Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Xico Sá está apanhando nas redes sociais por um haicai (“viver é estouro/ sou mais Zé Dirceu/ q o tal do Mouro”) e alguns tuítes (“Não, não, nao, ñ me incomoda q o Psdb seja inimputável, o q me deixa puto é e q a justiça brasileira só veja um lado”, por exemplo).
Gregório Duvivier é chamado de esquerda caviar, comunista e petralha. No ano passado, chegou a ser agredido verbalmente num restaurante no Leblon. Um sujeito falou que ele deveria estar almoçando no bandejão, “já que gosta tanto de pobre”.
Jô Soares é um vendido e um cachorro que senta, deita e rola para Dilma. Uma manhã acordou com uma pichação pedindo sua cabeça no asfalto em frente a seu apartamento em Higienópolis.
Marieta Severo, ao discordar do discurso catastrofista invariavelmente pedestre de Faustão, foi acusada de viver às custas da Lei Rouanet.
Eu sou comunista. Você é comunista. Sua mãe, sua irmã e seu tio são comunistas.
A patrulha ideológica direitista é um fenômeno crescente no Brasil. O mesmo pessoal que vê a ditadura bolivariana debaixo da cama - a mesma ditadura bolivariana que, segundo uma lógica sinistra, manda prender Dirceu, do mesmo partido da ditadura bolivariana - não admite que qualquer pessoa desvie do pensamento único.
Se o sujeito não comunga da mesma visão de mundo, só pode ser por dinheiro, fora o desvio de conduta. Jamais por ideologia ou simpatia a outra causa.
Um dos que mais apontaram o dedo para os “inimigos”, recentemente, foi o dono do blog tucano Implicante, de um certo Gravataí Merengue, pseudônimo idiota de Fernando Gouvea. Gouvea recebia, no final das contas, 70 mil reais por mês do governo Alckmin para fazer esse papel.
Gente como Lobão adora reclamar que seus colegas são “paumolengas” por não embarcarem em sua cavalgada antipetista. Seus seguidores repetem a cantilena. Ora, por que deveriam? É obrigatório? Segundo quem?
De acordo com essas milícias, é crime ser de esquerda, especialmente se o cidadão ganha mais de dois salários mínimos - embora a Constituição assegure o direito de qualquer um crer no que quiser.
Por trás disso, há uma inversão de valores formidável. O artista, ou jornalista, ou engenheiro espacial que bate no governo é corajoso. Ora, vivemos num lugar onde um policial federal se orgulha publicamente de praticar tiro ao alvo com uma foto de Dilma e nada acontece - para ficar em apenas em um caso de “republicanismo”.
Liberdade de pensamento é algo proibitivo para quem vive nessa ilusão monomaníaca. O ex-comediante Danilo Gentili se diz indignado com o fato de seus pares não terem feito piadas com a declaração de Dilma sobre a mandioca (eis um tipo de humor refinado).
Ele, sim, se considera destemido. Agora, tirar um sarro de seu patrão Silvio Santos, nem pensar. Os Simpsons tripudiam com Murdoch, o dono da Fox, há anos.
Um clássico do horror e da ficção científica que serve para ilustrar esse momento é “Invasores de Corpos”. Numa cidade californiana, alienígenas criam clones de humanos, totalmente desprovidos de emoções. Ninguém move uma palha, até a situação ficar insustentável.
Don Siegel, o diretor da versão original, de 1965, fez uma alegoria da caça às bruxas do senador Joseph McCarthy e da omissão da sociedade diante de seus métodos totalitários. “Eu vi acontecer lentamente, ao invés de tudo de uma vez”, diz o herói, o médico Miles Bennel.
O neomacartismo vagabundo brasileiro viceja mais rápido do que se esperava.
Gregório Duvivier é chamado de esquerda caviar, comunista e petralha. No ano passado, chegou a ser agredido verbalmente num restaurante no Leblon. Um sujeito falou que ele deveria estar almoçando no bandejão, “já que gosta tanto de pobre”.
Jô Soares é um vendido e um cachorro que senta, deita e rola para Dilma. Uma manhã acordou com uma pichação pedindo sua cabeça no asfalto em frente a seu apartamento em Higienópolis.
Marieta Severo, ao discordar do discurso catastrofista invariavelmente pedestre de Faustão, foi acusada de viver às custas da Lei Rouanet.
Eu sou comunista. Você é comunista. Sua mãe, sua irmã e seu tio são comunistas.
A patrulha ideológica direitista é um fenômeno crescente no Brasil. O mesmo pessoal que vê a ditadura bolivariana debaixo da cama - a mesma ditadura bolivariana que, segundo uma lógica sinistra, manda prender Dirceu, do mesmo partido da ditadura bolivariana - não admite que qualquer pessoa desvie do pensamento único.
Se o sujeito não comunga da mesma visão de mundo, só pode ser por dinheiro, fora o desvio de conduta. Jamais por ideologia ou simpatia a outra causa.
Um dos que mais apontaram o dedo para os “inimigos”, recentemente, foi o dono do blog tucano Implicante, de um certo Gravataí Merengue, pseudônimo idiota de Fernando Gouvea. Gouvea recebia, no final das contas, 70 mil reais por mês do governo Alckmin para fazer esse papel.
Gente como Lobão adora reclamar que seus colegas são “paumolengas” por não embarcarem em sua cavalgada antipetista. Seus seguidores repetem a cantilena. Ora, por que deveriam? É obrigatório? Segundo quem?
De acordo com essas milícias, é crime ser de esquerda, especialmente se o cidadão ganha mais de dois salários mínimos - embora a Constituição assegure o direito de qualquer um crer no que quiser.
Por trás disso, há uma inversão de valores formidável. O artista, ou jornalista, ou engenheiro espacial que bate no governo é corajoso. Ora, vivemos num lugar onde um policial federal se orgulha publicamente de praticar tiro ao alvo com uma foto de Dilma e nada acontece - para ficar em apenas em um caso de “republicanismo”.
Liberdade de pensamento é algo proibitivo para quem vive nessa ilusão monomaníaca. O ex-comediante Danilo Gentili se diz indignado com o fato de seus pares não terem feito piadas com a declaração de Dilma sobre a mandioca (eis um tipo de humor refinado).
Ele, sim, se considera destemido. Agora, tirar um sarro de seu patrão Silvio Santos, nem pensar. Os Simpsons tripudiam com Murdoch, o dono da Fox, há anos.
Um clássico do horror e da ficção científica que serve para ilustrar esse momento é “Invasores de Corpos”. Numa cidade californiana, alienígenas criam clones de humanos, totalmente desprovidos de emoções. Ninguém move uma palha, até a situação ficar insustentável.
Don Siegel, o diretor da versão original, de 1965, fez uma alegoria da caça às bruxas do senador Joseph McCarthy e da omissão da sociedade diante de seus métodos totalitários. “Eu vi acontecer lentamente, ao invés de tudo de uma vez”, diz o herói, o médico Miles Bennel.
O neomacartismo vagabundo brasileiro viceja mais rápido do que se esperava.
2 comentários:
A gente nem sabe mais o que vai dizer.Tudo isso parece a imbecilidade da guerra.
Valeu Miro.
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