Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
Está na sempre bem informada coluna da Mônica Bergamo, na Folha desta segunda-feira:
“Bancos de investimentos e grandes administradoras de fundos fizeram cruzamentos de dados, sondagens e análises e passaram a considerar, a sério, a hipótese de um segundo turno entre Jair Bolsonaro e o candidato do PT. A crença, acompanhada de certo temor, é a de que, mesmo com toda a provável sequência de ataques contra Bolsonaro, o eleitorado siga firme ao lado dele”.
Na reta final, a campanha presidencial caminha para um novo confronto PT X Fora PT, mesmo sem Lula como candidato.
É o que mostra pesquisa da XP, o banco de investimentos da moda que acaba de ser adquirido pelo Itaú. Nela Fernando Haddad já aparece em segundo lugar, atrás de Bolsonaro. Eles sabem das coisas.
Meses atrás, alertei aqui na coluna que parte da elite da grana dos rentistas, do agronegócio e da indústria estava começando a se encantar com Bolsonaro, como única alternativa para derrotar o PT, quando Lula ainda não estava preso.
É assim desde a primeira eleição direta para presidente depois da ditadura.
Em 1989, jogaram suas fichas e dólares na campanha do outsider Fernando Collor, para impedir a chegada de Lula ou Brizola ao poder.
Foi tanta grana nas mãos do lendário tesoureiro PC Farias que eles acabaram se lambuzando e deram motivo para o impeachment, em 1992.
Depois foi a vez de Fernando Henrique Cardoso exercer este papel anti-PT, em aliança com o então PFL (hoje DEM), selada sob as bençãos do doutor Roberto Marinho no final de 1993.
Após três derrotas seguidas, Lula conseguiu derrotar o herdeiro de FHC, José Serra, e de lá para cá o PT não perdeu mais nenhuma eleição presidencial.
A tal elite nunca se conformou com isso e, como não dava para derrotar Lula e o PT nas urnas, decidiram, após a derrota de Aécio em 2014, partir para o tudo ou nada que desaguou no golpe parlamentar dois anos depois, no embalo da Operação Lava Jato, criada exatamente para isso.
Agora, não havia um tucano confiável e competitivo para assumir esse papel do Fora PT, já que Geraldo Alckmin não conseguia passar de um dígito nas pesquisas e não animava nem seu próprio partido.
Foi neste vazio que Bolsonaro avançou, e se manteve em segundo lugar nas pesquisas, quando Lula ainda não tinha sido condenado e fazia suas caravanas pelo país.
Sem o ex-presidente na parada, o ex-capitão assumiu a liderança e de lá não saiu mais.
Após a aquisição do Centrão no leilão promovido pelo mercado de votos das alianças, parecia que Geraldo Alckmin ainda poderia reagir, mas até agora as pesquisas não mostraram isso.
Bolsonaro continua firme e forte, chegando à marca de 15% de votos espontâneos, marca que pode garantir sua ida ao segundo turno.
Por falta de outras opções, o candidato da extrema-direta começou a ser convidado para participar de reuniões, a principio secretas, com banqueiros e grandes empresários para “ouvir seus planos” para o país, como se ele tivesse algum.
Sempre levando a tiracolo o economista ultraliberal Paulo Guedes, por ele chamado de “meu Posto Ipiranga”, Bolsonaro arrancava risos e ganhava aplausos. .
O que parecia ser apenas uma excentricidade dos muito ricos para conhecer esta figura exótica saída das trevas da ditadura, agora se apresenta à luz do dia.
Na mesma edição da Folha, o repórter Igor Gielow conta como foi o encontro do candidato com parte do PIB brasileiro, nada menos que 62 representantes do alto empresariado paulista.
A reunião, “quase secreta”, aconteceu na sexta-feira, mas só foi divulgada hoje.
Um ano atrás seria inimaginável ouvir o que lá se falou.
“Eu estava em dúvida entre Álvaro Dias e o Bolsonaro. Agora tenho certeza que sou Bolsonaro. O empresariado tem que sair da moita” (Sebastião Bonfim, dono da rede Centauroi).
“É meu candidato. Em quase 40 anos em financeiro de empresas nunca vi candidato não pedir dinheiro” (Bráulio Bacchi, representante da móveis Artefacto).
A maioria, porém, não permitiu, que seu nome fosse divulgado pelo jornal. “Há um temor de ser identificado com Bolsonaro, figura polêmica devido a seus arroubos retóricos”, constatou o repórter.
Uma coisa é certa: para derrotar Lula e o PT, serve qualquer um.
Sete eleições diretas depois, o país continua dividido entre o partido PT e os partidos da direita do Fora PT, balançando ainda entre Bolsonaro e Alckmin.
Apesar de termos 35 partidos registrados, continuamos desta forma num sistema bipartidário, protagonizado por PT e PSDB nos últimos 25 anos.
Jair Bolsonaro agora ameaça romper essa hegemonia.
Não por acaso, muitos desta elite que agora apoia o candidato militar são herdeiros dos que, em 1964, colocaram a Fiesp, a poderosa federação paulista dos industriais daqueles patos amarelos de Paulo Skaf, a serviço do golpe militar.
Vida que segue. Para trás?
“Bancos de investimentos e grandes administradoras de fundos fizeram cruzamentos de dados, sondagens e análises e passaram a considerar, a sério, a hipótese de um segundo turno entre Jair Bolsonaro e o candidato do PT. A crença, acompanhada de certo temor, é a de que, mesmo com toda a provável sequência de ataques contra Bolsonaro, o eleitorado siga firme ao lado dele”.
Na reta final, a campanha presidencial caminha para um novo confronto PT X Fora PT, mesmo sem Lula como candidato.
É o que mostra pesquisa da XP, o banco de investimentos da moda que acaba de ser adquirido pelo Itaú. Nela Fernando Haddad já aparece em segundo lugar, atrás de Bolsonaro. Eles sabem das coisas.
Meses atrás, alertei aqui na coluna que parte da elite da grana dos rentistas, do agronegócio e da indústria estava começando a se encantar com Bolsonaro, como única alternativa para derrotar o PT, quando Lula ainda não estava preso.
É assim desde a primeira eleição direta para presidente depois da ditadura.
Em 1989, jogaram suas fichas e dólares na campanha do outsider Fernando Collor, para impedir a chegada de Lula ou Brizola ao poder.
Foi tanta grana nas mãos do lendário tesoureiro PC Farias que eles acabaram se lambuzando e deram motivo para o impeachment, em 1992.
Depois foi a vez de Fernando Henrique Cardoso exercer este papel anti-PT, em aliança com o então PFL (hoje DEM), selada sob as bençãos do doutor Roberto Marinho no final de 1993.
Após três derrotas seguidas, Lula conseguiu derrotar o herdeiro de FHC, José Serra, e de lá para cá o PT não perdeu mais nenhuma eleição presidencial.
A tal elite nunca se conformou com isso e, como não dava para derrotar Lula e o PT nas urnas, decidiram, após a derrota de Aécio em 2014, partir para o tudo ou nada que desaguou no golpe parlamentar dois anos depois, no embalo da Operação Lava Jato, criada exatamente para isso.
Agora, não havia um tucano confiável e competitivo para assumir esse papel do Fora PT, já que Geraldo Alckmin não conseguia passar de um dígito nas pesquisas e não animava nem seu próprio partido.
Foi neste vazio que Bolsonaro avançou, e se manteve em segundo lugar nas pesquisas, quando Lula ainda não tinha sido condenado e fazia suas caravanas pelo país.
Sem o ex-presidente na parada, o ex-capitão assumiu a liderança e de lá não saiu mais.
Após a aquisição do Centrão no leilão promovido pelo mercado de votos das alianças, parecia que Geraldo Alckmin ainda poderia reagir, mas até agora as pesquisas não mostraram isso.
Bolsonaro continua firme e forte, chegando à marca de 15% de votos espontâneos, marca que pode garantir sua ida ao segundo turno.
Por falta de outras opções, o candidato da extrema-direta começou a ser convidado para participar de reuniões, a principio secretas, com banqueiros e grandes empresários para “ouvir seus planos” para o país, como se ele tivesse algum.
Sempre levando a tiracolo o economista ultraliberal Paulo Guedes, por ele chamado de “meu Posto Ipiranga”, Bolsonaro arrancava risos e ganhava aplausos. .
O que parecia ser apenas uma excentricidade dos muito ricos para conhecer esta figura exótica saída das trevas da ditadura, agora se apresenta à luz do dia.
Na mesma edição da Folha, o repórter Igor Gielow conta como foi o encontro do candidato com parte do PIB brasileiro, nada menos que 62 representantes do alto empresariado paulista.
A reunião, “quase secreta”, aconteceu na sexta-feira, mas só foi divulgada hoje.
Um ano atrás seria inimaginável ouvir o que lá se falou.
“Eu estava em dúvida entre Álvaro Dias e o Bolsonaro. Agora tenho certeza que sou Bolsonaro. O empresariado tem que sair da moita” (Sebastião Bonfim, dono da rede Centauroi).
“É meu candidato. Em quase 40 anos em financeiro de empresas nunca vi candidato não pedir dinheiro” (Bráulio Bacchi, representante da móveis Artefacto).
A maioria, porém, não permitiu, que seu nome fosse divulgado pelo jornal. “Há um temor de ser identificado com Bolsonaro, figura polêmica devido a seus arroubos retóricos”, constatou o repórter.
Uma coisa é certa: para derrotar Lula e o PT, serve qualquer um.
Sete eleições diretas depois, o país continua dividido entre o partido PT e os partidos da direita do Fora PT, balançando ainda entre Bolsonaro e Alckmin.
Apesar de termos 35 partidos registrados, continuamos desta forma num sistema bipartidário, protagonizado por PT e PSDB nos últimos 25 anos.
Jair Bolsonaro agora ameaça romper essa hegemonia.
Não por acaso, muitos desta elite que agora apoia o candidato militar são herdeiros dos que, em 1964, colocaram a Fiesp, a poderosa federação paulista dos industriais daqueles patos amarelos de Paulo Skaf, a serviço do golpe militar.
Vida que segue. Para trás?
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