Por Altamiro Borges
A partir da eclosão da crise capitalista em 2008, o velho continente passou por um traumático processo de ajuste fiscal. Imposto pela famigerada “troika” – formada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu e Comissão Europeia –, a política de austeridade causou as maiores vítimas nos primos pobres da região, rotulados pejorativamente de Piigs (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha). Tristes recordes foram batidos nestas nações: desemprego, despejos, suicídios, precarização do trabalho. Houve forte resistência dos trabalhadores. Portugal e Grécia lideraram inúmeras greves gerais. Já na Espanha, a “revolta dos indignados” tomou as principais cidades do país no início de 2011.
Fruto deste processo de acirramento da luta de classes, num cenário bastante complexo e contraditório, agora as vítimas destes países começam a dar o troco com base na centralidade dos processos eleitorais. A Grécia foi o primeiro país a derrotar nas urnas os porta-vozes dos rentistas. A avassaladora vitória do Syriza, em janeiro passado, representou um expressivo não à política de austeridade da “troika”. O novo governo da chamada “esquerda radical” ainda tateia o difícil terreno, mas já sinalizou que está disposto a enfrentar os banqueiros. No início de maio, o primeiro-ministro Alexis Tsipras ameaçou novamente suspender o pagamento de 1,6 bilhão de euros ao FMI. O clima é de tensão na Grécia!
Já neste fim de semana, foram os espanhóis que surpreenderam o mundo nas suas eleições locais. Uma aliança dos “indignados” venceu o pleito na decisiva prefeitura de Barcelona; outro bloco de esquerda quase conquistou Madri. Os partidos responsáveis pelo arrocho fiscal – em especial o direitista PP (Partido Popular), mas também o socialdemocracia PSOE – sofreram a pior derrota desde a redemocratização da Espanha em 1982. Prova do fiasco dos neoliberais assumidos e fingidos: nas eleições municipais anteriores, de 2011, PP e PSOE juntos somaram 65,33% dos votos, com vantagem para o PP (37,54% x 27,79%). Já no domingo, os dois não passaram de 51% (26% e 25%) – sendo que a queda do PP foi de 11%.
Na capital espanhola, a aliança “Ahora Madrid”, que reúne o Podemos – nascido da “revolta dos indignados” – e várias outras siglas de esquerda, deixou de conquistar a prefeitura por apenas um vereador. Madri é governada pelo PP há 24 anos, que deverá fazer, no regime parlamentarista, o novo prefeito da capital. Mas o susto dos conservadores foi enorme. Quase a aliança “Ahora Madrid” elegia Manuela Carmena, uma juíza que se destacou durante a ditadura de Francisco Franco como defensora dos perseguidos políticos. Já em Barcelona, outra mulher – que também foge ao figurino da política tradicional – encabeça a chapa vitoriosa. Ada Colau se projetou na luta contra os humilhantes despejos na cidade.
O jornal “El País”, que fez de tudo para invisibilizar a revolta dos indignados e que não esconde suas ligações com os partidos tradicionais, sentiu o baque das eleições de domingo. Em artigo publicado nesta segunda-feira (25), o diário conservador lamentou a derrota dos velhos políticos. “O presidente do governo [primeiro-ministro] Mariano Rajoy ficou isolado, porque já não resta nenhum outro dirigente da sua geração, seja na cúpula do seu partido, no governo ou nas direções regionais... São tantas as quedas que o PP de Rajoy fica numa situação de extrema debilidade política e institucional”. O jornal já prognostica que as forças de direita poderão ser derrotadas nas eleições nacionais marcadas para novembro.
Em tempo: O surpreendente resultado das eleições na Espanha deveria servir de alerta para alguns integrantes do governo Dilma Rousseff, hoje tão seduzidos pelas políticas de austeridade fiscal!
A partir da eclosão da crise capitalista em 2008, o velho continente passou por um traumático processo de ajuste fiscal. Imposto pela famigerada “troika” – formada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu e Comissão Europeia –, a política de austeridade causou as maiores vítimas nos primos pobres da região, rotulados pejorativamente de Piigs (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha). Tristes recordes foram batidos nestas nações: desemprego, despejos, suicídios, precarização do trabalho. Houve forte resistência dos trabalhadores. Portugal e Grécia lideraram inúmeras greves gerais. Já na Espanha, a “revolta dos indignados” tomou as principais cidades do país no início de 2011.
Fruto deste processo de acirramento da luta de classes, num cenário bastante complexo e contraditório, agora as vítimas destes países começam a dar o troco com base na centralidade dos processos eleitorais. A Grécia foi o primeiro país a derrotar nas urnas os porta-vozes dos rentistas. A avassaladora vitória do Syriza, em janeiro passado, representou um expressivo não à política de austeridade da “troika”. O novo governo da chamada “esquerda radical” ainda tateia o difícil terreno, mas já sinalizou que está disposto a enfrentar os banqueiros. No início de maio, o primeiro-ministro Alexis Tsipras ameaçou novamente suspender o pagamento de 1,6 bilhão de euros ao FMI. O clima é de tensão na Grécia!
Já neste fim de semana, foram os espanhóis que surpreenderam o mundo nas suas eleições locais. Uma aliança dos “indignados” venceu o pleito na decisiva prefeitura de Barcelona; outro bloco de esquerda quase conquistou Madri. Os partidos responsáveis pelo arrocho fiscal – em especial o direitista PP (Partido Popular), mas também o socialdemocracia PSOE – sofreram a pior derrota desde a redemocratização da Espanha em 1982. Prova do fiasco dos neoliberais assumidos e fingidos: nas eleições municipais anteriores, de 2011, PP e PSOE juntos somaram 65,33% dos votos, com vantagem para o PP (37,54% x 27,79%). Já no domingo, os dois não passaram de 51% (26% e 25%) – sendo que a queda do PP foi de 11%.
Na capital espanhola, a aliança “Ahora Madrid”, que reúne o Podemos – nascido da “revolta dos indignados” – e várias outras siglas de esquerda, deixou de conquistar a prefeitura por apenas um vereador. Madri é governada pelo PP há 24 anos, que deverá fazer, no regime parlamentarista, o novo prefeito da capital. Mas o susto dos conservadores foi enorme. Quase a aliança “Ahora Madrid” elegia Manuela Carmena, uma juíza que se destacou durante a ditadura de Francisco Franco como defensora dos perseguidos políticos. Já em Barcelona, outra mulher – que também foge ao figurino da política tradicional – encabeça a chapa vitoriosa. Ada Colau se projetou na luta contra os humilhantes despejos na cidade.
O jornal “El País”, que fez de tudo para invisibilizar a revolta dos indignados e que não esconde suas ligações com os partidos tradicionais, sentiu o baque das eleições de domingo. Em artigo publicado nesta segunda-feira (25), o diário conservador lamentou a derrota dos velhos políticos. “O presidente do governo [primeiro-ministro] Mariano Rajoy ficou isolado, porque já não resta nenhum outro dirigente da sua geração, seja na cúpula do seu partido, no governo ou nas direções regionais... São tantas as quedas que o PP de Rajoy fica numa situação de extrema debilidade política e institucional”. O jornal já prognostica que as forças de direita poderão ser derrotadas nas eleições nacionais marcadas para novembro.
Em tempo: O surpreendente resultado das eleições na Espanha deveria servir de alerta para alguns integrantes do governo Dilma Rousseff, hoje tão seduzidos pelas políticas de austeridade fiscal!
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