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O presidente colombiano Juan Manuel Santos, reeleito neste domingo (15) para mais um mandato de quatro anos como chefe de Estado e governo, não é um político de esquerda. Foi ministro da Defesa do governo passado, de Álvaro Uribe, e, como tal, comandou a ofensiva de cerco e aniquilamento às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Sua trajetória política é a de uma liderança das classes dominantes e partidos conservadores.
Mas, no quadro político colombiano, no nível em que a batalha eleitoral se desenvolveu, e considerando o que estava e está em jogo, sua reeleição é um fato positivo para o desenvolvimento da luta política e social no país e para toda a América Latina. Pelo menos, evita a chegada ao poder de forças direitistas extremadas, belicistas, inimigas da paz, forças desestabilizadoras, contrárias à integração soberana e à unidade entre os povos e nações da América Latina e Caribe.
A partir do exercício do mandato presidencial, em face das questões que enfrentou objetivamente, Santos tornou-se, na batalha eleitoral encerrada no domingo, não apenas porta-voz da luta por um “país melhor e mais justo”, como afirmou. Ele compreendeu a emergência, a dimensão e o sentido da luta pela paz. Por isso, como alternativa ao candidato da extrema direita, Óscar Zuluaga, lançado pelo ex-presidente Uribe, mereceu a confiança do eleitorado para seguir uma trajetória de união do povo colombiano, em torno da esperança contra o medo, o ódio e a guerra, que seu adversário representava.
As eleições presidenciais da Colômbia deste ano não foram atos de rotina, o cumprimento formal de obrigações constitucionais. Estavam em jogo não o nome de um candidato ou siglas partidárias, não questões tópicas sobre políticas econômicas, administrativas e sociais, não a capacidade de gestão de cada candidatura, mas se no próximo período presidencial prosseguirá ou não o esforço para conquistar a paz justa em um país dilacerado e traumatizado por um conflito armado interno que já dura meio século.
A bandeira da campanha de Santos foi o processo de paz, que seu governo leva a efeito com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), e que pode tomar ainda mais força se forem iniciados os diálogos, como já anunciado, também com o Exército de Libertação Nacional (ELN).
Santos se dirigiu não somente ao conjunto do povo colombiano, mas especificamente às Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia (Farc) e ao Exército de Libertação Nacional (ELN), para dizer-lhes que é possível que esta guerra termine. “Esta é a finalidade, e é necessário chegar a ela com seriedade e decisão, é o começo de uma nova Colômbia com mais liberdade e justiça social, uma Colômbia em paz consigo mesma.”
Foi também por compreender que era a continuidade do processo de paz que estava em jogo, que uma parte importante das forças progressistas e de esquerda colombiana, assim como setores ponderáveis do movimento social, apoiaram a candidatura de Santos no segundo turno, destacadamente a União Patriótica, a Marcha Patriótica, o Partido Progressista, o Opção Cidadã, a presidenta do Polo Democrático, Clara López, e uma parte da bancada desse agrupamento político, a Central Geral do Trabalho, a Central Unitária dos Trabalhadores, a Confederação Geral do Trabalho, a Organização Nacional Indígena, organizações representativas do campesinato, a Federação Colombiana de Educadores, intelectuais e artistas.
Um eventual triunfo do candidato da extrema direita, senhor de guerra e belicista, Óscar Zuluaga, ponta de lança do ex-presidente Uribe, paralisaria as negociações de paz, já bastante avançadas, entre o governo colombiano e as Farc, e mataria no nascedouro a iniciativa de entabular diálogos na mesma direção com o ELN.
É necessário ainda ressaltar que no exercício do seu primeiro mandato, o presidente Santos compreendeu a importância da coexistência pacífica e da tão ansiada integração latino-americana, sobretudo o fortalecimento da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos, a Celac, para o que contribuiu, com esforços diplomáticos bem orientados. Uma vitória do candidato de Uribe representaria a volta ao comando da política externa de setores alinhados com o imperialismo estadunidense, contrários à unidade latino-americana e incendiários, interessados em fomentar conflitos com países vizinhos governados por forças progressistas, como o Equador e a Venezuela.
Não esqueçamos que foi Uribe que permitiu o aumento das bases militares estadunidenses em território colombiano.
Nada é mais importante hoje na Colômbia do que fortalecer os diálogos de paz e avançar para o fim do conflito armado interno. Ao reeleger Santos, o povo colombiano dá um sinal claro de que quer continuar caminhando nessa direção.
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