A manchete principal da Folha de S. Paulo de terça-feira (9) é um primor de mau caratismo jornalístico.
Ao alegar – baseada em um consultoria “independente” – que as estatais trouxeram prejuízo de R$ 40 bi ao governo, o Diário Oficial do Golpe passa ao leitorado a impressão de que basta o Estado se livrar do que sobrou para o Brasil deslanchar.
Primeiro seria necessário checar os números. Depois, verificar o quadro geral da situação. Várias estatais tiveram parte de suas receitas podadas por força do processo de privatizações, que fragmentou sistemas integrados – caso das elétricas – e/ou criou negociatas que geraram dívidas monstruosas e vida boa para os controladores – caso da Oi. Aqui, diga-se de passagem, os papagaios chegam a R$ 60 bi. Em apenas uma empresa privatizada!
Não tenho condições agora de levantar os danos causados pelas vendas anteriores nas empresas que seguem em mãos do poder público. Vale apenas lembrar o caso da Infraero, vítima da privataria petista e peemedebista nos últimos anos. Esta foi realizada em nome da “modernização”, que só seria trazida torrando o patrimônio público em tenebrosas concessões.
Uma noticia do R7, de agosto último, é ilustrativa a respeito:
“A intenção do governo federal de repassar à iniciativa privada a administração de ao menos 14 aeroportos coloca a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) em um dos momentos mais delicados da sua história, segundo especialistas ouvidos pelo R7.
A estatal, fundada em 1973 durante o governo militar de Emílio Garrastazu Médici, chegou a administrar mais de 66 terminais em 2011, mas agora caminha para um encolhimento.
Ao fim de 2016, a Infraero registrou 104,7 milhões de embarques e desembarques nos 60 aeroportos que administrava.
Com os terminais já leiloados e com as futuras concessões, a expectativa é de uma perda de 62,6 milhões de embarques e desembarques: queda de 60%, levando em conta os números do ano passado.
Somente as concessões dos terminais de Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Salvador (BA) e Fortaleza (CE), em março, significam uma perda de 23,3% do número de passageiros da estatal em relação a 2016”.
A Folha está cada vez mais se tornado exemplo acabado de jornalismo desonesto.
* Gilberto Maringoni é professor de Relações Internacionais na Universidade Federal do ABC. É também jornalista e cartunista.
Ao alegar – baseada em um consultoria “independente” – que as estatais trouxeram prejuízo de R$ 40 bi ao governo, o Diário Oficial do Golpe passa ao leitorado a impressão de que basta o Estado se livrar do que sobrou para o Brasil deslanchar.
Primeiro seria necessário checar os números. Depois, verificar o quadro geral da situação. Várias estatais tiveram parte de suas receitas podadas por força do processo de privatizações, que fragmentou sistemas integrados – caso das elétricas – e/ou criou negociatas que geraram dívidas monstruosas e vida boa para os controladores – caso da Oi. Aqui, diga-se de passagem, os papagaios chegam a R$ 60 bi. Em apenas uma empresa privatizada!
Não tenho condições agora de levantar os danos causados pelas vendas anteriores nas empresas que seguem em mãos do poder público. Vale apenas lembrar o caso da Infraero, vítima da privataria petista e peemedebista nos últimos anos. Esta foi realizada em nome da “modernização”, que só seria trazida torrando o patrimônio público em tenebrosas concessões.
Uma noticia do R7, de agosto último, é ilustrativa a respeito:
“A intenção do governo federal de repassar à iniciativa privada a administração de ao menos 14 aeroportos coloca a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) em um dos momentos mais delicados da sua história, segundo especialistas ouvidos pelo R7.
A estatal, fundada em 1973 durante o governo militar de Emílio Garrastazu Médici, chegou a administrar mais de 66 terminais em 2011, mas agora caminha para um encolhimento.
Ao fim de 2016, a Infraero registrou 104,7 milhões de embarques e desembarques nos 60 aeroportos que administrava.
Com os terminais já leiloados e com as futuras concessões, a expectativa é de uma perda de 62,6 milhões de embarques e desembarques: queda de 60%, levando em conta os números do ano passado.
Somente as concessões dos terminais de Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Salvador (BA) e Fortaleza (CE), em março, significam uma perda de 23,3% do número de passageiros da estatal em relação a 2016”.
A Folha está cada vez mais se tornado exemplo acabado de jornalismo desonesto.
* Gilberto Maringoni é professor de Relações Internacionais na Universidade Federal do ABC. É também jornalista e cartunista.
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