Foto: Gilson Teixeira |
Nos últimos três anos, o Maranhão passa por sensíveis transformações. Classificado historicamente como um Estado com piores índices de desenvolvimento humano no país, ele presencia a construção de escolas dignas onde antes existiam salas degradadas. Um projeto ousado de alfabetização, em parceria com o MST, permite que as pessoas possam finalmente ler e escrever. Obras são inauguradas todos os meses levando infraestrutura aos municípios antes abandonados. O resultado destas e de outras mudanças impactam o imaginário popular e tem garantido altos índices de aprovação ao governador Flávio Dino (PCdoB), que nas eleições de outubro de 2014 obteve um feito histórico ao derrotar a oligarquia medieval e fisiológica de José Sarney.
Outro efeito já desponta com a aproximação do pleito do próximo ano. O clã Sarney, sempre tão poderoso e autoritário, começa a definhar. Reportagem publicada neste domingo (24) pela Folha apresenta um cenário alentador para a continuidade dos avanços no Estado. “A eleição de 2018 ruma para ser um divisor de águas na história do Maranhão. Depois de meio século de influência política, o clã Sarney tentará retornar ao Palácio dos Leões vendo sua base derreter e aliados históricos debandarem em razão das derrotas nas últimas duas campanhas. Sinal dos tempos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deve apoiar o nome de José Sarney (MDB) para fazer frente ao que pode se tornar o ocaso de sua era”, relata a jornalista Thais Bilenky.
“Em uma demonstração de que a família chega a essa encruzilhada sem sucessores à altura, José Sarney precisou convencer seu principal ativo, a filha, Roseana, a disputar o governo. O cenário para ela é adverso. Dos 217 municípios, Dino conta com o apoio de 180 prefeitos. Quadros historicamente ligados a Sarney, como o ex-ministro Gastão Vieira e os deputados Pedro Fernandes (PTB), Cleber Verde (PRB) e André Fufuca (PP) estão com o governador”. A matéria aponta que, diante das dificuldades, o velho cacique também deverá apostar em outras candidaturas para pulverizar a disputa e provocar o segundo turno. “Outros nomes afinados com o ex-presidente prometem surgir até junho, quando Roseana terá de formalizar se é de fato candidata ou não”.
A derrota do nepotismo
A mesma repórter, em outra matéria, apresenta elementos que demonstram a rápida deterioração do poder do clã Sarney. “Em uma demonstração do momento de virada na política maranhense, o Tribunal de Justiça do Estado quebrou uma tradição de décadas e não apontou a desembargadora Nelma Sarney para a sua presidência. Por ser a mais antiga da corte, a juíza, casada com Ronald, irmão do ex-presidente José Sarney, esperava ser aclamada presidente para o biênio 2018-2019, mas foi surpreendida pela candidatura de José Joaquim Figueiredo dos Anjos, anunciada pouco antes da eleição, em outubro. Em votação secreta, ele obteve apoio de 16 colegas, ela de dez. Um se absteve”. O resultado é mais um indicador do enfraquecimento da oligarquia no Estado.
“Ex-presidente do TRE-MA (Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão), em 2009, a desembargadora Nelma Sarney tem contra si seis processos no CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Em um deles, de setembro, a Corregedoria Nacional de Justiça a questiona por suposto nepotismo ao ter votado na eleição do juiz do TRE na vaga da classe de advogado, em que concorreu Frederico Augusto Costa Lima, sobrinho de seu marido. A eleição interna foi questionada no Tribunal Superior Eleitoral inicialmente porque os outros dois candidatos não se enquadravam nos critérios da disputa, uma por não ter dez anos de advocacia e o outro por ter parentesco com desembargador. No TSE, o ministro Herman Benjamin, porém, constatou que, na verdade, os três cotados eram inaptos para o cargo por nepotismo – dois sobrinhos e uma filha de juízes”.
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