Por Altamiro Borges
No sábado passado (11), a Folha publicou uma matéria bombástica que reforça a ideia de que só dá bandidos no covil golpista de Michel Temer. Segundo a reportagem, “o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), e uma empresa imobiliária fecharam um acordo particular e sigiloso para a compra de um terreno de R$ 56 milhões em Marialva (PR) em dezembro de 2013. Com o acordo, Barros se tornou dono de 50% do imóvel, embora na época detivesse um patrimônio declarado à Justiça Eleitoral de R$ 1,8 milhão”. A denúncia, porém, já sumiu da mídia – sabe-se lá a que preço em anúncios publicitários e outras benesses!
De acordo com a reportagem, assinada pelo competente Rubens Valente, no período da compra do terreno, Ricardo Barros ocupava o cargo de Secretário de Indústria e Comércio do Paraná, governado pelo tucano Beto Richa. “A venda foi acertada entre Barros, por meio de duas empresas com capital social de apenas R$ 10 mil cada uma, e a empresa do setor imobiliário Paysage, sediada em Curitiba. As duas famílias de Maringá (PR) que venderam os lotes, os Faion e os Dada, aceitaram um parcelamento. Barros disse à Folha que obteve R$ 13 milhões emprestados da Paysage para dar o sinal inicial de sua parte”.
“No primeiro trimestre de 2016, porém, as famílias passaram a pedir o pagamento de um resíduo que, em valores atualizados, atingiria R$ 7,5 milhões – o restante já havia sido quitado. Não houve acordo e elas recorreram à Justiça. Na ação ajuizada em janeiro último em Marialva, as famílias pediram a intimação de Barros e de sua mulher, a atual vice-governadora do Paraná Cida Borghetti (PP), na condição de ‘garantidores e fiadores’ da operação. Em dezembro de 2015, o casal havia vendido as duas microempresas para a Paysage e dessa forma, segundo o ministro, foi quitado o empréstimo de R$ 13 milhões”.
"Uma operação incomum"
Em outra matéria, o mesmo Rubens Valente dá mais detalhes sobre a transação nebulosa. Lembra que em 2015, na condição de deputado federal do PP, Ricardo Barros apoiou a liberação de R$ 450 milhões de emenda da União para a construção de uma rodovia de 32 km que passa a 3 km do terreno. "A emenda foi apresentada um ano antes pela bancada de parlamentares do Paraná, que incluía a mulher do ministro, a então deputada federal Cida Borghetti (PP), hoje vice-governadora do Estado e sócia dele na compra da propriedade. Na eleição de 2014, Cida declarou um patrimônio de R$ 805 mil”.
O jornalista também ouviu o sinistro integrante do covil golpista e especialistas no tema. Ricardo Barros respondeu, por meio da sua assessoria, que adquiriu o terreno graças ao empréstimo de R$ 13 milhões da Paysage e que utilizou duas empresas, a MRC e a RC7 – criadas em outubro de 2013 e maio de 2014 em nome dele e da mulher – para obter este elevado valor. Nada mais falou sobre o assunto, talvez apostando no esvaziamento da denúncia. Já os especialistas em contabilidade ouvidos pela reportagem estranharam a negociação, tratando-a de “operação incomum”.
“É uma operação não usual, muito estranha. A incorporadora ter passado o dinheiro e ter recebido a empresa de volta sugere que ela aceitou um prejuízo. É uma operação que revela uma relação de amizade", disse o vice-presidente do CFC (Conselho Federal de Contabilidade), Zulmir Ivânio Breda. "O montante emprestado é atípico. Você cria uma empresa de R$ 10 mil para montar uma lojinha, um carrinho de cachorro quente, não para comprar um imóvel de mais de R$ 50 milhões. Não é comum no mercado", disse o presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, Idésio Coelho.
Realmente, “uma operação incomum” – mas muito comum entre os integrantes da quadrilha que assaltou o poder no Brasil.
No sábado passado (11), a Folha publicou uma matéria bombástica que reforça a ideia de que só dá bandidos no covil golpista de Michel Temer. Segundo a reportagem, “o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), e uma empresa imobiliária fecharam um acordo particular e sigiloso para a compra de um terreno de R$ 56 milhões em Marialva (PR) em dezembro de 2013. Com o acordo, Barros se tornou dono de 50% do imóvel, embora na época detivesse um patrimônio declarado à Justiça Eleitoral de R$ 1,8 milhão”. A denúncia, porém, já sumiu da mídia – sabe-se lá a que preço em anúncios publicitários e outras benesses!
De acordo com a reportagem, assinada pelo competente Rubens Valente, no período da compra do terreno, Ricardo Barros ocupava o cargo de Secretário de Indústria e Comércio do Paraná, governado pelo tucano Beto Richa. “A venda foi acertada entre Barros, por meio de duas empresas com capital social de apenas R$ 10 mil cada uma, e a empresa do setor imobiliário Paysage, sediada em Curitiba. As duas famílias de Maringá (PR) que venderam os lotes, os Faion e os Dada, aceitaram um parcelamento. Barros disse à Folha que obteve R$ 13 milhões emprestados da Paysage para dar o sinal inicial de sua parte”.
“No primeiro trimestre de 2016, porém, as famílias passaram a pedir o pagamento de um resíduo que, em valores atualizados, atingiria R$ 7,5 milhões – o restante já havia sido quitado. Não houve acordo e elas recorreram à Justiça. Na ação ajuizada em janeiro último em Marialva, as famílias pediram a intimação de Barros e de sua mulher, a atual vice-governadora do Paraná Cida Borghetti (PP), na condição de ‘garantidores e fiadores’ da operação. Em dezembro de 2015, o casal havia vendido as duas microempresas para a Paysage e dessa forma, segundo o ministro, foi quitado o empréstimo de R$ 13 milhões”.
"Uma operação incomum"
Em outra matéria, o mesmo Rubens Valente dá mais detalhes sobre a transação nebulosa. Lembra que em 2015, na condição de deputado federal do PP, Ricardo Barros apoiou a liberação de R$ 450 milhões de emenda da União para a construção de uma rodovia de 32 km que passa a 3 km do terreno. "A emenda foi apresentada um ano antes pela bancada de parlamentares do Paraná, que incluía a mulher do ministro, a então deputada federal Cida Borghetti (PP), hoje vice-governadora do Estado e sócia dele na compra da propriedade. Na eleição de 2014, Cida declarou um patrimônio de R$ 805 mil”.
O jornalista também ouviu o sinistro integrante do covil golpista e especialistas no tema. Ricardo Barros respondeu, por meio da sua assessoria, que adquiriu o terreno graças ao empréstimo de R$ 13 milhões da Paysage e que utilizou duas empresas, a MRC e a RC7 – criadas em outubro de 2013 e maio de 2014 em nome dele e da mulher – para obter este elevado valor. Nada mais falou sobre o assunto, talvez apostando no esvaziamento da denúncia. Já os especialistas em contabilidade ouvidos pela reportagem estranharam a negociação, tratando-a de “operação incomum”.
“É uma operação não usual, muito estranha. A incorporadora ter passado o dinheiro e ter recebido a empresa de volta sugere que ela aceitou um prejuízo. É uma operação que revela uma relação de amizade", disse o vice-presidente do CFC (Conselho Federal de Contabilidade), Zulmir Ivânio Breda. "O montante emprestado é atípico. Você cria uma empresa de R$ 10 mil para montar uma lojinha, um carrinho de cachorro quente, não para comprar um imóvel de mais de R$ 50 milhões. Não é comum no mercado", disse o presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, Idésio Coelho.
Realmente, “uma operação incomum” – mas muito comum entre os integrantes da quadrilha que assaltou o poder no Brasil.
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