Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Michel Temer, o homem que dizia que uniria o país, está produzindo um esfacelamento completo no (P)MDB, que nunca foi, aliás, mais que uma federação de grupos.
A candidatura de Henrique Meirelles, que não é levada a sério por nenhuma força política – e muito menos pelo eleitorado – empurra os candidatos do partido ao Legislativo para, praticamente, toda a fauna microbiana de candidatos e agrava o nó nordestino do partido, que ajudou a derrubar Dilma mas que, na eleição, sonha em apoiar Lula e tirar disso vantagens eleitorais.
Os dois maiores caciques do partido na região, Renan Calheiros (AL), sempre, e Eunício de Oliveira (CE), hoje no Estadão, deixam isso bem claro, mas o estrago é maior, bem maior.
Não a ponto de, ao menos por enquanto, colocar em risco a confirmação de seu nome na convenção do partido.
Por enquanto, porque a precariedade da situação do atual presidente da República é tamanha que não se pode garantir que, até lá, algum tipo de rebelião surja e Roberto Requião é candidato declarado a propô-la e já chamou de “bobagem” a candidatura Meirelles.
Afinal, não é difícil definir, para os emedebistas, a candidatura de Meirelles como “uma ponte para o abismo” eleitoral.
Como os tucanos vão mal das pernas, perdem a chance de serem, senão em situações locais, “carona” para os órfãos de Temer.
O mais provável é que as estruturas políticas do PMDB desaguem em vários riachos – porque as candidaturas postas não são, afinal, estuários e apontem, felizmente, para um quadro onde o poder da sigla sobre o novo governo mingue significativamente.
Mas também que o PSDB perca, como teve desde que Serra foi derrotado, em 2002, a hegemonia do campo da direita, onde novos atores – a extrema-direita de Jair Bolsonaro, a ressurreição do DEM e o “mercadão” PR-PP-PSD e outros – ocupam lugar não apenas no fundo do palco, nas áreas menos iluminadas.
Quanto a Meirelles, deveria ler e reler a fábula da galinha dos ovos de ouro.
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