Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Marina Silva tem se queixado dos ataques que sofre do PT e do PSDB. É um trabalho de “desconstrução”, reclamou.
Na verdade, ela sabe que é do jogo. Saiu na chuva é para se queimar, na definição genial do saudoso Vicente Matheus.
O caso é que sua taxa de rejeição cresceu de 15% para 18% desde o fim de agosto, de acordo com o Datafolha.
A desconstrução, como ela gosta, seria imensamente mais difícil para seus adversários se Marina não fosse tão contraditória e, por conseguinte, inspirasse tantas dúvidas no eleitorado.
Uma coisa é simbolizar a mudança - e esse tem sido seu principal atributo. Outra é lidar com os fatos e preencher esse ideal para não virar um saco vazio de ilusões.
Na recente sabatina do jornal O Globo, ela se saiu com uma conversa de que faz “aeróbica do bem”. Ninguém perguntou o que diabos isso significa.
Mas sua campanha criou uma página em seu site oficial para rebater os “boatos” acerca de sua candidatura. São insuficientes para dar conta de suas idas e vindas.
Para ficar em algumas: Marina afirma que deu parecer contrário a um projeto que obrigava as bibliotecas a terem uma bíblia. Na verdade, foi relatora de um projeto de lei sobre isso, quando senadora, e não deu nenhum parecer. Um ano depois, devolveu-o porque terminou seu mandato.
Garantiu que é lenda que seja contra os transgênicos, mas há uma miríade de discursos no sentido contrário.
Sobre energia nuclear, contou que a licença ambiental de Angra 3 saiu em sua gestão. A primeira licença foi emitida mais de dois meses após ela deixar o ministério, por Carlos Minc (como esquecer aquele rabo de cavalo e o colete?).
O que significa o tal “comitê de busca dos homens de bem”? Ela decidirá quem são essas pessoas, com base numa suposta moral superior (religiosa?). Mencionou José Serra (que lhe deu um fora), Eduardo Suplicy, Pedro Simon. Quem não faz parte do grupo é, portanto, do mal? Existe um meio termo?
Quem Marina representa de fato? No que seu eleitor deve se agarrar? Nosso colunista Marcos Sacramento perguntou, aqui no DCM, por que ela não dava relevância, na campanha, ao fato de ser negra. A questão, com o perdão do trocadilho, passa em branco.
De acordo com uma boa matéria da BBC Brasil, a candidata do PSB é vista com “desconfiança por professores universitários, institutos de pesquisa, coletivos, organizações sociais e ativistas” (já as lideranças evangélicas mais atrasadas do Brasil, como Malafaia e Feliciano, a apoiam com força, amor e vontade).
A “desconstrução” de Marina é fruto da inconsistência de sua nova política. “Não se pode ser presidente da República em cima de mentiras. Existe um limite, e a sociedade brasileira está percebendo esse limite”, disse ela.
É uma platitude desgraçada, mas nessa ela acertou.
Na verdade, ela sabe que é do jogo. Saiu na chuva é para se queimar, na definição genial do saudoso Vicente Matheus.
O caso é que sua taxa de rejeição cresceu de 15% para 18% desde o fim de agosto, de acordo com o Datafolha.
A desconstrução, como ela gosta, seria imensamente mais difícil para seus adversários se Marina não fosse tão contraditória e, por conseguinte, inspirasse tantas dúvidas no eleitorado.
Uma coisa é simbolizar a mudança - e esse tem sido seu principal atributo. Outra é lidar com os fatos e preencher esse ideal para não virar um saco vazio de ilusões.
Na recente sabatina do jornal O Globo, ela se saiu com uma conversa de que faz “aeróbica do bem”. Ninguém perguntou o que diabos isso significa.
Mas sua campanha criou uma página em seu site oficial para rebater os “boatos” acerca de sua candidatura. São insuficientes para dar conta de suas idas e vindas.
Para ficar em algumas: Marina afirma que deu parecer contrário a um projeto que obrigava as bibliotecas a terem uma bíblia. Na verdade, foi relatora de um projeto de lei sobre isso, quando senadora, e não deu nenhum parecer. Um ano depois, devolveu-o porque terminou seu mandato.
Garantiu que é lenda que seja contra os transgênicos, mas há uma miríade de discursos no sentido contrário.
Sobre energia nuclear, contou que a licença ambiental de Angra 3 saiu em sua gestão. A primeira licença foi emitida mais de dois meses após ela deixar o ministério, por Carlos Minc (como esquecer aquele rabo de cavalo e o colete?).
O que significa o tal “comitê de busca dos homens de bem”? Ela decidirá quem são essas pessoas, com base numa suposta moral superior (religiosa?). Mencionou José Serra (que lhe deu um fora), Eduardo Suplicy, Pedro Simon. Quem não faz parte do grupo é, portanto, do mal? Existe um meio termo?
Quem Marina representa de fato? No que seu eleitor deve se agarrar? Nosso colunista Marcos Sacramento perguntou, aqui no DCM, por que ela não dava relevância, na campanha, ao fato de ser negra. A questão, com o perdão do trocadilho, passa em branco.
De acordo com uma boa matéria da BBC Brasil, a candidata do PSB é vista com “desconfiança por professores universitários, institutos de pesquisa, coletivos, organizações sociais e ativistas” (já as lideranças evangélicas mais atrasadas do Brasil, como Malafaia e Feliciano, a apoiam com força, amor e vontade).
A “desconstrução” de Marina é fruto da inconsistência de sua nova política. “Não se pode ser presidente da República em cima de mentiras. Existe um limite, e a sociedade brasileira está percebendo esse limite”, disse ela.
É uma platitude desgraçada, mas nessa ela acertou.
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