Por Mariana Serafini, no site Vermelho:
Recentemente o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que 2018 é o “ano das Américas” e deixou claro seu interesse em ampliar a influência norte-americana nos países latinos. Só este ano já passaram pelo continente sul-americano o vice-presidente Mike Pence, os secretários de Estado, e de Defesa, Rex Tillerson e James Mattis, respectivamente, e o representante do Departamento de Estado, Thomas Shannon.
Esta presença norte-americana – não à toa – se dá através dos governos de direita que assumiram o poder nos últimos anos dispostos a fazer do continente, novamente, um aliado subserviente dos EUA. A mudança do cenário na América Latina, após uma década de hegemonia do ciclo progressista, começou com o golpe de Estado no Paraguai em 2012, seguida da eleição de Maurício Macri na Argentina em 2015, o golpe no Brasil no ano seguinte e a traição de Lenín Moreno à Revolução Cidadã no Equador, mais recentemente.
Brasil, Argentina e Equador são os três países que mais abriram espaço para a presença militar dos EUA no continente nos últimos tempos. Estes acordos se dão através de negociações comerciais, investimentos externos e cooperação entre as Forças Armadas locais e o Departamento de Segurança norte-americano.
Se o governo de Correa se destacou pela altivez ao enfrentar a política ingerencista norte-americana, Lenín faz agora exatamente o contrário. Nos anos de Revolução Cidadã a USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) deixou o Equador após 5 décadas de atividade; foi fechada a base militar norte-americana do território equatoriano, assim como a Unidade de Investigações Especiais dos EUA. Fora isso, o pequeno país andino enfrentou o gigante do Norte ao dar asilo político ao jornalista Julian Assange em sua embaixada em Londres, na Inglaterra.
Lenín Moreno foi eleito para ser a continuação do projeto de Rafael Correa, mas não demorou em trair os princípios da Revolução Cidadã e mudar a agenda política do país à direita. Com esta guinada, abriu o Equador para parcerias militares e deixou de lado a soberania na política externa ao ameaçar dar fim ao asilo de Assange.
Além disso, firmou um Acordo em Cooperação de Segurança com os EUA, aceitou doação de equipamento policial, começou um projeto de cooperação de segurança, anunciou o retorno do país às manobras militares dirigidas pelo Departamento de Segurança norte-americano no continente e a criação de um escritório de cooperação com a Secretaria Nacional de Inteligência.
Uma mudança parecida acontece na Argentina. Se os governos de Néstor (2003 – 2007) e Cristina Kirchner (2007- 2015) foram marcados pela resistência à presença norte-americana no país, Macri não demorou em entregar novamente o território de bandeja a Trump.
Em apenas dois anos, o presidente argentino reativou bases de presença militar norte-americana na Patagônia e negociou outros pontos estratégicos como a região da fronteira com o Brasil, na província de Missiones. Fora isso, firmou acordos entre a Comissão Nacional de Atividades Espaciais argentina e a Nasa, para esta atuar no Ushuaia; e criou um Centro de Fusão de Inteligência a fim de fornecer informações a diferentes agências de segurança norte-americanas.
Sob o pretexto de combater o narcotráfico e o terrorismo, aceitou assistência dos EUA para patrulhar as fronteiras do país que agora voltam a ser militarizadas, medida que fere a Constituição argentina.
Além destas mudanças da política externa no Equador e na Argentina, o governo de Michel Temer também ampliou os diálogos bilaterais com o Departamento de Segurança norte-americano em diversas áreas. Une-se a isto, o fato de que a Colômbia nunca deixou de ser um aliado estratégico para os interesses dos EUA e com a vitória de Iván Duque estará ainda mais exposta à ingerência. Assim, parece que, de fato, este é o “ano das Américas”. O que Washington passa por cima da soberania recuperada durante o auge do ciclo progressista para invadir a América Latina e se instalar em regiões estratégicas como a Amazônia e a Patagônia e controlar nossas fronteiras.
* Com informações do Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica.
Recentemente o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que 2018 é o “ano das Américas” e deixou claro seu interesse em ampliar a influência norte-americana nos países latinos. Só este ano já passaram pelo continente sul-americano o vice-presidente Mike Pence, os secretários de Estado, e de Defesa, Rex Tillerson e James Mattis, respectivamente, e o representante do Departamento de Estado, Thomas Shannon.
Esta presença norte-americana – não à toa – se dá através dos governos de direita que assumiram o poder nos últimos anos dispostos a fazer do continente, novamente, um aliado subserviente dos EUA. A mudança do cenário na América Latina, após uma década de hegemonia do ciclo progressista, começou com o golpe de Estado no Paraguai em 2012, seguida da eleição de Maurício Macri na Argentina em 2015, o golpe no Brasil no ano seguinte e a traição de Lenín Moreno à Revolução Cidadã no Equador, mais recentemente.
Brasil, Argentina e Equador são os três países que mais abriram espaço para a presença militar dos EUA no continente nos últimos tempos. Estes acordos se dão através de negociações comerciais, investimentos externos e cooperação entre as Forças Armadas locais e o Departamento de Segurança norte-americano.
Se o governo de Correa se destacou pela altivez ao enfrentar a política ingerencista norte-americana, Lenín faz agora exatamente o contrário. Nos anos de Revolução Cidadã a USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) deixou o Equador após 5 décadas de atividade; foi fechada a base militar norte-americana do território equatoriano, assim como a Unidade de Investigações Especiais dos EUA. Fora isso, o pequeno país andino enfrentou o gigante do Norte ao dar asilo político ao jornalista Julian Assange em sua embaixada em Londres, na Inglaterra.
Lenín Moreno foi eleito para ser a continuação do projeto de Rafael Correa, mas não demorou em trair os princípios da Revolução Cidadã e mudar a agenda política do país à direita. Com esta guinada, abriu o Equador para parcerias militares e deixou de lado a soberania na política externa ao ameaçar dar fim ao asilo de Assange.
Além disso, firmou um Acordo em Cooperação de Segurança com os EUA, aceitou doação de equipamento policial, começou um projeto de cooperação de segurança, anunciou o retorno do país às manobras militares dirigidas pelo Departamento de Segurança norte-americano no continente e a criação de um escritório de cooperação com a Secretaria Nacional de Inteligência.
Uma mudança parecida acontece na Argentina. Se os governos de Néstor (2003 – 2007) e Cristina Kirchner (2007- 2015) foram marcados pela resistência à presença norte-americana no país, Macri não demorou em entregar novamente o território de bandeja a Trump.
Em apenas dois anos, o presidente argentino reativou bases de presença militar norte-americana na Patagônia e negociou outros pontos estratégicos como a região da fronteira com o Brasil, na província de Missiones. Fora isso, firmou acordos entre a Comissão Nacional de Atividades Espaciais argentina e a Nasa, para esta atuar no Ushuaia; e criou um Centro de Fusão de Inteligência a fim de fornecer informações a diferentes agências de segurança norte-americanas.
Sob o pretexto de combater o narcotráfico e o terrorismo, aceitou assistência dos EUA para patrulhar as fronteiras do país que agora voltam a ser militarizadas, medida que fere a Constituição argentina.
Além destas mudanças da política externa no Equador e na Argentina, o governo de Michel Temer também ampliou os diálogos bilaterais com o Departamento de Segurança norte-americano em diversas áreas. Une-se a isto, o fato de que a Colômbia nunca deixou de ser um aliado estratégico para os interesses dos EUA e com a vitória de Iván Duque estará ainda mais exposta à ingerência. Assim, parece que, de fato, este é o “ano das Américas”. O que Washington passa por cima da soberania recuperada durante o auge do ciclo progressista para invadir a América Latina e se instalar em regiões estratégicas como a Amazônia e a Patagônia e controlar nossas fronteiras.
* Com informações do Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica.
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