Por André Barrocal, na revista CartaCapital:
O impeachment ainda não é fato consumado, a popularidade de Michel Temer vai pelo rodapé, mas certos aliados do presidente interino já sonham com uma candidatura dele à reeleição na campanha de 2018. Uma hipótese que correu Brasília nos últimos dias e causou atritos de Temer com o PSDB, o segundo maior partido do governo provisório.
Antes de ir ao Rio e ser vaiado na abertura da Olimpíada, o peemedebista queria discutir a relação com o aliado. Programou um jantar com caciques tucanos para a quarta-feira, 3, no Palácio do Jaburu, mas em vão. Os líderes do PSDB não se esforçaram para permanecer em Brasília naquela noite. Sinal nítido de descontentamento.
A ideia da reeleição foi colocada na praça pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em entrevista ao Estado de S. Paulo do sábado 30. “É a única candidatura que pode unificar a base do governo”, disse o deputado, genro de um dos mais próximos auxiliares de Temer, Moreira Franco, o homem das privatizações.
Seria Franco uma das vozes ouvidas pela Folha de S. Paulo em uma reportagem do domingo 31, a noticiar que a reeleição de Temer tinha deixado de ser um assunto “tabu” no governo, conforme atestariam “três ministros proeminentes”?
Um deputado do PMDB, ex-ministro, não tem dúvidas: a mosca azul picou os “temeristas”. A especulação sobre a reeleição do interino, diz ele, seria obra do trio Franco, Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil, e Geddel Vieira Lima, ministro da Secretaria de Governo.
A ideia da reeleição é um abacaxi político. Pode levar o PSDB, partido com três nomes a almejar a Presidência (o chanceler José Serra, o senador mineiro Aécio Neves e o governador paulista Geraldo Alckmin), a fazer corpo-mole no apoio a Temer no Congresso ou mesmo a criar problemas.
É a razão para o interino ter divulgado uma nota no domingo, 31, a dizer: “Não cogito disputar a reeleição”. E para ter ligado dois dias depois para Aécio, presidente do PSDB, a fim a reforçar a mensagem. Não deve ter soado muito convincente, a julgar pelo cancelamento do jantar pretendido com os tucanos.
Nos dias que antecederam sua ascensão ao poder diante do afastamento de Dilma Rousseff pelo Senado, Temer chegou a afirmar publicamente que descartava tentar reeleger-se. Um gesto direcionado aos peessedebistas, com quem contava em sua base de apoio.
A relação do PSDB com Temer é algo maquiavélica. A sigla espera por medidas duras e impopulares por parte do interino na economia, mas que ele não seja um competidor em 2018, para não rivalizar com o candidato tucano. Em suma: que Temer tenha o ônus de comandar o Planalto, sem qualquer bônus eventual.
“Essa ideia de reeleição é algo que não deveria ter sido dita agora. Não se sabe quem estará no jogo em 2018 nem quais serão os resultados do governo”, afirma o deputado tucano Marcus Pestana, um mineiro próximo a Aécio.
“Se o Michel fizer o que se propõe, não tem como disputar a eleição”, diz o deputado peemedebista que apontou a “mosca azul” entre os “temeristas”.
O governo provisório pretende, por exemplo, dificultar o acesso tanto à Previdência, via reforma, quanto aos direitos trabalhistas, via permissão aos empresários para contratar funcionários por meio de acordos que prevaleçam sobre a CLT. Brigas certas com trabalhadores e sindicatos.
É por aí (agenda impopular), aliás, que o PT combaterá Temer, cuja permanência no cargo é vista como irreversível entre muitos petistas. O presidente do partido, Rui Falcão, deu recentemente um sinal claro sobre isso o ânimo na legenda ao dizer não ver “nenhuma viabilidade” para a proposta de plebiscito sobre novas eleições, cartada a ser jogada por Dilma para sobreviver ao impeachment.
O impeachment ainda não é fato consumado, a popularidade de Michel Temer vai pelo rodapé, mas certos aliados do presidente interino já sonham com uma candidatura dele à reeleição na campanha de 2018. Uma hipótese que correu Brasília nos últimos dias e causou atritos de Temer com o PSDB, o segundo maior partido do governo provisório.
Antes de ir ao Rio e ser vaiado na abertura da Olimpíada, o peemedebista queria discutir a relação com o aliado. Programou um jantar com caciques tucanos para a quarta-feira, 3, no Palácio do Jaburu, mas em vão. Os líderes do PSDB não se esforçaram para permanecer em Brasília naquela noite. Sinal nítido de descontentamento.
A ideia da reeleição foi colocada na praça pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em entrevista ao Estado de S. Paulo do sábado 30. “É a única candidatura que pode unificar a base do governo”, disse o deputado, genro de um dos mais próximos auxiliares de Temer, Moreira Franco, o homem das privatizações.
Seria Franco uma das vozes ouvidas pela Folha de S. Paulo em uma reportagem do domingo 31, a noticiar que a reeleição de Temer tinha deixado de ser um assunto “tabu” no governo, conforme atestariam “três ministros proeminentes”?
Um deputado do PMDB, ex-ministro, não tem dúvidas: a mosca azul picou os “temeristas”. A especulação sobre a reeleição do interino, diz ele, seria obra do trio Franco, Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil, e Geddel Vieira Lima, ministro da Secretaria de Governo.
A ideia da reeleição é um abacaxi político. Pode levar o PSDB, partido com três nomes a almejar a Presidência (o chanceler José Serra, o senador mineiro Aécio Neves e o governador paulista Geraldo Alckmin), a fazer corpo-mole no apoio a Temer no Congresso ou mesmo a criar problemas.
É a razão para o interino ter divulgado uma nota no domingo, 31, a dizer: “Não cogito disputar a reeleição”. E para ter ligado dois dias depois para Aécio, presidente do PSDB, a fim a reforçar a mensagem. Não deve ter soado muito convincente, a julgar pelo cancelamento do jantar pretendido com os tucanos.
Nos dias que antecederam sua ascensão ao poder diante do afastamento de Dilma Rousseff pelo Senado, Temer chegou a afirmar publicamente que descartava tentar reeleger-se. Um gesto direcionado aos peessedebistas, com quem contava em sua base de apoio.
A relação do PSDB com Temer é algo maquiavélica. A sigla espera por medidas duras e impopulares por parte do interino na economia, mas que ele não seja um competidor em 2018, para não rivalizar com o candidato tucano. Em suma: que Temer tenha o ônus de comandar o Planalto, sem qualquer bônus eventual.
“Essa ideia de reeleição é algo que não deveria ter sido dita agora. Não se sabe quem estará no jogo em 2018 nem quais serão os resultados do governo”, afirma o deputado tucano Marcus Pestana, um mineiro próximo a Aécio.
“Se o Michel fizer o que se propõe, não tem como disputar a eleição”, diz o deputado peemedebista que apontou a “mosca azul” entre os “temeristas”.
O governo provisório pretende, por exemplo, dificultar o acesso tanto à Previdência, via reforma, quanto aos direitos trabalhistas, via permissão aos empresários para contratar funcionários por meio de acordos que prevaleçam sobre a CLT. Brigas certas com trabalhadores e sindicatos.
É por aí (agenda impopular), aliás, que o PT combaterá Temer, cuja permanência no cargo é vista como irreversível entre muitos petistas. O presidente do partido, Rui Falcão, deu recentemente um sinal claro sobre isso o ânimo na legenda ao dizer não ver “nenhuma viabilidade” para a proposta de plebiscito sobre novas eleições, cartada a ser jogada por Dilma para sobreviver ao impeachment.
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