Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Muito se falou de 2016. Que não vai terminar ou que foi o annus horribilis do século XXI para o Brasil. Alguns, porém, dirão que foi magnífico. Há os que têm o que comemorar. É gente que quer que o país se dane; enquanto quase todos perderam, esses grupelhos ganharam justamente porque quase todo mundo se deu mal.
A Folha de São Paulo captou muito bem essa disparidade de visões dos agentes políticos no ano que (não) se encerrará algumas horas após a confecção deste texto. O jornal abriu a dois agentes políticos opostos a seção de suas páginas destinada a um artigo para cada lado das polêmicas que elege.
A polêmica deste sábado, 31 de dezembro de 2017, da Folha foi: “2016 deixará saudade?”
Responderam (sim) Janaína Paschoal – uma entre os juristas que propuseram o impeachment de Dilma Roussef – e (não) José Eduardo Cardozo – ex-ministro da Justiça e advogado-geral da União do governo Dilma Rousseff.
É óbvio que Janaína terá todos os motivos do mundo para vir a ter saudade de 2016, assim como José Eduardo Cardozo terá sempre carradas de motivos para carregar as piores lembranças desse ano terrível para seu grupo político e para quase todos os brasileiros.
Janaína está entre os poucos salafrários que saíram do anonimato para a fama e subiram muito na escala social e política. Essa mulher era uma advogada obscura que mal se fazia notar em suas aulas olhadas de soslaio na faculdade de Direito da USP e, em 2016, ganhou fama nacional e inscreveu seu nome na história, ainda que, no futuro, ela venha a figurar como uma das figuras nefastas que causaram tanto mal a este país com um processo que lhe desfigurou a democracia.
Outros ganhadores são os movimentos de extrema direita surgidos nos protestos de junho de 2013, tais como Vem Pra Rua ou MBL, e que, tanto quanto Janaína, saíram do anonimato e de problemas financeiros sérios para uma fama compulsiva e para lucros astronômicos com o que chamam de “militância política”.
Partidos ganharam. PSDB e DEM, até 2013 vinham minguando. As bancadas reduziam-se eleição após eleição e não tinham mais discurso para oferecer a uma sociedade satisfeita com forte e rápida ascensão social e econômica que experimentava.
De repente, a partir do início da crise política, 3 anos e meio atrás, esses grupelhos foram se tornando os “gurus” improváveis de uma nação dopada e apavorada pela volta de problemas econômicos que não conhecera durante 11 dos 13 anos de governos do PT.
2016 foi o ápice do sucesso de gente que fracassara durante mais de uma década em começar (ou voltar) a se locupletar com a política.
Gente a quem o eleitorado brasileiro não confiou nada desde as eleições de 1998, de repente chegou ao poder e começou a aplicar um programa de “reformas”, ditas “coisas impopulares”, que este povo rejeitou claramente nas eleições de 2014.
Essa gente ganhou muito em 2016. Ganhou tudo. Poder, fama, dinheiro… Mas tudo que os golpistas ganharam será cobrado por quem deu. E quem deu tudo a essa canalha foi o povo, o mesmo povo que virá cobrar a fatura e que não aceitará pagamento falso, pois sabe muito bem o que quer de volta.
O que espera dos golpistas um povo que melhorou tanto de vida na primeira década do século XXI e nos primeiros anos da segunda? O povo quer de volta o consumo fácil, a ascensão social rápida, enfim, tudo aquilo que, entre 2003 e 2011, viu que era possível o povo ter.
É aí que os golpistas que tanto ganharam em 2016 vão se ver diante da conta com a carteira vazia.
Ano que vem, a esta hora, os brasileiros vão ter descoberto que a chegada do PMDB e do PSDB ao poder lhes tirou direitos que há décadas todos pensávamos consolidados e uma melhora de vida que permeou os 14 primeiros anos do século XXI. E vão querer de volta todo o poder e regalias que deram aos farsantes que os enganaram.
***
Em 2017, o Blog da Cidadania comemora 12 anos de existência. Há leitores que estão aqui há todo esse tempo. Com a esmagadora maioria dessas pessoas eu converso muito pouco, mas quero desejar a todas que 2017 seja justo para todos. Para credores e devedores, para inocentes e culpados.
Muito se falou de 2016. Que não vai terminar ou que foi o annus horribilis do século XXI para o Brasil. Alguns, porém, dirão que foi magnífico. Há os que têm o que comemorar. É gente que quer que o país se dane; enquanto quase todos perderam, esses grupelhos ganharam justamente porque quase todo mundo se deu mal.
A Folha de São Paulo captou muito bem essa disparidade de visões dos agentes políticos no ano que (não) se encerrará algumas horas após a confecção deste texto. O jornal abriu a dois agentes políticos opostos a seção de suas páginas destinada a um artigo para cada lado das polêmicas que elege.
A polêmica deste sábado, 31 de dezembro de 2017, da Folha foi: “2016 deixará saudade?”
Responderam (sim) Janaína Paschoal – uma entre os juristas que propuseram o impeachment de Dilma Roussef – e (não) José Eduardo Cardozo – ex-ministro da Justiça e advogado-geral da União do governo Dilma Rousseff.
É óbvio que Janaína terá todos os motivos do mundo para vir a ter saudade de 2016, assim como José Eduardo Cardozo terá sempre carradas de motivos para carregar as piores lembranças desse ano terrível para seu grupo político e para quase todos os brasileiros.
Janaína está entre os poucos salafrários que saíram do anonimato para a fama e subiram muito na escala social e política. Essa mulher era uma advogada obscura que mal se fazia notar em suas aulas olhadas de soslaio na faculdade de Direito da USP e, em 2016, ganhou fama nacional e inscreveu seu nome na história, ainda que, no futuro, ela venha a figurar como uma das figuras nefastas que causaram tanto mal a este país com um processo que lhe desfigurou a democracia.
Outros ganhadores são os movimentos de extrema direita surgidos nos protestos de junho de 2013, tais como Vem Pra Rua ou MBL, e que, tanto quanto Janaína, saíram do anonimato e de problemas financeiros sérios para uma fama compulsiva e para lucros astronômicos com o que chamam de “militância política”.
Partidos ganharam. PSDB e DEM, até 2013 vinham minguando. As bancadas reduziam-se eleição após eleição e não tinham mais discurso para oferecer a uma sociedade satisfeita com forte e rápida ascensão social e econômica que experimentava.
De repente, a partir do início da crise política, 3 anos e meio atrás, esses grupelhos foram se tornando os “gurus” improváveis de uma nação dopada e apavorada pela volta de problemas econômicos que não conhecera durante 11 dos 13 anos de governos do PT.
2016 foi o ápice do sucesso de gente que fracassara durante mais de uma década em começar (ou voltar) a se locupletar com a política.
Gente a quem o eleitorado brasileiro não confiou nada desde as eleições de 1998, de repente chegou ao poder e começou a aplicar um programa de “reformas”, ditas “coisas impopulares”, que este povo rejeitou claramente nas eleições de 2014.
Essa gente ganhou muito em 2016. Ganhou tudo. Poder, fama, dinheiro… Mas tudo que os golpistas ganharam será cobrado por quem deu. E quem deu tudo a essa canalha foi o povo, o mesmo povo que virá cobrar a fatura e que não aceitará pagamento falso, pois sabe muito bem o que quer de volta.
O que espera dos golpistas um povo que melhorou tanto de vida na primeira década do século XXI e nos primeiros anos da segunda? O povo quer de volta o consumo fácil, a ascensão social rápida, enfim, tudo aquilo que, entre 2003 e 2011, viu que era possível o povo ter.
É aí que os golpistas que tanto ganharam em 2016 vão se ver diante da conta com a carteira vazia.
Ano que vem, a esta hora, os brasileiros vão ter descoberto que a chegada do PMDB e do PSDB ao poder lhes tirou direitos que há décadas todos pensávamos consolidados e uma melhora de vida que permeou os 14 primeiros anos do século XXI. E vão querer de volta todo o poder e regalias que deram aos farsantes que os enganaram.
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Em 2017, o Blog da Cidadania comemora 12 anos de existência. Há leitores que estão aqui há todo esse tempo. Com a esmagadora maioria dessas pessoas eu converso muito pouco, mas quero desejar a todas que 2017 seja justo para todos. Para credores e devedores, para inocentes e culpados.
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