Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa:
O principal extrato da Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 (íntegra aqui), divulgada na sexta-feira (19/12) pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, revela que quase metade da população tem acesso à internet, e desse total 37% a utilizam todos os dias, com uma intensidade de quase 5 horas por dia.
A televisão continua sendo o meio mais utilizado: 95% dos entrevistados afirmaram ver TV regularmente, sendo que 73% têm o hábito de assistir diariamente. Outro aspecto interessante do estudo é o fato de que os jornais continuam sendo apontados como os veículos mais confiáveis, enquanto as revistas perdem credibilidade.
A pesquisa foi encomendada ao Ibope Inteligência, empresa contratada em 2013 por meio de licitação, com a metodologia testada entre setembro e outubro e os dados coletados em novembro deste ano. Trata-se da segunda versão da mesma consulta (ver aqui a primeira versão da pesquisa), planejada para mostrar como o brasileiro usa os meios de comunicação, a frequência de acesso, as motivações e a credibilidade de cada um deles. Como a metodologia foi aprimorada entre as duas primeiras versões, ocorre uma descontinuidade em alguns dados, como a intensidade de uso da internet.
Uma das curiosidades, que contraria em parte o senso comum, é a pujança do rádio: em 2013, 21% dos brasileiros haviam declarado ouvir rádio todos os dias; nesta última pesquisa, esse número subiu para 30%.
Diante da pergunta sobre qual meio de comunicação o entrevistado usa mais, 42% citaram a internet, e destes 76% a acessam todos os dias, com uma exposição média de 4 horas e 59 minutos por dia, entre segunda e sexta-feira, e de 4 horas e 24 minutos nos finais de semana.
Os gráficos revelam, principalmente, que o uso dos meios de comunicação segue o padrão de consumo determinado pela renda, escolaridade e faixa etária: o uso diário e mais intenso da internet é maior entre os jovens com até 25 anos (65%), enquanto entre os adultos com mais de 65 anos essa proporção cai para 4%.
No grupo dos entrevistados com renda familiar de até um salário mínimo, 20% declararam acessar a internet pelo menos uma vez por semana, enquanto nas famílias com renda superior a cinco salários mínimos, 76% têm acesso à rede digital.
Diferenças sociais
A análise dos números deve considerar algumas intercorrências, como a mudança na questão referente à intensidade de uso da TV, do rádio e da internet. Períodos em que a opinião pública sofre intensa mobilização tendem a aumentar a busca por informações através dos meios imediatos, com o uso complementar de múltiplos veículos – o que, de certa forma, contribui para uma maior audiência da televisão, do rádio e da internet.
Embora não esteja contemplado na análise original da pesquisa, deve-se levar em conta, por exemplo, que as entrevistas foram feitas no mês seguinte às eleições que foram consideradas as mais acirradas do período da restauração democrática. Além disso, é preciso considerar que as eleições foram realizadas apenas três meses depois de encerrada a Copa do Mundo, evento que também mobilizou intensamente a sociedade brasileira.
Os resultados tendem a mostrar um quadro restrito ao período mais próximo ao das entrevistas, mas as duas primeiras versões da pesquisa já permitem observar a evolução de tendências no ambiente midiático. No entanto, alguns aspectos, como a mudança na natureza da mediação e o uso complementar de várias mídias, podem não estar contemplados ou explicitados nas conclusões do estudo. Por exemplo, se a primeira informação é obtida na internet ou no rádio e consolidada na leitura de um jornal ou no noticiário da televisão, que encerra o dia, o usuário é induzido a considerar os meios que consolidam a informação como mais confiáveis.
Na grande diversidade de elementos proporcionados pela pesquisa, pode-se destacar a urgência de acelerar a redução das diferenças sociais, por seu efeito na desigualdade de acesso à informação, que, por outro lado, afeta as chances de universalização do bem-estar. A defasagem entre os brasileiros com ensino superior e aqueles que só completaram a 4ª série, por exemplo, pode ser de 87% para 8% na questão da familiaridade com as tecnologias digitais.
Conclusão: democratizar a comunicação é fundamental para a democracia.
A televisão continua sendo o meio mais utilizado: 95% dos entrevistados afirmaram ver TV regularmente, sendo que 73% têm o hábito de assistir diariamente. Outro aspecto interessante do estudo é o fato de que os jornais continuam sendo apontados como os veículos mais confiáveis, enquanto as revistas perdem credibilidade.
A pesquisa foi encomendada ao Ibope Inteligência, empresa contratada em 2013 por meio de licitação, com a metodologia testada entre setembro e outubro e os dados coletados em novembro deste ano. Trata-se da segunda versão da mesma consulta (ver aqui a primeira versão da pesquisa), planejada para mostrar como o brasileiro usa os meios de comunicação, a frequência de acesso, as motivações e a credibilidade de cada um deles. Como a metodologia foi aprimorada entre as duas primeiras versões, ocorre uma descontinuidade em alguns dados, como a intensidade de uso da internet.
Uma das curiosidades, que contraria em parte o senso comum, é a pujança do rádio: em 2013, 21% dos brasileiros haviam declarado ouvir rádio todos os dias; nesta última pesquisa, esse número subiu para 30%.
Diante da pergunta sobre qual meio de comunicação o entrevistado usa mais, 42% citaram a internet, e destes 76% a acessam todos os dias, com uma exposição média de 4 horas e 59 minutos por dia, entre segunda e sexta-feira, e de 4 horas e 24 minutos nos finais de semana.
Os gráficos revelam, principalmente, que o uso dos meios de comunicação segue o padrão de consumo determinado pela renda, escolaridade e faixa etária: o uso diário e mais intenso da internet é maior entre os jovens com até 25 anos (65%), enquanto entre os adultos com mais de 65 anos essa proporção cai para 4%.
No grupo dos entrevistados com renda familiar de até um salário mínimo, 20% declararam acessar a internet pelo menos uma vez por semana, enquanto nas famílias com renda superior a cinco salários mínimos, 76% têm acesso à rede digital.
Diferenças sociais
A análise dos números deve considerar algumas intercorrências, como a mudança na questão referente à intensidade de uso da TV, do rádio e da internet. Períodos em que a opinião pública sofre intensa mobilização tendem a aumentar a busca por informações através dos meios imediatos, com o uso complementar de múltiplos veículos – o que, de certa forma, contribui para uma maior audiência da televisão, do rádio e da internet.
Embora não esteja contemplado na análise original da pesquisa, deve-se levar em conta, por exemplo, que as entrevistas foram feitas no mês seguinte às eleições que foram consideradas as mais acirradas do período da restauração democrática. Além disso, é preciso considerar que as eleições foram realizadas apenas três meses depois de encerrada a Copa do Mundo, evento que também mobilizou intensamente a sociedade brasileira.
Os resultados tendem a mostrar um quadro restrito ao período mais próximo ao das entrevistas, mas as duas primeiras versões da pesquisa já permitem observar a evolução de tendências no ambiente midiático. No entanto, alguns aspectos, como a mudança na natureza da mediação e o uso complementar de várias mídias, podem não estar contemplados ou explicitados nas conclusões do estudo. Por exemplo, se a primeira informação é obtida na internet ou no rádio e consolidada na leitura de um jornal ou no noticiário da televisão, que encerra o dia, o usuário é induzido a considerar os meios que consolidam a informação como mais confiáveis.
Na grande diversidade de elementos proporcionados pela pesquisa, pode-se destacar a urgência de acelerar a redução das diferenças sociais, por seu efeito na desigualdade de acesso à informação, que, por outro lado, afeta as chances de universalização do bem-estar. A defasagem entre os brasileiros com ensino superior e aqueles que só completaram a 4ª série, por exemplo, pode ser de 87% para 8% na questão da familiaridade com as tecnologias digitais.
Conclusão: democratizar a comunicação é fundamental para a democracia.
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