Por Najla Passos, no site Carta Maior:
Os jornalões falam em “rombo nas contas públicas”, “endividamento do Estado” e “tentativa de recuperação da sua base social”. Mas o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese) afirma que a decisão do governo Dilma de apostar na Política de Valorização do Salário Mínimo como saída para a crise vai injetar R$ 57 bilhões na economia.
O raciocínio é relativamente simples: estima-se que 48,3 milhões de brasileiros têm rendimento referenciado no salário mínimo que, a partir de 1º de janeiro, passará a valer R$ 880, ao invés dos atuais R$ 788. Com mais dinheiro no bolso, as pessoas poderão gastar mais, o que irá gerar um incremento de R$ 30,7 bilhões na arrecadação tributária sobre o consumo. Isso, é claro, além do que será gasto em bens e serviços.
Na verdade, a Política de Valorização do Salário Mínimo – oficializada em 2007, mas já praticada pelos governos petistas desde 2002 - fez com que a renda dos brasileiros mais pobres aumentasse em proporção maior do que a dos mais ricos. São 77,35% de recuperação do salário referência, que valia R$ 200 em 2002. Só neste último ano de crise intensa, o incremento é de 11,68%.
Para o trabalhador, isso significa o maior poder de compra em relação à cesta básica desde 1979. O vencimento irá equivaler a 2,4 vezes o valor da cesta básica calculado pelo Dieese. Em 1995, no início do governo Fernando Henrique Cardoso, correspondia a 1,1.
O valor do novo salário mínimo fica acima do valor que resulta da regra estabelecida para corrigi-lo: a variação do Produto Interno Bruto em 2014, que foi de 0,1%, e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 2015, estimada em 11,17%. O valor resultante da aplicação da regra seria de R$ 876,86, mas o governo arredondou para R$ 880.
Os ortodoxos dizem que a estratégia irá aumentar os gastos do Estado que, já combalido, tem se valido sistematicamente das chamadas “pedaladas fiscais” para fechar seu balanço. Pedaladas fiscais que, inclusive, são a base do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff: a oposição defende que, ao invés de uma operação de crédito diferenciada, a prática constitui crime de responsabilidade.
De fato, o reajuste implicará em um aumento de R$ 2,9 bilhões nos gastos sociais do governo, de acordo com o Ministério do Planejamento. Mas o Dieese afirma que o governo também lucra com esta política, que irá aquecer a economia paralisada pela crise econômica.
“A valorização do salário mínimo induz a ampliação do mercado consumidor interno e, em consequência, fortalece a economia brasileira. Deve e precisa ter continuidade, sobretudo porque o país segue profunda e resistentemente desigual”, afirma o órgão em Nota Técnica divulgada na quarta (30).
Fato é que a medida significa o fim da Era Levy, na qual a política de ajuste fiscal neoliberal aprofundou a crise econômica em velocidade surpreendente. O ex-ministro ortodoxo que deixou o governo na última semana, inclusive, era favorável que o aumento do mínimo previsto para este ano fosse adiado indefinidamente.
Por isso, analistas entendem a decisão do governo como uma virada à esquerda, na qual a presidenta Dilma Rousseff volta a apostar em soluções menos ortodoxas para driblar a crise, como todos esperavam que fizesse desde que foi eleita quando, para surpresa geral, ela adotou a política de austeridade fiscal. Com isso, a expectativa é que o governo recupere pelo menos parte da sua base social em mais um ano que promete não ser fácil para ela.
Os jornalões falam em “rombo nas contas públicas”, “endividamento do Estado” e “tentativa de recuperação da sua base social”. Mas o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese) afirma que a decisão do governo Dilma de apostar na Política de Valorização do Salário Mínimo como saída para a crise vai injetar R$ 57 bilhões na economia.
O raciocínio é relativamente simples: estima-se que 48,3 milhões de brasileiros têm rendimento referenciado no salário mínimo que, a partir de 1º de janeiro, passará a valer R$ 880, ao invés dos atuais R$ 788. Com mais dinheiro no bolso, as pessoas poderão gastar mais, o que irá gerar um incremento de R$ 30,7 bilhões na arrecadação tributária sobre o consumo. Isso, é claro, além do que será gasto em bens e serviços.
Na verdade, a Política de Valorização do Salário Mínimo – oficializada em 2007, mas já praticada pelos governos petistas desde 2002 - fez com que a renda dos brasileiros mais pobres aumentasse em proporção maior do que a dos mais ricos. São 77,35% de recuperação do salário referência, que valia R$ 200 em 2002. Só neste último ano de crise intensa, o incremento é de 11,68%.
Para o trabalhador, isso significa o maior poder de compra em relação à cesta básica desde 1979. O vencimento irá equivaler a 2,4 vezes o valor da cesta básica calculado pelo Dieese. Em 1995, no início do governo Fernando Henrique Cardoso, correspondia a 1,1.
O valor do novo salário mínimo fica acima do valor que resulta da regra estabelecida para corrigi-lo: a variação do Produto Interno Bruto em 2014, que foi de 0,1%, e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 2015, estimada em 11,17%. O valor resultante da aplicação da regra seria de R$ 876,86, mas o governo arredondou para R$ 880.
Os ortodoxos dizem que a estratégia irá aumentar os gastos do Estado que, já combalido, tem se valido sistematicamente das chamadas “pedaladas fiscais” para fechar seu balanço. Pedaladas fiscais que, inclusive, são a base do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff: a oposição defende que, ao invés de uma operação de crédito diferenciada, a prática constitui crime de responsabilidade.
De fato, o reajuste implicará em um aumento de R$ 2,9 bilhões nos gastos sociais do governo, de acordo com o Ministério do Planejamento. Mas o Dieese afirma que o governo também lucra com esta política, que irá aquecer a economia paralisada pela crise econômica.
“A valorização do salário mínimo induz a ampliação do mercado consumidor interno e, em consequência, fortalece a economia brasileira. Deve e precisa ter continuidade, sobretudo porque o país segue profunda e resistentemente desigual”, afirma o órgão em Nota Técnica divulgada na quarta (30).
Fato é que a medida significa o fim da Era Levy, na qual a política de ajuste fiscal neoliberal aprofundou a crise econômica em velocidade surpreendente. O ex-ministro ortodoxo que deixou o governo na última semana, inclusive, era favorável que o aumento do mínimo previsto para este ano fosse adiado indefinidamente.
Por isso, analistas entendem a decisão do governo como uma virada à esquerda, na qual a presidenta Dilma Rousseff volta a apostar em soluções menos ortodoxas para driblar a crise, como todos esperavam que fizesse desde que foi eleita quando, para surpresa geral, ela adotou a política de austeridade fiscal. Com isso, a expectativa é que o governo recupere pelo menos parte da sua base social em mais um ano que promete não ser fácil para ela.
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