Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:
A Folha se tornou um jornal muito esquisito.
Fui dar uma olhada na capa do portal. Sem surpresa: só dá Lava Jato, Dirceu, o de sempre.
A manchete é sobre a prisão de um empresário que tinha feito pagamentos a Dirceu, pelos serviços de consultoria que o ex-ministro prestava, sem esconder isso de ninguém.
Claro, quando interessa, o sujeito não é mais empresário: vira “lobista”, “operador”.
A linguagem é muito importante para estabelecer a narrativa.
Sergio Moro incluiu no texto o seu estilo barbosiano: diz que acha “suspeito” que alguém tenha contratado Dirceu.
O empresário em questão já declarou em juízo que Dirceu prestou serviços prospectando negócios no exterior.
Não adianta.
Moro escreveu aquele texto de Rosa Weber, que condenou Dirceu usando a famigerada frase: “Não tenho provas contra Dirceu, mas a literatura me permite condená-lo”.
Parece que Moro continua pensando do mesmo jeito.
Prende as pessoas porque acha “estranho”. É como se Dirceu tivesse se tornado um vampiro. Qualquer pessoa que tenha contratado seus serviços, se torna também vampiro aos olhos de Moro – e da mídia.
É uma maneira de um setor radicalizado da oposição se vingar dos empresários que não se juntaram ao coro midiático do “delenda Dirceu”.
Mas eu queria falar de outra coisa.
Logo abaixo da manchete, vemos uma chamadinha ultra discreta para a Operação Zelotes, que envolve valores bem mais altos que a Lava Jato, e não corresponde a nenhuma obra, nenhuma refinaria, plataforma, hidrelétrica. É a corrupção pura, aquela que talvez Merval Pereira chamasse “corrupção do bem”.
A chamada: “PT quer inflar Zelotes.”
Ah, bom!
O PSDB não quer “inflar a Lava Jato”, nunca quis “inflar o mensalão”, mas o PT quer “inflar a Zelotes”.
A matéria, assinada por Leonardo Souza, é completamente esquizofrênica, porque o seu teor, o seu tom, a sua linha editorial, confirmam exatamente o que o texto procura denunciar como “delírio” do deputado Paulo Pimenta (PT-RS): o de que a mídia quer abafar esse escândalo.
Ora, os últimos dias trouxeram várias novidades sobre a Zelotes. Paulo Pimenta trouxe os delegados responsáveis pela investigação, que deram depoimentos ricos em informação. Houve um debate interessante na Câmara sobre as insuficiências do sistema para reprimir os crimes tributários.
Foi criada uma CPI no Senado, há somente dois dias!
Não falta assunto.
O que a Folha podia fazer: entrevistar especialistas em direito tributário; ativistas pela justiça fiscal; pesquisar como é feito o combate ao crime tributário em outros países; correr atrás da repercussão da Zelotes na sociedade civil, política e empresarial.
Nada disso. A Folha não agrega informação nenhuma. Não ataca os sonegadores. Não repercute a denúncia do procurador e do deputado, de que o juiz da Zelotes não está ajudando.
Ao invés disso, a Folha publica um texto contra o parlamentar que lidera, há tempos, uma luta solitária contra os grandes esquemas de sonegação no país.
É muito cinismo.
E confirma que o Brasil, se quiser lutar contra a corrupção fiscal, não poderá contar com esta mídia que aí está: vendida, partidária, e, mais que nunca, golpista.
Ah, e sonegadora também.
A Folha se tornou um jornal muito esquisito.
Fui dar uma olhada na capa do portal. Sem surpresa: só dá Lava Jato, Dirceu, o de sempre.
A manchete é sobre a prisão de um empresário que tinha feito pagamentos a Dirceu, pelos serviços de consultoria que o ex-ministro prestava, sem esconder isso de ninguém.
Claro, quando interessa, o sujeito não é mais empresário: vira “lobista”, “operador”.
A linguagem é muito importante para estabelecer a narrativa.
Sergio Moro incluiu no texto o seu estilo barbosiano: diz que acha “suspeito” que alguém tenha contratado Dirceu.
O empresário em questão já declarou em juízo que Dirceu prestou serviços prospectando negócios no exterior.
Não adianta.
Moro escreveu aquele texto de Rosa Weber, que condenou Dirceu usando a famigerada frase: “Não tenho provas contra Dirceu, mas a literatura me permite condená-lo”.
Parece que Moro continua pensando do mesmo jeito.
Prende as pessoas porque acha “estranho”. É como se Dirceu tivesse se tornado um vampiro. Qualquer pessoa que tenha contratado seus serviços, se torna também vampiro aos olhos de Moro – e da mídia.
É uma maneira de um setor radicalizado da oposição se vingar dos empresários que não se juntaram ao coro midiático do “delenda Dirceu”.
Mas eu queria falar de outra coisa.
Logo abaixo da manchete, vemos uma chamadinha ultra discreta para a Operação Zelotes, que envolve valores bem mais altos que a Lava Jato, e não corresponde a nenhuma obra, nenhuma refinaria, plataforma, hidrelétrica. É a corrupção pura, aquela que talvez Merval Pereira chamasse “corrupção do bem”.
A chamada: “PT quer inflar Zelotes.”
Ah, bom!
O PSDB não quer “inflar a Lava Jato”, nunca quis “inflar o mensalão”, mas o PT quer “inflar a Zelotes”.
A matéria, assinada por Leonardo Souza, é completamente esquizofrênica, porque o seu teor, o seu tom, a sua linha editorial, confirmam exatamente o que o texto procura denunciar como “delírio” do deputado Paulo Pimenta (PT-RS): o de que a mídia quer abafar esse escândalo.
Ora, os últimos dias trouxeram várias novidades sobre a Zelotes. Paulo Pimenta trouxe os delegados responsáveis pela investigação, que deram depoimentos ricos em informação. Houve um debate interessante na Câmara sobre as insuficiências do sistema para reprimir os crimes tributários.
Foi criada uma CPI no Senado, há somente dois dias!
Não falta assunto.
O que a Folha podia fazer: entrevistar especialistas em direito tributário; ativistas pela justiça fiscal; pesquisar como é feito o combate ao crime tributário em outros países; correr atrás da repercussão da Zelotes na sociedade civil, política e empresarial.
Nada disso. A Folha não agrega informação nenhuma. Não ataca os sonegadores. Não repercute a denúncia do procurador e do deputado, de que o juiz da Zelotes não está ajudando.
Ao invés disso, a Folha publica um texto contra o parlamentar que lidera, há tempos, uma luta solitária contra os grandes esquemas de sonegação no país.
É muito cinismo.
E confirma que o Brasil, se quiser lutar contra a corrupção fiscal, não poderá contar com esta mídia que aí está: vendida, partidária, e, mais que nunca, golpista.
Ah, e sonegadora também.
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