Por José Reinaldo Carvalho, em seu blog:
Desde o infausto dia 17 de abril, quando a Câmara dos Deputados, ao protagonizar uma vergonhosa jornada de reacionarismo político, tomou a decisão primordial de desferir o golpe de Estado, a frente unida da direita brasileira, formada por PSDB, PMDB, DEM, PSD, PSB, PPS e o mal chamado Centrão, toma impulso na agressão à democracia e à própria instituição parlamentar, numa sucessão vertiginosa de ações.
Por óbvio, quando me refiro à “frente unida”, não suponho a inexistência de contradições no interior do bloco reacionário. Apenas, por ora, é nula a hipótese de se dividir no que lhes parece essencial – a destituição da presidenta Dilma. Decerto, na próxima etapa, vão aparecer as defecções e se imporá a luta selvagem pelo poder, principalmente entre os lados do quarteto PSDB-PMDB-PSD-DEM. Isto será outra história.
Nesta quarta-feira (10), depois de transformar a presidenta Dilma em ré no processo de impeachment, no cumprimento da penúltima etapa do ritual golpista, essas forças de direita, por meio da nefasta dupla Michel Temer/Rodrigo Maia, realizaram uma escandalosa manobra na operação política para salvar da cassação o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, deixando à mostra que a palavra do filho de Cesar Maia vale tanto quanto uma nota de três reais e sobretudo o caráter do bloco que se encontra no poder.
A torpe demarche conduzida pelo inquilino usurpador do Palácio do Planalto e o deputado do DEM carioca é apenas mais um fato a demonstrar a completa falência do “centro” que, nucleado pelo PMDB, constituiu a principal força aliada dos governos progressistas de Lula e Dilma.
O momento ainda não se presta a balanços históricos exaustivos. Mas a via crucis de Dilma, iniciada no dia seguinte à sua reeleição, com a contestação do resultado pelo PSDB e a decisão tomada naquele momento de não permitir que governasse, não teve os tucanos como protagonistas únicos. O primeiro sinal que o PMDB do vice-presidente da República, Michel Temer, do presidente do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha, deu de que estava de malas e bagagens prontas para a viagem oposicionista e golpista, foi um programa de televisão institucional exibido logo após o Carnaval de 2015. Não foi só de natureza estética o choque provocado pela propaganda partidária que em pílulas de 20 segundos apareceu no horário dito nobre da televisão aberta. Na peça publicitária e política, deputados, senadores e ministros anunciavam que estavam a “surpreender” a nação com uma mensagem “de apoio ao Brasil”, mensagem subliminar de que na crise, nas dificuldades, nas circunstâncias em que já eram nítidas as ameaças à democracia e à soberania nacional, o “maior partido do Brasil” não afirmava com clareza sua adesão à presidenta da República, embora sendo detentor de cargos importantes no governo, como a vice-presidência e ministérios estratégicos.
Subsequentemente, o início do mandato de Dilma foi marcado pela hostilidade de Cunha e o jogo duplo de Renan.
Tratava-se de uma mensagem de ambiguidade política que deixava entreaberta a possibilidade de que o “estar com o Brasil” podia significar também estar na oposição. Semelhante fenômeno ocorreu com o PSB, cuja defunção como partido de centro-esquerda começou com a demarcação com o governo Dilma, ainda no primeiro mandato, a partir da vertigem do sucesso após as eleições municipais de 2012, quando o grupo dirigente pavimentou o caminho que o levou à oposição sistemática ao governo Dilma, depois à candidatura própria à presidência da República, à adesão à candidatura neoliberal e conservadora de Aécio no seguindo turno de 2014 e finalmente, à posição ativa a favor do golpe, em 2015 e 2016.
Na encruzilhada em que o país se encontra, a luta pelo programa de transformações políticas e sociais iniciada nos governos de Lula e Dilma entra agora numa nova etapa, que requer opções programáticas, organizativas, aliancistas e metodológicas simultaneamente nítidas e amplas, sem a ilusão de que o epicentro das mudanças estará em uma das forças constitutivas do bloco conservador.
A imensa mobilização da militância de esquerda, das forças progressistas e de amplas camadas do povo brasileiro foi o fator decisivo para as vitórias políticas e eleitorais alcançadas nas últimas quatro eleições presidenciais e, embora insuficiente para barrar o golpe, foi o embrião da resistência, que longe de ter chegado ao fim, apenas começa.
A coalizão política – popular e parlamentar – necessária a uma luta de longo fôlego deve ser capaz de fazer convergir o conjunto das forças democráticas do país, numa perspectiva de afirmação das correntes democráticas, progressistas e anti-imperialistas. As alianças políticas devem estar necessariamente vinculadas à resistência, à luta e à mobilização do povo, o que requer a constituição de um núcleo de forças progressistas e de esquerda e clareza quanto aos objetivos a perseguir – a reconquista da democracia, hoje mutilada pelo governo usurpador e golpista, para avançar na luta pela soberania nacional e o progresso social.
Desde o infausto dia 17 de abril, quando a Câmara dos Deputados, ao protagonizar uma vergonhosa jornada de reacionarismo político, tomou a decisão primordial de desferir o golpe de Estado, a frente unida da direita brasileira, formada por PSDB, PMDB, DEM, PSD, PSB, PPS e o mal chamado Centrão, toma impulso na agressão à democracia e à própria instituição parlamentar, numa sucessão vertiginosa de ações.
Por óbvio, quando me refiro à “frente unida”, não suponho a inexistência de contradições no interior do bloco reacionário. Apenas, por ora, é nula a hipótese de se dividir no que lhes parece essencial – a destituição da presidenta Dilma. Decerto, na próxima etapa, vão aparecer as defecções e se imporá a luta selvagem pelo poder, principalmente entre os lados do quarteto PSDB-PMDB-PSD-DEM. Isto será outra história.
Nesta quarta-feira (10), depois de transformar a presidenta Dilma em ré no processo de impeachment, no cumprimento da penúltima etapa do ritual golpista, essas forças de direita, por meio da nefasta dupla Michel Temer/Rodrigo Maia, realizaram uma escandalosa manobra na operação política para salvar da cassação o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, deixando à mostra que a palavra do filho de Cesar Maia vale tanto quanto uma nota de três reais e sobretudo o caráter do bloco que se encontra no poder.
A torpe demarche conduzida pelo inquilino usurpador do Palácio do Planalto e o deputado do DEM carioca é apenas mais um fato a demonstrar a completa falência do “centro” que, nucleado pelo PMDB, constituiu a principal força aliada dos governos progressistas de Lula e Dilma.
O momento ainda não se presta a balanços históricos exaustivos. Mas a via crucis de Dilma, iniciada no dia seguinte à sua reeleição, com a contestação do resultado pelo PSDB e a decisão tomada naquele momento de não permitir que governasse, não teve os tucanos como protagonistas únicos. O primeiro sinal que o PMDB do vice-presidente da República, Michel Temer, do presidente do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha, deu de que estava de malas e bagagens prontas para a viagem oposicionista e golpista, foi um programa de televisão institucional exibido logo após o Carnaval de 2015. Não foi só de natureza estética o choque provocado pela propaganda partidária que em pílulas de 20 segundos apareceu no horário dito nobre da televisão aberta. Na peça publicitária e política, deputados, senadores e ministros anunciavam que estavam a “surpreender” a nação com uma mensagem “de apoio ao Brasil”, mensagem subliminar de que na crise, nas dificuldades, nas circunstâncias em que já eram nítidas as ameaças à democracia e à soberania nacional, o “maior partido do Brasil” não afirmava com clareza sua adesão à presidenta da República, embora sendo detentor de cargos importantes no governo, como a vice-presidência e ministérios estratégicos.
Subsequentemente, o início do mandato de Dilma foi marcado pela hostilidade de Cunha e o jogo duplo de Renan.
Tratava-se de uma mensagem de ambiguidade política que deixava entreaberta a possibilidade de que o “estar com o Brasil” podia significar também estar na oposição. Semelhante fenômeno ocorreu com o PSB, cuja defunção como partido de centro-esquerda começou com a demarcação com o governo Dilma, ainda no primeiro mandato, a partir da vertigem do sucesso após as eleições municipais de 2012, quando o grupo dirigente pavimentou o caminho que o levou à oposição sistemática ao governo Dilma, depois à candidatura própria à presidência da República, à adesão à candidatura neoliberal e conservadora de Aécio no seguindo turno de 2014 e finalmente, à posição ativa a favor do golpe, em 2015 e 2016.
Na encruzilhada em que o país se encontra, a luta pelo programa de transformações políticas e sociais iniciada nos governos de Lula e Dilma entra agora numa nova etapa, que requer opções programáticas, organizativas, aliancistas e metodológicas simultaneamente nítidas e amplas, sem a ilusão de que o epicentro das mudanças estará em uma das forças constitutivas do bloco conservador.
A imensa mobilização da militância de esquerda, das forças progressistas e de amplas camadas do povo brasileiro foi o fator decisivo para as vitórias políticas e eleitorais alcançadas nas últimas quatro eleições presidenciais e, embora insuficiente para barrar o golpe, foi o embrião da resistência, que longe de ter chegado ao fim, apenas começa.
A coalizão política – popular e parlamentar – necessária a uma luta de longo fôlego deve ser capaz de fazer convergir o conjunto das forças democráticas do país, numa perspectiva de afirmação das correntes democráticas, progressistas e anti-imperialistas. As alianças políticas devem estar necessariamente vinculadas à resistência, à luta e à mobilização do povo, o que requer a constituição de um núcleo de forças progressistas e de esquerda e clareza quanto aos objetivos a perseguir – a reconquista da democracia, hoje mutilada pelo governo usurpador e golpista, para avançar na luta pela soberania nacional e o progresso social.
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