Por Cristiane Sampaio, no jornal Brasil de Fato:
Atuais adversários no campo político-eleitoral, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), ambos pré-candidatos à Presidência da República pelas suas legendas, tentam se descolar da figura do presidente golpista Michel Temer (MDB), que amarga baixos índices de popularidades.
Os três, no entanto, estão situados em espectros políticos semelhantes quando se observa, por exemplo, o comportamento dos partidos a que pertencem Alckmin e Bolsonaro, especialmente em temas econômicos.
Para se ter uma ideia, um levantamento recente divulgado pela consultoria Arko Advice mostrou que o PSL, partido para o qual Bolsonaro migrou em janeiro de 2018, foi a sigla mais fiel a Temer no primeiro semestre deste ano. O dado está relacionado a 107 votações de interesse do Planalto ocorridas na Câmara dos Deputados.
A bancada do partido, que tem oito parlamentares, acompanhou o governo em 67,73% das votações da Casa. Os tucanos não ficaram muito atrás, ocupando a terceira posição no ranking de alinhamento com o governo, apresentando um percentual de 63,05%.
Entre as duas siglas está o MDB, partido de Temer, que fica em segundo lugar, com 64,34%.
PSL e PSDB ajudaram a aprovar, por exemplo, a proposta que permite a venda direta do petróleo de propriedade da União que é extraído do pré-sal. Além disso, votaram favoravelmente à liberação de créditos suplementares no valor de R$ 439,5 milhões para diferentes órgãos do Pode Executivo.
A abertura de crédito especial – chamada de “pedaladas fiscais” – foi um dos motivos alegados pela maioria do Congresso Nacional para votar a favor do golpe que afastou do cargo a presidenta Dilma Rousseff (PT), em maio de 2016.
Na ocasião, Bolsonaro, que era vinculado ao PSC, e a bancada do PSDB votaram contra a petista.
Outras votações
Bolsonaro, Alckmin e Temer também se coadunam em outras votações menos recentes, como é o caso das denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o emedebista, uma delas votada em agosto e a outra em outubro de 2017.
Apesar de, na segunda, Bolsonaro ter votado pela aceitação da denúncia, na primeira votação, ele se posicionou pelo não prosseguimento das investigações, favorecendo Temer. O posicionamento teve reação de parte de seus seguidores na internet, o que possivelmente motivou a mudança de postura na segunda votação.
Com relação ao PSDB, a maioria dos deputados, 22, votou a favor de Temer na primeira denúncia. Na segunda, com o aumento da crise política e uma maior queda na popularidade do emedebista, 23 deputados da bancada votaram contra Temer e outros 21, a favor.
Os três também se encontram em outras votações, como, por exemplo, na aprovação da PEC do Teto dos Gastos, que compromete os investimentos nas áreas sociais e é uma das principais pautas da equipe econômica do Planalto.
Aprovada em outubro de 2016, a matéria contou com voto favorável de toda a bancada tucana. Bolsonaro, apesar de ter feito discursos contra a proposta, votou com o governo.
A Lei da Terceirização, votada em março de 2017, também teve o apoio da maioria dos deputados do PSDB. Desgastado, Jair Bolsonaro se absteve na ocasião, mas o filho dele, deputado Eduardo Bolsonaro (RJ), votou a favor. Na época, os dois compunham a bancada do PSC.
No mês seguinte, a votação da polêmica reforma trabalhista, que retirou direitos da classe trabalhadora, também colocou os três grupos dentro do mesmo espectro: a esmagadora maioria do PSDB e do PSC votou a favor da nova legislação, incluindo Bolsonaro.
Plano de metas
Olhando para o futuro, Bolsonaro se aproxima fortemente de Alckmin e de Temer no que se refere a questões como o aprofundamento das políticas neoliberais. A pauta é defendida abertamente pelo economista Paulo Guedes, coordenador econômico da campanha do deputado do PSL e defensor ferrenho do liberalismo no Brasil.
Apontado como possível ministro da Fazenda de um eventual governo Bolsonaro, Guedes tem defendido, em entrevistas, medidas como as privatizações, a manutenção da reforma trabalhista e mudanças nas regras da Previdência – tema rejeitado pela maioria da população quando o governo propôs a reforma previdenciária, que não chegou a ser votada na Câmara.
Guedes também tem sinalizado que manteria parte da atual equipe econômica de Temer, fortemente criticada pelo campo popular por conta da postura ultraliberal e apoiada por atores do PSDB.
A questão dos direitos dos trabalhadores, por exemplo, é um dos principais temas que estão na mira de Bolsonaro. Em recente entrevista realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o deputado afirmou que ''o trabalhador vai ter que decidir se quer menos direitos e emprego ou todos os direitos e desemprego''.
Ele também defendeu recentemente o fim dos sindicatos. Em janeiro deste ano, quando saiu do PSC para o PSL, Bolsonaro afirmou que considera como prioridades para o futuro do país, entre outras coisas, o direito à propriedade privada e o pensamento econômico liberal – linha tradicionalmente adotada por Temer e pelo PSDB.
Atuais adversários no campo político-eleitoral, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), ambos pré-candidatos à Presidência da República pelas suas legendas, tentam se descolar da figura do presidente golpista Michel Temer (MDB), que amarga baixos índices de popularidades.
Os três, no entanto, estão situados em espectros políticos semelhantes quando se observa, por exemplo, o comportamento dos partidos a que pertencem Alckmin e Bolsonaro, especialmente em temas econômicos.
Para se ter uma ideia, um levantamento recente divulgado pela consultoria Arko Advice mostrou que o PSL, partido para o qual Bolsonaro migrou em janeiro de 2018, foi a sigla mais fiel a Temer no primeiro semestre deste ano. O dado está relacionado a 107 votações de interesse do Planalto ocorridas na Câmara dos Deputados.
A bancada do partido, que tem oito parlamentares, acompanhou o governo em 67,73% das votações da Casa. Os tucanos não ficaram muito atrás, ocupando a terceira posição no ranking de alinhamento com o governo, apresentando um percentual de 63,05%.
Entre as duas siglas está o MDB, partido de Temer, que fica em segundo lugar, com 64,34%.
PSL e PSDB ajudaram a aprovar, por exemplo, a proposta que permite a venda direta do petróleo de propriedade da União que é extraído do pré-sal. Além disso, votaram favoravelmente à liberação de créditos suplementares no valor de R$ 439,5 milhões para diferentes órgãos do Pode Executivo.
A abertura de crédito especial – chamada de “pedaladas fiscais” – foi um dos motivos alegados pela maioria do Congresso Nacional para votar a favor do golpe que afastou do cargo a presidenta Dilma Rousseff (PT), em maio de 2016.
Na ocasião, Bolsonaro, que era vinculado ao PSC, e a bancada do PSDB votaram contra a petista.
Outras votações
Bolsonaro, Alckmin e Temer também se coadunam em outras votações menos recentes, como é o caso das denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o emedebista, uma delas votada em agosto e a outra em outubro de 2017.
Apesar de, na segunda, Bolsonaro ter votado pela aceitação da denúncia, na primeira votação, ele se posicionou pelo não prosseguimento das investigações, favorecendo Temer. O posicionamento teve reação de parte de seus seguidores na internet, o que possivelmente motivou a mudança de postura na segunda votação.
Com relação ao PSDB, a maioria dos deputados, 22, votou a favor de Temer na primeira denúncia. Na segunda, com o aumento da crise política e uma maior queda na popularidade do emedebista, 23 deputados da bancada votaram contra Temer e outros 21, a favor.
Os três também se encontram em outras votações, como, por exemplo, na aprovação da PEC do Teto dos Gastos, que compromete os investimentos nas áreas sociais e é uma das principais pautas da equipe econômica do Planalto.
Aprovada em outubro de 2016, a matéria contou com voto favorável de toda a bancada tucana. Bolsonaro, apesar de ter feito discursos contra a proposta, votou com o governo.
A Lei da Terceirização, votada em março de 2017, também teve o apoio da maioria dos deputados do PSDB. Desgastado, Jair Bolsonaro se absteve na ocasião, mas o filho dele, deputado Eduardo Bolsonaro (RJ), votou a favor. Na época, os dois compunham a bancada do PSC.
No mês seguinte, a votação da polêmica reforma trabalhista, que retirou direitos da classe trabalhadora, também colocou os três grupos dentro do mesmo espectro: a esmagadora maioria do PSDB e do PSC votou a favor da nova legislação, incluindo Bolsonaro.
Plano de metas
Olhando para o futuro, Bolsonaro se aproxima fortemente de Alckmin e de Temer no que se refere a questões como o aprofundamento das políticas neoliberais. A pauta é defendida abertamente pelo economista Paulo Guedes, coordenador econômico da campanha do deputado do PSL e defensor ferrenho do liberalismo no Brasil.
Apontado como possível ministro da Fazenda de um eventual governo Bolsonaro, Guedes tem defendido, em entrevistas, medidas como as privatizações, a manutenção da reforma trabalhista e mudanças nas regras da Previdência – tema rejeitado pela maioria da população quando o governo propôs a reforma previdenciária, que não chegou a ser votada na Câmara.
Guedes também tem sinalizado que manteria parte da atual equipe econômica de Temer, fortemente criticada pelo campo popular por conta da postura ultraliberal e apoiada por atores do PSDB.
A questão dos direitos dos trabalhadores, por exemplo, é um dos principais temas que estão na mira de Bolsonaro. Em recente entrevista realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o deputado afirmou que ''o trabalhador vai ter que decidir se quer menos direitos e emprego ou todos os direitos e desemprego''.
Ele também defendeu recentemente o fim dos sindicatos. Em janeiro deste ano, quando saiu do PSC para o PSL, Bolsonaro afirmou que considera como prioridades para o futuro do país, entre outras coisas, o direito à propriedade privada e o pensamento econômico liberal – linha tradicionalmente adotada por Temer e pelo PSDB.
0 comentários:
Postar um comentário