Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa:
O fim de semana mostra uma imprensa com os sinais invertidos: os jornais chamados de genéricos politizam a economia, produzindo certa confusão em torno do ajuste em tramitação no Congresso, e o principal diário de economia e negócios apresenta a melhor análise do projeto de reforma política que causa grande desentendimento no Parlamento.
Mas esse não é um fato isolado: diante da perda de qualidade dos títulos genéricos, o Valor Econômico se consolida como uma alternativa para quem ainda busca na mídia tradicional os elementos para interpretar o cotidiano brasileiro.
Dada a crescente importância do noticiário econômico na vida das pessoas, pode-se afirmar que, ao completar quinze anos, o jornal que ocupou o lugar da extinta Gazeta Mercantil conquista uma posição confortável para tentar novos avanços. Seus concorrentes, além da versão digital da revista Exame, são o caderno de Economia do Estado de S.Paulo e os sites de publicações estrangeiras especializadas. Nesse mercado, é preciso combinar o público mais bem posicionado na hierarquia das empresas com os jovens executivos em ascensão na carreira.
O fato de o Estado, assim como os outros diários genéricos de circulação nacional, ter contaminado seu noticiário econômico com o viés partidário que condiciona suas escolhas editoriais abre uma perspectiva para o Valor se posicionar um pouco além de sua especialidade.
Com cerca de 60 mil assinantes, o diário nascido de uma parceria do Globo com a Folha de S.Paulo se beneficia do fato de ter menos flutuações em sua carteira de leitores fiéis e aprofunda seu relacionamento com protagonistas do mundo dos negócios por meio do serviço digital Valor PRO.
Apesar de um erro estratégico primário nos seus primeiros anos de vida, quando sucumbiu à onda dos brindes para conquistar assinantes, o projeto ganhou corpo à medida em que a Gazeta Mercantil agonizava. Quinze anos depois, seu núcleo de especialistas pode ampliar as incursões nos campos em que dominam a Folha, o Estado e o Globo. Portanto, não se deve estranhar se oValor aumentar o destaque a temas da política, pois esse seria um caminho natural para captar leitores exigentes que estão frustrados com a queda de qualidade dos três diários de circulação nacional.
Aposta na inteligência
A edição do fim de semana, que circula a partir da sexta-feira, oferece uma espécie de revista na qual se pode encontrar uma coleção de bons textos sobre cultura e política, como a entrevista produzida pelo debate entre o presidente da Câmara dos Deputados e os cientistas políticos Jairo Nicolau e Fernando Limonji, publicada na sexta (22/5).
Enquanto os outros jornais se concentram nos detalhes da disputa política, o texto de Valorpermite ao seu leitor penetrar profundamente nos bastidores do poder e entender aquilo que para o outro público não passa de picuinha.
O confronto de dois scholars com o presidente da Câmara revela como a política real foi se distanciando dos paradigmas que justificam, em tese, o esforço pela democracia. Pressionado por interlocutores qualificados, Eduardo Cunha se vê obrigado a apresentar respostas mais consistentes do que aquelas que distribui durante entrevistas coletivas, quase sempre com um sorriso zombeteiro a denunciar o desprezo que nutre pela imprensa.
O título do caderno é esclarecedor: “A reforma do mercado eleitoral”.
Mesmo que discorde de sua visão específica da atividade política e do sistema partidário que patrocina, o leitor se vê obrigado a refletir sobre as razões do presidente da Câmara, que personifica o triunfo do chamado baixo clero após décadas de uma guerra de extinção entre os grupos políticos mais ideologizados que dominaram a cena até aqui.
Pode-se entender, na conversa dura mantida pelos três debatedores, como o extrato da representação partidária mais pragmático e menos comprometido com princípios programáticos se articula para consolidar o poder adquirido nos últimos meses.
Pode-se imaginar que o esforço de Eduardo Cunha para se impor como líder de uma maioria suprapartidária no Congresso irá durar o tempo que a Justiça levar para envolvê-lo definitivamente na Operação Lava Jato. Mas, ainda assim, o debate publicado pelo Valor Econômico é uma grande contribuição para a formação de opiniões mais consistentes entre seus leitores: trata-se de uma aposta na inteligência do leitor.
Enquanto isso, os três diários genéricos de circulação nacional seguem investindo na escola de formação de midiotas conduzida por seus colunistas pitbulls.
Mas esse não é um fato isolado: diante da perda de qualidade dos títulos genéricos, o Valor Econômico se consolida como uma alternativa para quem ainda busca na mídia tradicional os elementos para interpretar o cotidiano brasileiro.
Dada a crescente importância do noticiário econômico na vida das pessoas, pode-se afirmar que, ao completar quinze anos, o jornal que ocupou o lugar da extinta Gazeta Mercantil conquista uma posição confortável para tentar novos avanços. Seus concorrentes, além da versão digital da revista Exame, são o caderno de Economia do Estado de S.Paulo e os sites de publicações estrangeiras especializadas. Nesse mercado, é preciso combinar o público mais bem posicionado na hierarquia das empresas com os jovens executivos em ascensão na carreira.
O fato de o Estado, assim como os outros diários genéricos de circulação nacional, ter contaminado seu noticiário econômico com o viés partidário que condiciona suas escolhas editoriais abre uma perspectiva para o Valor se posicionar um pouco além de sua especialidade.
Com cerca de 60 mil assinantes, o diário nascido de uma parceria do Globo com a Folha de S.Paulo se beneficia do fato de ter menos flutuações em sua carteira de leitores fiéis e aprofunda seu relacionamento com protagonistas do mundo dos negócios por meio do serviço digital Valor PRO.
Apesar de um erro estratégico primário nos seus primeiros anos de vida, quando sucumbiu à onda dos brindes para conquistar assinantes, o projeto ganhou corpo à medida em que a Gazeta Mercantil agonizava. Quinze anos depois, seu núcleo de especialistas pode ampliar as incursões nos campos em que dominam a Folha, o Estado e o Globo. Portanto, não se deve estranhar se oValor aumentar o destaque a temas da política, pois esse seria um caminho natural para captar leitores exigentes que estão frustrados com a queda de qualidade dos três diários de circulação nacional.
Aposta na inteligência
A edição do fim de semana, que circula a partir da sexta-feira, oferece uma espécie de revista na qual se pode encontrar uma coleção de bons textos sobre cultura e política, como a entrevista produzida pelo debate entre o presidente da Câmara dos Deputados e os cientistas políticos Jairo Nicolau e Fernando Limonji, publicada na sexta (22/5).
Enquanto os outros jornais se concentram nos detalhes da disputa política, o texto de Valorpermite ao seu leitor penetrar profundamente nos bastidores do poder e entender aquilo que para o outro público não passa de picuinha.
O confronto de dois scholars com o presidente da Câmara revela como a política real foi se distanciando dos paradigmas que justificam, em tese, o esforço pela democracia. Pressionado por interlocutores qualificados, Eduardo Cunha se vê obrigado a apresentar respostas mais consistentes do que aquelas que distribui durante entrevistas coletivas, quase sempre com um sorriso zombeteiro a denunciar o desprezo que nutre pela imprensa.
O título do caderno é esclarecedor: “A reforma do mercado eleitoral”.
Mesmo que discorde de sua visão específica da atividade política e do sistema partidário que patrocina, o leitor se vê obrigado a refletir sobre as razões do presidente da Câmara, que personifica o triunfo do chamado baixo clero após décadas de uma guerra de extinção entre os grupos políticos mais ideologizados que dominaram a cena até aqui.
Pode-se entender, na conversa dura mantida pelos três debatedores, como o extrato da representação partidária mais pragmático e menos comprometido com princípios programáticos se articula para consolidar o poder adquirido nos últimos meses.
Pode-se imaginar que o esforço de Eduardo Cunha para se impor como líder de uma maioria suprapartidária no Congresso irá durar o tempo que a Justiça levar para envolvê-lo definitivamente na Operação Lava Jato. Mas, ainda assim, o debate publicado pelo Valor Econômico é uma grande contribuição para a formação de opiniões mais consistentes entre seus leitores: trata-se de uma aposta na inteligência do leitor.
Enquanto isso, os três diários genéricos de circulação nacional seguem investindo na escola de formação de midiotas conduzida por seus colunistas pitbulls.
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