avenida conhecida por Radial Leste, numa extensão de 4 quilômetros, o que constitui hoje o maior grafite da América Latina, com motivos alusivos à Copa.
Pinturas em muros, nas calçadas, enfeites de bandeiras em prédios, postes e casas são vistas pelo Brasil inteiro e até o Google lançou uma ferramenta para acompanhar as lindas paisagens do povo brasileiro celebrando a Copa do Mundo.
O legado da competição para o Brasil é inegável e inquestionável. O Ministério do Turismo prevê um total de 3,7 milhões de turistas, nacionais e estrangeiros, circulando pelo país apenas durante o campeonato. Durante os 30 dias de jogos, a Embratur afirma que os gastos dos turistas deve chegar a R$ 25,2 bilhões.
A expectativa é que o Mundial agregue, até 2019, R$183,2 bilhões ao PIB do Brasil, o que representa 0,4% ao ano. De acordo com uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e Ministério do Turismo, a Copa das Confederações, realizada em 2013, gerou um movimento de R$ 20,7 bilhões, destes, R$ 11 bilhões referentes aos gastos dos turistas. Espera-se que a Copa do Mundo gere três vezes este valor, atingindo a cifra de R$ 30 bilhões.
Os investimentos em mobilidade urbana ultrapassaram R$ 8 bilhões, isso em todas as regiões brasileiras, mas vale lembrar que o Governo Federal investiu pouco mais de R$4 bilhões.
No total foram executados 45 projetos entre veículos leves sobre trilhos, corredores e vias, estações, terminais, centros de controle de tráfego e obras de entorno das estádios.
A geração de empregos também foi enorme. Levando em conta todas as áreas, a Copa do Mundo gerou 710 mil empregos permanentes e temporários, não apenas nas cidades-sede. Além disso, milhares de pessoas foram capacitadas, por meio de sistemas públicos e privados de educação, para atuar na área de recursos humanos.
A presidenta Dilma Rousseff afirmou recentemente que os estrangeiros vão conhecer aqui os aeroportos “padrão Brasil”. A ministra da Cultura, Marta Suplicy ressaltou que é a oportunidade para o país se mostrar além do futebol e do samba.
Já o ex-presidente Lula costuma dizer que o Brasil vai impressionar o mundo com a alegria de seu povo. A Copa das Copas, como designou a presidenta Dilma, está apenas começando, mas a bola continua a rolar por muitos anos ainda. O que acontecer neste período vai se refletir daqui a dois anos, durante as Olimpíadas que trarão mais um novo legado ao País.
Como afirmou a presidenta Dilma em pronunciamento oficial em rede nacional nesta terça-feira (10), “os pessimistas foram derrotados pela capacidade do povo brasileiro”.
A Copa já começou.
Começa nesta quinta-feira (12) a Copa do Mundo de futebol. Mais de 3 bilhões de pessoas verão ao vivo o pontapé inicial da competição, que reúne 32 países e é realizada a cada 4 anos, desde 1930.
As atenções de todo o planeta se voltam neste dia para o Estádio do Corinthians, propriedade de um time de futebol fundado por operários e que se localiza também no bairro proletário de Itaquera, zona leste de São Paulo.
É a segunda vez na história que o País abriga a Copa. Como todos sabem, teve lugar no Brasil a Copa de 1950, quando formamos uma das melhores seleções de todos os tempos, derrotada na partida final pelo Uruguai, o que reforçou na época o sentimento de inferioridade perante o estrangeiro, coisa pregada pela ideologia dominante. O dramaturgo Nelson Rodrigues traduziu esse sentimento com a frase "Complexo de Vira Latas", já que a elite brasileira se apequenava diante de tudo o que vinha do exterior.
De lá para cá conquistamos cinco campeonatos mundiais. Nossa Seleção elevou o esporte a outro nível, ao de uma arte corporal e plástica.
No âmbito político, o Brasil foi surrado por um regime militar sangrento, que durou 21 anos e que foi sepultado há quase 30. Ainda estamos construindo uma democracia e foi justamente nos governos de Lula e Dilma que esta avançou muito, a par do combate à miséria, pela justiça social e em defesa da soberania nacional, reconstruindo o que foi destruído nos anos do neoliberalismo da década de 1990 e avançando nas conquistas populares.
De última hora, os brasileiros se deparam com a Copa e o seu legado. De última hora porque às vésperas da estreia da Seleção Brasileira, ainda há cidadãos pintando e decorando felizes as suas ruas, os seus becos, as suas casas modestas, obtidas por meio do programa Minha Casa, Minha Vida.
Muitos deles verão sua primeira Copa, porque antes não tinham sequer energia elétrica. O Luz para Todos iluminou as quebradas, as aldeias, os povoados e as casas de sapé de sitiantes em todas as partes do país. Essas casas, hoje, têm aparelhos de televisão e geladeira, e certamente essas pessoas poderão tomar uma cerveja quando virem um paraplégico dar o pontapé inicial da Copa no campo do Corinthians.
Esta Copa do Mundo começou no distante ano de 2007, quando um comitê encabeçado pelo presidente Lula e pelo então ministro do Esporte, Orlando Silva, vibrou em Genebra ao saber que o Brasil tinha sido escolhido para sediar o Mundial. A Federação Internacional de Futebol Associado, (Fifa) determinava um rodízio de continentes – Europa e América – para a escolha da sede.
A primeira vez que esse rodízio foi quebrado foi com a Copa de 2002, realizada no Japão e na Coreia do Sul. Até 2006 vários países da América pretendiam sediar o evento. Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos e Venezuela demonstraram interesse. Com o passar do tempo, os latino-americanos acabaram abraçando a candidatura do Brasil. A escolha da sede foi divulgada em Zurique, no segundo semestre de 2007.
De lá para cá, a Copa passou pela África do Sul e aquele país tornou-se conhecido mundialmente, por causa de um esporte que não é o mais querido nem o mais praticado pela sua população, mas que mesmo assim desperta ardentes paixões na África austral. A África do Sul mostrou ao mundo que o continente era capaz de realizar um evento de tal grandeza.
Era a vez de a América realizar outro Mundial. E desta vez teria de ser no Brasil, já que já tinham passado 64 anos do Mundial que organizara. Vários países realizaram o evento duas vezes. Apenas o México não foi campeão tendo realizado duas Copas. França, Itália e Alemanha conquistaram uma em cada duas edições. Nada mais justo que o Brasil fosse a sede.
Os últimos dias que antecedem o início da Copa do Mundo no Brasil já mostram que o mundial de futebol começou antes mesmo de a bola rolar. Pelos quatro cantos do Brasil estamos vendo uma enorme interação entre os estrangeiros, tanto turistas como as delegações das seleções, e a população local.
O mais impressionante foi a confraternização da seleção da Alemanha com a tribo indígena Pataxós que fez uma verdadeira festa no Centro de Treinamento dos alemães e com direito a canto e dança para parabenizar o aniversariante daquele dia, o atacante Klose da Alemanha. Os visitantes, contagiados pela alegria dos nativos, vestiram a camisa e cantaram hino de um dos times mais tradicionais, populares e gloriosos do País, o Bahia.
O que dizer então do ex-jogador norte americano Alexis Lalas que ao desembarcar no aeroporto no Rio de Janeiro rasgou elogios e ainda fustigou a grande mídia dizendo que nossos aeroportos são melhores que os dos Estados Unidos. Ao longo de sua estada no Brasil, Lalas diariamente tem feito comentários elogiosos sobre o que tem visto no País.
Ainda tivemos interação na praia entre jogadores holandeses e o povo, no Rio de Janeiro. A seleção inglesa visitou a Rocinha na mesma cidade e se divertiu com as rodas de capoeira, o México foi recebido por milhares de pessoas em Santos, a Espanha recebeu todo o carinho dos curitibanos que foram, numa noite de frio e chuva, ver os atuais campeões mundiais.
Pelas ruas do Brasil também se vê que as pessoas estão no clima da Copa. Em São Paulo, mais de 70 artistas grafitaram os muros da avenida conhecida por Radial Leste, numa extensão de 4 quilômetros, o que constitui hoje o maior grafite da América Latina, com motivos alusivos à Copa.
Pinturas em muros, nas calçadas, enfeites de bandeiras em prédios, postes e casas são vistas pelo Brasil inteiro e até o Google lançou uma ferramenta para acompanhar as lindas paisagens do povo brasileiro celebrando a Copa do Mundo.
O legado da competição para o Brasil é inegável e inquestionável. O Ministério do Turismo prevê um total de 3,7 milhões de turistas, nacionais e estrangeiros, circulando pelo país apenas durante o campeonato. Durante os 30 dias de jogos, a Embratur afirma que os gastos dos turistas deve chegar a R$ 25,2 bilhões.
A expectativa é que o Mundial agregue, até 2019, R$183,2 bilhões ao PIB do Brasil, o que representa 0,4% ao ano. De acordo com uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e Ministério do Turismo, a Copa das Confederações, realizada em 2013, gerou um movimento de R$ 20,7 bilhões, destes, R$ 11 bilhões referentes aos gastos dos turistas. Espera-se que a Copa do Mundo gere três vezes este valor, atingindo a cifra de R$ 30 bilhões.
Os investimentos em mobilidade urbana ultrapassaram R$ 8 bilhões, isso em todas as regiões brasileiras, mas vale lembrar que o Governo Federal investiu pouco mais de R$4 bilhões.
No total foram executados 45 projetos entre veículos leves sobre trilhos, corredores e vias, estações, terminais, centros de controle de tráfego e obras de entorno das estádios.
A geração de empregos também foi enorme. Levando em conta todas as áreas, a Copa do Mundo gerou 710 mil empregos permanentes e temporários, não apenas nas cidades-sede. Além disso, milhares de pessoas foram capacitadas, por meio de sistemas públicos e privados de educação, para atuar na área de recursos humanos.
A presidenta Dilma Rousseff afirmou recentemente que os estrangeiros vão conhecer aqui os aeroportos “padrão Brasil”. A ministra da Cultura, Marta Suplicy ressaltou que é a oportunidade para o país se mostrar além do futebol e do samba.
Já o ex-presidente Lula costuma dizer que o Brasil vai impressionar o mundo com a alegria de seu povo. A Copa das Copas, como designou a presidenta Dilma, está apenas começando, mas a bola continua a rolar por muitos anos ainda. O que acontecer neste período vai se refletir daqui a dois anos, durante as Olimpíadas que trarão mais um novo legado ao País.
Como afirmou a presidenta Dilma em pronunciamento oficial em rede nacional nesta terça-feira (10), “os pessimistas foram derrotados pela capacidade do povo brasileiro”.
A Copa já começou.
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