Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:
O jornal El País foi atrás de uma pista dada por Rodrigo Tacla Durán sobre corrupção no Panamá e comprovou que a dica era quente.
Em reportagem publicada nesta quinta-feira, 7 de setembro, pelos repórteres Jose María Irujo e Joaquín Gil, a Odebrecht abriu conta no Banco Privada de Andorra, paraíso fiscal da Europa, em nome dos pais de um dos homens fortes do ex-presidente do Panamá Ricardo Martinelli, que governou o país entre 2009 e 2014.
Os repórteres publicam um documento interno do banco, em que é registrada a informação de que foi o grupo Odebrecht que apresentou os clientes.
Segundo o jornal, os pais do ex-ministro panamenho receberam depósitos de 10 milhões de dólares, o equivalente a 32 milhões de reais. O ex-ministro panamenho foi confrontado com a informação e confirmou a existência da conta, mas disse que era fruto de negócios lícitos.
Para os brasileiros, a reportagem tem importância não apenas porque envolve o nome da Odebrecht, mas principalmente porque reforça a credibilidade das denúncias de Rodrigo Tacla Durán.
Há alguns dias, a coluna da jornalista Mônica Bergamo informou que Durán está escrevendo um livro em que narra o episódio no qual o advogado Carlos Zucolotto Júnior, amigo de Sérgio Moro, que dividiu escritório com a esposa do juiz, tentou lhe vender facilidades na Lava Jato.
Moro, embora não tenha sido acusado diretamente por Tacla Durán, saiu em defesa do advogado Zucolotto, através de nota:
“Lamentável que a palavra de um foragido da Justiça brasileira seja utilizada para levantar suspeitas infundadas sobre a atuação da Justiça”, diz a nota assinada pelo juiz.
Segundo Moro, o relato de Durán era “absolutamente falso” e Zucolotto, padrinho de seu casamento, é “profissional sério e competente”.
O DCM divulgou com exclusividade a informação de que, em documento apresentado à Receita Federal, o escritório de Rodrigo Tacla Durán no Brasil confirmou ter feito pagamentos a Zucolotto e a Rosângela Moro, esposa do juiz, mas não mencionou as razões desses pagamentos, com a alegação de que contratos entre advogados são protegidos por sigilo profissional.
Em novembro do ano passado, Tacla Durán foi acusado pelo Ministério Público Federal de usar seu escritório de advocacia como fachada para operações de lavagem de dinheiro. Tacla seria, na prática, doleiro e trabalhou para a Odebrecht.
Por conta dessa investigação, Moro aceitou o pedido de mandado de prisão contra ele, mas não conseguiu colocá-lo na cadeia.
Quando houve a operação da Policia Federal, chamada de Dragão, Tacla Durán estava fora do Brasil.
Preso na Espanha, se defendeu, a Justiça negou o pedido de extradição e ele foi colocado em liberdade. Tacla Durán tem dupla cidadania – é espanhol e brasileiro.
Em liberdade, em julho deu a entrevista ao El País, em que contou que a Odebrecht mentiu à Justiça brasileira ao dizer que pagou em propina cerca de 8 bilhões de reais. Segundo ele, a conta é muito maior. Passa de 34 bilhões. Na entrevista, citou o caso do Panamá, entre outros.
Dois meses depois, a coluna de Mônica Bergamo informou a existência do projeto de livro e a informação de que Zucolotto ofereceu a ele termos para um acordo de delação premiada – ele ficaria apenas seis meses em prisão domiciliar, com tornozeleira, mas teria que fazer um pagamento por fora.
Na semana passada, a coluna Radar, da Veja, informou que Tacla Durán teve relacionamento profissional com Rosângela Moro e que, por conta disso, Moro deveria ter se afastado da investigação, declarando-se suspeito.
O Ministério Público Federal teve acesso a essa informação, mas, segundo a nota, a omitiu, para não provocar o afastamento do juiz.
Na reportagem publicada hoje pelo El País, os repórteres Jose Maria Irujo e Joaquín Gil protegem a fonte e não contam como tiveram acesso a documentos internos do banco de Andorra.
Mas mencionam que, em julho, entrevistaram Tacla Durán e ele informou que os tentáculos da Odebrecht eram muito mais longos do que se falava no Brasil e alcançavam o Panamá.
Jose Maria Irujo e Joaquín Gil nunca dirão, mas não é preciso ser Sherlock Holmes para desconfiar que os documentos do banco de Andorra saíram do colete de Tacla Durán, que já disse ter prova da negociação travada com o padrinho de casamento de Sergio e Rosângela Moro.
***
Para ler a reportagem do El País, acesse aqui.
O jornal El País foi atrás de uma pista dada por Rodrigo Tacla Durán sobre corrupção no Panamá e comprovou que a dica era quente.
Em reportagem publicada nesta quinta-feira, 7 de setembro, pelos repórteres Jose María Irujo e Joaquín Gil, a Odebrecht abriu conta no Banco Privada de Andorra, paraíso fiscal da Europa, em nome dos pais de um dos homens fortes do ex-presidente do Panamá Ricardo Martinelli, que governou o país entre 2009 e 2014.
Os repórteres publicam um documento interno do banco, em que é registrada a informação de que foi o grupo Odebrecht que apresentou os clientes.
Segundo o jornal, os pais do ex-ministro panamenho receberam depósitos de 10 milhões de dólares, o equivalente a 32 milhões de reais. O ex-ministro panamenho foi confrontado com a informação e confirmou a existência da conta, mas disse que era fruto de negócios lícitos.
Para os brasileiros, a reportagem tem importância não apenas porque envolve o nome da Odebrecht, mas principalmente porque reforça a credibilidade das denúncias de Rodrigo Tacla Durán.
Há alguns dias, a coluna da jornalista Mônica Bergamo informou que Durán está escrevendo um livro em que narra o episódio no qual o advogado Carlos Zucolotto Júnior, amigo de Sérgio Moro, que dividiu escritório com a esposa do juiz, tentou lhe vender facilidades na Lava Jato.
Moro, embora não tenha sido acusado diretamente por Tacla Durán, saiu em defesa do advogado Zucolotto, através de nota:
“Lamentável que a palavra de um foragido da Justiça brasileira seja utilizada para levantar suspeitas infundadas sobre a atuação da Justiça”, diz a nota assinada pelo juiz.
Segundo Moro, o relato de Durán era “absolutamente falso” e Zucolotto, padrinho de seu casamento, é “profissional sério e competente”.
O DCM divulgou com exclusividade a informação de que, em documento apresentado à Receita Federal, o escritório de Rodrigo Tacla Durán no Brasil confirmou ter feito pagamentos a Zucolotto e a Rosângela Moro, esposa do juiz, mas não mencionou as razões desses pagamentos, com a alegação de que contratos entre advogados são protegidos por sigilo profissional.
Em novembro do ano passado, Tacla Durán foi acusado pelo Ministério Público Federal de usar seu escritório de advocacia como fachada para operações de lavagem de dinheiro. Tacla seria, na prática, doleiro e trabalhou para a Odebrecht.
Por conta dessa investigação, Moro aceitou o pedido de mandado de prisão contra ele, mas não conseguiu colocá-lo na cadeia.
Quando houve a operação da Policia Federal, chamada de Dragão, Tacla Durán estava fora do Brasil.
Preso na Espanha, se defendeu, a Justiça negou o pedido de extradição e ele foi colocado em liberdade. Tacla Durán tem dupla cidadania – é espanhol e brasileiro.
Em liberdade, em julho deu a entrevista ao El País, em que contou que a Odebrecht mentiu à Justiça brasileira ao dizer que pagou em propina cerca de 8 bilhões de reais. Segundo ele, a conta é muito maior. Passa de 34 bilhões. Na entrevista, citou o caso do Panamá, entre outros.
Dois meses depois, a coluna de Mônica Bergamo informou a existência do projeto de livro e a informação de que Zucolotto ofereceu a ele termos para um acordo de delação premiada – ele ficaria apenas seis meses em prisão domiciliar, com tornozeleira, mas teria que fazer um pagamento por fora.
Na semana passada, a coluna Radar, da Veja, informou que Tacla Durán teve relacionamento profissional com Rosângela Moro e que, por conta disso, Moro deveria ter se afastado da investigação, declarando-se suspeito.
O Ministério Público Federal teve acesso a essa informação, mas, segundo a nota, a omitiu, para não provocar o afastamento do juiz.
Na reportagem publicada hoje pelo El País, os repórteres Jose Maria Irujo e Joaquín Gil protegem a fonte e não contam como tiveram acesso a documentos internos do banco de Andorra.
Mas mencionam que, em julho, entrevistaram Tacla Durán e ele informou que os tentáculos da Odebrecht eram muito mais longos do que se falava no Brasil e alcançavam o Panamá.
Jose Maria Irujo e Joaquín Gil nunca dirão, mas não é preciso ser Sherlock Holmes para desconfiar que os documentos do banco de Andorra saíram do colete de Tacla Durán, que já disse ter prova da negociação travada com o padrinho de casamento de Sergio e Rosângela Moro.
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Para ler a reportagem do El País, acesse aqui.
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