sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O Globo demite. Cadê os "calunistas"?

Por Altamiro Borges

Em mais uma prova de que a mídia impressa está agonizando, o jornal O Globo efetuou nesta quinta-feira (8) um drástico corte em sua redação. Ainda não há dados oficiais e o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro sequer foi comunicado previamente sobre o facão. Fala-se de 18 a 30 funcionários sumariamente dispensados, entre repórteres, editores e colunistas. Segundo o Portal Imprensa, "entre os demitidos estão Fernanda Escóssia, ex-editora de 'País'; os colunistas Jorge Luiz ('Esporte'), Artur Xexéo ('Cultura') e Agostinho Vieira ('Meio Ambiente'); e a ex-editora de 'Rio', Angelina Nunes". A lista macabra também incluiria as repórteres Carla Alencastro, Isabela Bastos, Laura Antunes e Paula Autran, além dos diagramadores Claudio Rocha e Télio Navega. 

Diante desta truculência, o sindicato da categoria divulgou uma nota enérgica, que reproduzo abaixo: 

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Nota do Sindicato em repúdio às demissões em série na Infoglobo

Otimização, revisão de processos, reestruturação. Eufemismos corporativos foram usados pela Infoglobo para justificar demissões em série de jornalistas de ‘O Globo’ nesta quinta-feira (08/01). Os cortes na redação causaram profunda indignação e comoção em toda a categoria dos jornalistas profissionais do Rio por enviar o claro recado de que trabalhadores são materiais descartáveis aos olhos de empresários ávidos por mais lucro. As demissões atingiram desde repórteres com pouco tempo de casa até ‘medalhões’ da imprensa carioca, como colunistas e jornalistas premiados. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro repudia as demissões promovidas pela Infoglobo e coloca-se a disposição de todos os jornalistas dispensados.

Ao Sindicato, a empresa negou que esteja em crise e tratou as demissões como uma ‘medida de otimização após a revisão de dos processos da empresa’. Essa revisão, ainda segundo a Infoglobo, ‘constatou que haviam diferentes unidades produzindo o mesmo tipo de trabalho’ e a necessidade de ‘um modelo de convergência’. A explicação, fria, vaga e tecnicista, só demonstra o lamentável descaso da Infoglobo com profissionais que dedicaram anos de sua vida ao sustento e ao crescimento do jornal. Indignada, a nossa diretoria cobrará mais explicações da empresa em reunião marcada para o início da semana que vem.

Além da frieza cruel ao tratar da dispensa de profissionais com lastro no jornalismo, a Infoglobo ainda promoveu um verdadeiro clima de terror em suas redações ao não comunicar os demais trabalhadores sobre os cortes – que também atingem outras áreas da empresa. O nosso setor jurídico analisa possíveis irregularidades cometidas pela empresa durante as demissões. O Sindicato fará ainda a fiscalização cerrada sobre as homologações para que nenhum direito deixe de ser compensado a esses jornalistas. Hoje é um dia triste para o jornalismo brasileiro.

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro


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Como aponta a nota, o clima no jornal da famiglia Marinho é de terror. Além das demissões, O Globo tem burlado os direitos trabalhistas. No final do ano passado, o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro já havia acionado o Ministério do Trabalho para fiscalizar o jornal. "O objetivo é a apuração e responsabilização da empresa diante de irregularidades em sua relação com os jornalistas. A decisão da diretoria de entrar com a fiscalização se deu após longa e exaustiva tentativa de diálogo no sentido de cobrar a adequação às leis trabalhistas. Houve uma série de reuniões com a empresa e quatro mesas redondas mediadas pelo Ministério do Trabalho ao longo de 2014", explica a entidade sindical.

Ainda de acordo com o sindicato, "os funcionários reclamavam das jornadas estendidas sem a folga obrigatória, da cobrança de horas extras negativas referentes aos sábados não trabalhados, do desrespeito à hora do almoço, entre outros problemas". Já havia boatos de demissões, mas a direção do império global preferiu aguardar a conclusão da campanha eleitoral e o período das festas do final do ano - quando a resistência sindical se torna mais difícil. Agora, as dispensas se confirmam e ainda há o temor de novas demissões. 

Será que os famosos "calunistas" de O Globo, que adoram opinar sobre tudo e sobre todos, irão se pronunciar sobre estas demissões arbitrárias? Merval Pereira, Ricardo Noblat, Miriam Leitão e outros "urubólogos" de plantão irão manifestar a sua indignação e prestarão solidariedade aos demitidos? Ou eles são daqueles que tratam os patrões como companheiros - como sempre ironiza Mino Carta - e não têm qualquer compromisso com os seus colegas de profissão? A conferir!

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