Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
Se estas duas primeiras revelações do que será delatado pela Odebrecht – R$ 10 milhões em caixa dois para o PMDB, pedidos por Temer, e de R$ 23 milhões para a campanha de Serra em 2010 - tivessem como beneficiários Lula, Dilma ou o PT, as providências da Lava Jato viriam a jato: remessa imediata ao Procurador-Geral Rodrigo Janot, que rapidamente pediria ao STF autorização para investigá-los, em se tratando de figuras com foro especial, o vice no exercício da Presidência e senador que está ministro de Estado. Mas como se trata do PMDB e do PSDB, todo mundo sabe, os ponteiros do relógio da Lava Jato vão ser contidos.
Se estas duas primeiras revelações do que será delatado pela Odebrecht – R$ 10 milhões em caixa dois para o PMDB, pedidos por Temer, e de R$ 23 milhões para a campanha de Serra em 2010 - tivessem como beneficiários Lula, Dilma ou o PT, as providências da Lava Jato viriam a jato: remessa imediata ao Procurador-Geral Rodrigo Janot, que rapidamente pediria ao STF autorização para investigá-los, em se tratando de figuras com foro especial, o vice no exercício da Presidência e senador que está ministro de Estado. Mas como se trata do PMDB e do PSDB, todo mundo sabe, os ponteiros do relógio da Lava Jato vão ser contidos.
Não há motivos para ilusão. As revelações da Odebrecht, que parece disposta a cumprir a promessa de uma “colaboração definitiva” sobre sua participação no “sistema ilegal ilícito de financiamento do sistema político-eleitoral”, conforme nota que emitiu em março passado, não devem afetar a marcha do golpe no Senado. Nem por isso, o controle do relógio deterá a marcha da História, que aponta para um “blow up” do sistema, uma explosão que permitirá a restauração do funcionamento da instituições democráticas, a depender da participação ativa da sociedade nesta empreitada.
No julgamento de Dilma, diante destas e de novas revelações que virão, um Senado realmente republicano e ciente de seu “papel histórico”, como vem dizendo seu presidente Renan Calheiros para justificar o impeachment, pensaria duas vezes antes de efetivar Temer. Reconduziria Dilma sob o compromisso, que ela vem reiteirando, de voltar não para governar, mas para propiciar a pacificação do país através do plebiscito sobre a nova eleição. Mas é ilusório também esperar isso de uma Casa onde as cartas estão marcadas e contadas. A “colaboração definitiva” pode alcançar mais de cem deputados, mais de dez governadores, mais de 30 senadores. Enquanto estiver em curso a deposição de Dilma, estarão a salvo.
Os ponteiros do relógio da Lava Jato, do Ministério Público e de setores do Judiciário poderão, inclusive, retardar as investigações do que será revelado pela Odebrecht para o ano que vem. Com Temer detonado, mas já tendo cumprido a tarefa de viabilizar o afastamento de Dilma e do PT do governo, não haverá nova eleição presidencial direta, mas a escolha de um presidente pelo Congresso, como prevê a Constituição. O mesmo Congresso que terá centenas de integrantes delatados. Na lista da Odebrecht, estão mais de cem deputados, mais de 30 senadores, mais de dez governadores ou ex-governadores.
Este e outros jogos serão tentados para que tenha êxito o projeto que está na gênese da crise, da Lava Jato e do impeachment: a remoção de um governo popular, derivado das urnas, e sua substituição por um arranjo das elites, para implementar uma agenda que candidato algum defenderá numa campanha. É a velha fórmula prussiana dos acordos “por cima”, que pontilha a História do Brasil. O arranjo que pode estar apenas em sua primeira fase: Com Temer na presidência, em decorrência do singelo fato de que era ele o ocupante da vice-presidência e dispôs-se a participar da conjura.
Mais cedo ou mais tarde, entretanto, haverá a detonação geral. Mais cedo ou mais tarde, a sociedade entrará em cena com vigor ainda não demonstrado nestes quase dois anos de crise, ultrapassando a Lava Jato e os arranjos de cúpula, exigindo o direito de decidir, pelo voto, quem irá governar. Como fez em 1984, na campanha das diretas-já, alterando o resultado do arranjo que estava acertado para o Colégio Eleitoral.
No julgamento de Dilma, diante destas e de novas revelações que virão, um Senado realmente republicano e ciente de seu “papel histórico”, como vem dizendo seu presidente Renan Calheiros para justificar o impeachment, pensaria duas vezes antes de efetivar Temer. Reconduziria Dilma sob o compromisso, que ela vem reiteirando, de voltar não para governar, mas para propiciar a pacificação do país através do plebiscito sobre a nova eleição. Mas é ilusório também esperar isso de uma Casa onde as cartas estão marcadas e contadas. A “colaboração definitiva” pode alcançar mais de cem deputados, mais de dez governadores, mais de 30 senadores. Enquanto estiver em curso a deposição de Dilma, estarão a salvo.
Os ponteiros do relógio da Lava Jato, do Ministério Público e de setores do Judiciário poderão, inclusive, retardar as investigações do que será revelado pela Odebrecht para o ano que vem. Com Temer detonado, mas já tendo cumprido a tarefa de viabilizar o afastamento de Dilma e do PT do governo, não haverá nova eleição presidencial direta, mas a escolha de um presidente pelo Congresso, como prevê a Constituição. O mesmo Congresso que terá centenas de integrantes delatados. Na lista da Odebrecht, estão mais de cem deputados, mais de 30 senadores, mais de dez governadores ou ex-governadores.
Este e outros jogos serão tentados para que tenha êxito o projeto que está na gênese da crise, da Lava Jato e do impeachment: a remoção de um governo popular, derivado das urnas, e sua substituição por um arranjo das elites, para implementar uma agenda que candidato algum defenderá numa campanha. É a velha fórmula prussiana dos acordos “por cima”, que pontilha a História do Brasil. O arranjo que pode estar apenas em sua primeira fase: Com Temer na presidência, em decorrência do singelo fato de que era ele o ocupante da vice-presidência e dispôs-se a participar da conjura.
Mais cedo ou mais tarde, entretanto, haverá a detonação geral. Mais cedo ou mais tarde, a sociedade entrará em cena com vigor ainda não demonstrado nestes quase dois anos de crise, ultrapassando a Lava Jato e os arranjos de cúpula, exigindo o direito de decidir, pelo voto, quem irá governar. Como fez em 1984, na campanha das diretas-já, alterando o resultado do arranjo que estava acertado para o Colégio Eleitoral.
0 comentários:
Postar um comentário