A bola para que o mineiro pudesse falar por uns três minutos sobre o tema foi levantada já na primeira pergunta do programa pelo jornalista de Veja, Ricardo Setti. Alguém pode estar dizendo que a primeira questão não foi essa, mas a do apresentador Augusto Nunes que lhe dirigiu a seguinte frase ao início da transmissão: “No dia primeiro de janeiro, depois de eleito presidente, quais serão as suas primeiras medidas”? Convenhamos, amigos, isso não é pergunta…
Aécio falou em 20 mil pessoas contratadas para difamá-lo. Relacionou esse esquema à prefeitura de Guarulhos. E repetiu bordões de ataques a internet dizendo que está tomando as medidas cabíveis para acabar com isso. Aécio esquece-se que quem foi pego com a boca na botija acusando o filho de Lula de ser dono da Friboi foi o filho do seu coordenador de internet Xico Graziano, Daniel Graziano, que tem buscado escapar da Justiça se negando a ir dar depoimento.
Mas nenhum dos jornalistas presentes ao Roda Viva teve a seriedade de devolver-lhe esse fato como questão. Nem Fernando Rodrigues, que entrevistou Cesar Maia, aliado do tucano e que confirmou e criticou a contratação 9 mil militantes virtuais. O que o leitor pode conferir aqui.
Ao que parece o que interessa é criar uma narrativa de que há um grupo de bandidos difamando o senador, porque isso permitirá que o PSDB entre com uma série de processos buscando calar o único espaço capaz de fazer o contraponto midiático à sua tentativa de fazer campanha sem nenhum tipo de oposição.
O objetivo de Aécio é calar a blogosfera que não lhe faz campanha. Que não se comporta como boa parte da bancada do Roda Viva se comportou na noite de ontem. Em muitas repostas de Aécio, por exemplo, o blogueiro da Veja, Augusto Nunes, emitia o seguinte comentário…. óooootimo. E se alguma pergunta mais assertiva era direcionada ao senador, ali estava Nunes para fazer o papel de cão de guarda.
Cocaína
O jornalista Fernando Barros e Silva, da Revista Piauí, destoou do clima geral de compadrio. Fez uma pergunta direta sobre as insinuação de uso de drogas pelo senador e lembrou do episódio do Mineirão, onde foi comparado com Maradona. Além de citar o artigo em que José Serra, no final do ano passado, quando da confirmação da candidatura de Aécio, disse que a cocaína seria tema de campanha em 2014.
Aécio ficou tenso neste momento e contou com Augusto Nunes pra interromper Fernando Barros e Silva. Depois de ter de engolir essa questão, Aécio insinuou em outro momento que Barros e Silva tinha outro candidato.
Ou seja, não me bajulou eu tasco o pau.
O vídeo a seguir conta um pouco da história de como Aécio foi conseguindo o silêncio da imprensa mineira. E a doce cobertura que lhe é feita e que foi denunciada por Mauro Chaves no artigo “Pó, pará, governador?”. Aécio agora quer calar os blogues e os sites que não lhe bajulam. Está claríssimo o seu objetivo. E a entrevista no Roda Viva, depois da matéria injuriosa produzida pela IstoÉ contra a Fórum e o Blog da Cidadania, só torna isso ainda mais claro. Aquela matéria não tem um fato concreto, mas serve para ir criando a narrativa. E para impulsionar uma investigação que busque nos intimidar e silenciar. Esse é o jogo.
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