Por César Kuzma, no blog Caminho pra Casa:
Há um sistema que mata! Mas há um fundamentalismo e conservadorismo (político e religioso) que insistem em matar ainda mais, mesmo depois, tem que sangrar. Incrível!
Há limite para o ódio? Chega a ser assustador.
Interessante como alguns rótulos colocados tentam definir e marcar as pessoas. Não se vê mais nada além, são respostas impostas de fora, taxativas e preconceituosas. Triste! Absurdo!
Enquanto alguns choram a morte de Marielle, sendo ela simbólica pela forma como aconteceu e por ser ela a pessoa que era (pela história, vida e opções que a precederam), outros, sem compaixão, ou com um pseudo-autoritarismo, até cristão, dizem: mulher, negra, pobre, de esquerda, feminista, defensora dos DH, lésbica…. Ofensas que matam! De novo! E outra vez!
Estes jargões atirados são na verdade causas de luta e protesto contra uma sociedade que “mata” mulheres, negando e abusando de seus direitos, ainda mais se forem negras e pobres, quanto mais vindas de comunidades carentes que denunciam qualquer “bom costume” perante a violência e injustiça que são submetidas diariamente. Para ter e ser voz tem que lutar, tem que sair sem abandonar a casa e a causa, sem negar a si mesma, na sua condição de mulher. Negra mulher, preta na cor.
Triste pecado de ser mulher, negra, pobre, de esquerda, feminista e homoafetiva! “Pecado” que gera indignação em alguns, escândalo em outros, silêncio de instituições, mas força em todos aqueles e aquelas que acreditam, que vivem e tem esperança. Sim, pode ser diferente!
É, nossas opções custam caro, paga-se com a vida! Esta atitude deveria pautar o sentimento cristão, e não jargões pré-concebidos, retirados de uma guerra fria requentada. Obriga-se a um olhar mais atento e um calçar os sapatos do outro, da outra, para seguir o caminho trilhado e entender, mesmo que de longe, as opções tomadas e a luta buscada.
Diante da morte temos duas atitudes: reverência e clamor. Reverência pelo mistério, e justiça pelo sangue das vítimas que pulsa em nós e que espera a ressurreição.
Esta deveria ser a mensagem cristã para a Páscoa, frente aos novos crucificados e crucificadas de hoje, mortos pelos tiranos da história, na esperança de um novo dia, onde reine a justiça, o amor e a paz, para todos, e todas!
* César Kuzma é doutor em Teologia pela PUC-Rio, onde é professor e pesquisador, e presidente da SOTER (Sociedade de Teologia e Ciências da Religião). Assessor da Comissão do Laicato da CNBB e do Departamento de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal da América Latina (CELAM). Autor, entre outros, de O futuro de Deus na missão da esperança: uma aproximação escatológica (2014), um estudo sobre a obra do “teólogo da esperança”, o protestante Jürgen Moltmann, e Leigos e Leigas –força e esperança da Igreja no mundo (2009).
Há um sistema que mata! Mas há um fundamentalismo e conservadorismo (político e religioso) que insistem em matar ainda mais, mesmo depois, tem que sangrar. Incrível!
Há limite para o ódio? Chega a ser assustador.
Interessante como alguns rótulos colocados tentam definir e marcar as pessoas. Não se vê mais nada além, são respostas impostas de fora, taxativas e preconceituosas. Triste! Absurdo!
Enquanto alguns choram a morte de Marielle, sendo ela simbólica pela forma como aconteceu e por ser ela a pessoa que era (pela história, vida e opções que a precederam), outros, sem compaixão, ou com um pseudo-autoritarismo, até cristão, dizem: mulher, negra, pobre, de esquerda, feminista, defensora dos DH, lésbica…. Ofensas que matam! De novo! E outra vez!
Estes jargões atirados são na verdade causas de luta e protesto contra uma sociedade que “mata” mulheres, negando e abusando de seus direitos, ainda mais se forem negras e pobres, quanto mais vindas de comunidades carentes que denunciam qualquer “bom costume” perante a violência e injustiça que são submetidas diariamente. Para ter e ser voz tem que lutar, tem que sair sem abandonar a casa e a causa, sem negar a si mesma, na sua condição de mulher. Negra mulher, preta na cor.
Triste pecado de ser mulher, negra, pobre, de esquerda, feminista e homoafetiva! “Pecado” que gera indignação em alguns, escândalo em outros, silêncio de instituições, mas força em todos aqueles e aquelas que acreditam, que vivem e tem esperança. Sim, pode ser diferente!
É, nossas opções custam caro, paga-se com a vida! Esta atitude deveria pautar o sentimento cristão, e não jargões pré-concebidos, retirados de uma guerra fria requentada. Obriga-se a um olhar mais atento e um calçar os sapatos do outro, da outra, para seguir o caminho trilhado e entender, mesmo que de longe, as opções tomadas e a luta buscada.
Diante da morte temos duas atitudes: reverência e clamor. Reverência pelo mistério, e justiça pelo sangue das vítimas que pulsa em nós e que espera a ressurreição.
Esta deveria ser a mensagem cristã para a Páscoa, frente aos novos crucificados e crucificadas de hoje, mortos pelos tiranos da história, na esperança de um novo dia, onde reine a justiça, o amor e a paz, para todos, e todas!
* César Kuzma é doutor em Teologia pela PUC-Rio, onde é professor e pesquisador, e presidente da SOTER (Sociedade de Teologia e Ciências da Religião). Assessor da Comissão do Laicato da CNBB e do Departamento de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal da América Latina (CELAM). Autor, entre outros, de O futuro de Deus na missão da esperança: uma aproximação escatológica (2014), um estudo sobre a obra do “teólogo da esperança”, o protestante Jürgen Moltmann, e Leigos e Leigas –força e esperança da Igreja no mundo (2009).
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