Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Aguarda-se que os grandes jornais falem sobre um “pequeno detalhe” na situação de abastecimento hídrico de São Paulo.
Eles, que com qualquer notícia econômica afirmam nos títulos que tal ou qual resultado é “o pior desde o ano tal”.
Seria bom se dissessem aos seus leitores que a situação da água em São Paulo é pior que a do ano passado, quando já era terrível.
Aos números, todos oficiais, retirados do site da Agência Nacional de Águas, a ANA:
No primeiro dia de setembro de 2014, havia no Cantareira 105,8 milhões de m³ de água disponíveis, já contando com o bombeamento.
Hoje, há 151,6 milhões de m³ armazenados, segundo a Sabesp, ou 147 milhões, de acordo com a ANA.
Mas como, então, tem menos água? 151 não é maior que 105?
É que os truques estatísticos - finalmente bloqueados pela Justiça - da Sabesp continuam confundindo muita gente boa e outra parcela nem tão boa assim.
Explico: em setembro de 2014, não havia sido acrescentado o segundo “volume morto” – de 105 milhões de litros – que aparece como ‘disponível” agora.
Basta olhar os relatórios e se verá que a capacidade total considerada era, há um ano, de 1164 milhões de m³ e, agora, é calculada em 1264 milhões de m³.
Ou seja, se usada a mesma capacidade total considerada na medição de 2014, o registro seria de apenas 42 milhões de m³.
Tanto é assim que o reservatório do Jacareí – o mais importante do sistema – está com água na cota 811 metros sobre o nível do mar, enquanto há um ano estava a 816 metros, cinco metros acima.
Traduzindo de maneira mais clara: há 60 bilhões de litros de água a menos hoje do que há um ano.
As chuvas deste ano, exceto em janeiro e agosto, foram melhores que as do ano passado, é verdade.
Mas, ainda assim, não levaram água suficiente para o consumo, na maior parte do tempo.
É como se você tivesse acumulado um saldo negativo no cheque especial por conta de déficit entre seus gastos e receitas. Este ano, o déficit de sua contabilidade melhorou, mas ainda assim, seu saldo negativo aumentou, mesmo com prejuízos menores. Só que, como o “limite” do cheque especial foi aumentado, você ainda pode sacar um pouco mais.
E não é só no Cantareira: a segunda maior fonte de água de São Paulo, o sistema Alto Tietê, tinha, há um ano, 15,4% de sua capacidade preenchida. Hoje, tem 13,7%.
A esta altura, com toda a consciência que há sobre a crise hídrica paulista, era de se esperar que os jornais não estivessem tão ingênuos.
Eles, que com qualquer notícia econômica afirmam nos títulos que tal ou qual resultado é “o pior desde o ano tal”.
Seria bom se dissessem aos seus leitores que a situação da água em São Paulo é pior que a do ano passado, quando já era terrível.
Aos números, todos oficiais, retirados do site da Agência Nacional de Águas, a ANA:
No primeiro dia de setembro de 2014, havia no Cantareira 105,8 milhões de m³ de água disponíveis, já contando com o bombeamento.
Hoje, há 151,6 milhões de m³ armazenados, segundo a Sabesp, ou 147 milhões, de acordo com a ANA.
Mas como, então, tem menos água? 151 não é maior que 105?
É que os truques estatísticos - finalmente bloqueados pela Justiça - da Sabesp continuam confundindo muita gente boa e outra parcela nem tão boa assim.
Explico: em setembro de 2014, não havia sido acrescentado o segundo “volume morto” – de 105 milhões de litros – que aparece como ‘disponível” agora.
Basta olhar os relatórios e se verá que a capacidade total considerada era, há um ano, de 1164 milhões de m³ e, agora, é calculada em 1264 milhões de m³.
Ou seja, se usada a mesma capacidade total considerada na medição de 2014, o registro seria de apenas 42 milhões de m³.
Tanto é assim que o reservatório do Jacareí – o mais importante do sistema – está com água na cota 811 metros sobre o nível do mar, enquanto há um ano estava a 816 metros, cinco metros acima.
Traduzindo de maneira mais clara: há 60 bilhões de litros de água a menos hoje do que há um ano.
As chuvas deste ano, exceto em janeiro e agosto, foram melhores que as do ano passado, é verdade.
Mas, ainda assim, não levaram água suficiente para o consumo, na maior parte do tempo.
É como se você tivesse acumulado um saldo negativo no cheque especial por conta de déficit entre seus gastos e receitas. Este ano, o déficit de sua contabilidade melhorou, mas ainda assim, seu saldo negativo aumentou, mesmo com prejuízos menores. Só que, como o “limite” do cheque especial foi aumentado, você ainda pode sacar um pouco mais.
E não é só no Cantareira: a segunda maior fonte de água de São Paulo, o sistema Alto Tietê, tinha, há um ano, 15,4% de sua capacidade preenchida. Hoje, tem 13,7%.
A esta altura, com toda a consciência que há sobre a crise hídrica paulista, era de se esperar que os jornais não estivessem tão ingênuos.
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