Por Rodrigo Gomes, na Rede Brasil Atual:
Metas descumpridas, nenhuma ação significativa de inteligência policial, aumento da criminalidade e da violência em várias regiões, investigação ineficiente e falta de transparência. Esse é o resultado da intervenção federal na segurança pública do estado do Rio de Janeiro após seis meses de operações que mobilizaram milhares de soldados do Exército e agentes policiais militares e civis, segundo o relatório Vozes sobre a Intervenção, divulgado na manhã de hoje (16) pelo Observatório da Intervenção, uma iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Cândido Mendes.
“Estão ganhando todas as batalhas e perdendo a guerra, põem três mil soldados na rua, os criminosos se recolhem, apreendem algumas armas e drogas, mas não muda a realidade. Estão perdendo a disputa moral com o crime e perdendo totalmente a confiança dos moradores das favelas e da sociedade”, afirmou a cientista política e pesquisadora do Cesec Silvia Ramos. Ela destacou que no período de intervenção ocorreram várias chacinas, além do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) que até agora não tiveram nenhuma resposta das investigações.
Desde o início da intervenção, em 16 de fevereiro, ocorreram 31 chacinas com 130 mortos. O número de tiroteios aumentou de 3.477 (nos seis meses anteriores à intervenção) para 4.850 (passados seis meses). Todos os demais dados da segurança pioraram. Foram 2.617 homicídios dolosos, 736 pessoas mortas em ações policiais, 99.571 roubos registrados. As 372 operações realizadas pelas forças de segurança empregaram 172 mil agentes e resultaram em 81 mortos e 373 armas apreendidas. Resultado considerado pífio pelo observatório.
“Não teve notícia alguma de ação de inteligência em seis meses de intervenção, de um só fuzil apreendido, uma caixa de munição, antes que se ingressasse nas comunidades, antes que precisasse de outro fuzil atirando para apreender esse fuzil. A investigação do caso Marielle é dominada por fofocas, boatos e alguns vazamentos questionáveis de informação. Mas não tem uma explicação séria ainda por parte da polícia. Houve várias chacinas. Onde estão as investigações? Onde estão os resultados? Temos crimes chocantes e uma ausência total de respostas pra sociedade”, disse Silvia.
O Plano de Intervenção trazia 66 ações a serem realizadas durante a intervenção, sendo onze focadas na ampliação e capacitação do efetivo dos agentes de segurança pública (16%) e 17 relacionadas à aquisição de materiais e viaturas (25%). Quatro ações eram relativas à inteligência (6%). Nenhuma iniciativa para combate à corrupção nas instituições policiais foi definida, embora tenha sido uma promessa dos interventores. Porém, faltando quatro meses para finalização da intervenção, apenas 10 ações foram concretizadas.
Os dados também indicam que as operações conseguem efeitos de redução da criminalidade e violência de forma muito localizada e que esses crimes estão migrando para outras regiões do estado. Por demanda empresarial, houve um foco no combate ao roubo de cargas na região da Pavuna, com alocação de militares e policiais nessa área de concentração que resultou em queda do crime no local. No entanto, não houve registro de desarticulação de grupos de receptadores, por exemplo, ao mesmo tempo que este delito aumentou muito na região de Tanguá. Enquanto a criminalidade, em geral, caiu em Copacabana, aumentou severamente em Nova Iguaçu e São Gonçalo.
“É inconcebível que políticas de segurança desenvolvidas em 2018 ainda não coloquem municípios da região metropolitana no centro de suas metas. A disparidade da criminalidade não é só nos crimes contra a vida ou mortes decorrentes de ação policial. Também nos crimes contra o patrimônio. Temos padrões de países diferentes na mesma cidade. É absurdo que não tenhamos uma atuação articulada do governo sobre isso”, lamentou Silvia.
Outra questão considerada preocupante pelo observatório é que até agora não se sabe o montante de dinheiro investido na intervenção. O governo de Michel Temer (MDB) falou em R$ 1,2 bilhão para a operação. Mas o que se tem são dados das operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), cujo decreto estava em vigor quando a intervenção foi decretada, com o custo das ações estimado em R$ 45 milhões.
Dentre as principais propostas do observatório para reverter a situação estão: dar prioridade para elucidação de homicídios e chacinas; alocar recursos materiais e de inteligência para estancar o ingresso de armas e munições nas áreas mais atingidas por conflitos; reduzir a letalidade policial por meio de ações que desarticulem esquemas crônicos de corrupção em batalhões e delegacias, trocando comandos e guarnições inteiras; aprimorar mecanismos de gestão e monitoramento, implementando sistemas automáticos de alerta da polícia e integrando sistemas de vigilância privados, da polícia e das guardas municipais.
“Estão ganhando todas as batalhas e perdendo a guerra, põem três mil soldados na rua, os criminosos se recolhem, apreendem algumas armas e drogas, mas não muda a realidade. Estão perdendo a disputa moral com o crime e perdendo totalmente a confiança dos moradores das favelas e da sociedade”, afirmou a cientista política e pesquisadora do Cesec Silvia Ramos. Ela destacou que no período de intervenção ocorreram várias chacinas, além do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) que até agora não tiveram nenhuma resposta das investigações.
Desde o início da intervenção, em 16 de fevereiro, ocorreram 31 chacinas com 130 mortos. O número de tiroteios aumentou de 3.477 (nos seis meses anteriores à intervenção) para 4.850 (passados seis meses). Todos os demais dados da segurança pioraram. Foram 2.617 homicídios dolosos, 736 pessoas mortas em ações policiais, 99.571 roubos registrados. As 372 operações realizadas pelas forças de segurança empregaram 172 mil agentes e resultaram em 81 mortos e 373 armas apreendidas. Resultado considerado pífio pelo observatório.
“Não teve notícia alguma de ação de inteligência em seis meses de intervenção, de um só fuzil apreendido, uma caixa de munição, antes que se ingressasse nas comunidades, antes que precisasse de outro fuzil atirando para apreender esse fuzil. A investigação do caso Marielle é dominada por fofocas, boatos e alguns vazamentos questionáveis de informação. Mas não tem uma explicação séria ainda por parte da polícia. Houve várias chacinas. Onde estão as investigações? Onde estão os resultados? Temos crimes chocantes e uma ausência total de respostas pra sociedade”, disse Silvia.
O Plano de Intervenção trazia 66 ações a serem realizadas durante a intervenção, sendo onze focadas na ampliação e capacitação do efetivo dos agentes de segurança pública (16%) e 17 relacionadas à aquisição de materiais e viaturas (25%). Quatro ações eram relativas à inteligência (6%). Nenhuma iniciativa para combate à corrupção nas instituições policiais foi definida, embora tenha sido uma promessa dos interventores. Porém, faltando quatro meses para finalização da intervenção, apenas 10 ações foram concretizadas.
Os dados também indicam que as operações conseguem efeitos de redução da criminalidade e violência de forma muito localizada e que esses crimes estão migrando para outras regiões do estado. Por demanda empresarial, houve um foco no combate ao roubo de cargas na região da Pavuna, com alocação de militares e policiais nessa área de concentração que resultou em queda do crime no local. No entanto, não houve registro de desarticulação de grupos de receptadores, por exemplo, ao mesmo tempo que este delito aumentou muito na região de Tanguá. Enquanto a criminalidade, em geral, caiu em Copacabana, aumentou severamente em Nova Iguaçu e São Gonçalo.
“É inconcebível que políticas de segurança desenvolvidas em 2018 ainda não coloquem municípios da região metropolitana no centro de suas metas. A disparidade da criminalidade não é só nos crimes contra a vida ou mortes decorrentes de ação policial. Também nos crimes contra o patrimônio. Temos padrões de países diferentes na mesma cidade. É absurdo que não tenhamos uma atuação articulada do governo sobre isso”, lamentou Silvia.
Outra questão considerada preocupante pelo observatório é que até agora não se sabe o montante de dinheiro investido na intervenção. O governo de Michel Temer (MDB) falou em R$ 1,2 bilhão para a operação. Mas o que se tem são dados das operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), cujo decreto estava em vigor quando a intervenção foi decretada, com o custo das ações estimado em R$ 45 milhões.
Dentre as principais propostas do observatório para reverter a situação estão: dar prioridade para elucidação de homicídios e chacinas; alocar recursos materiais e de inteligência para estancar o ingresso de armas e munições nas áreas mais atingidas por conflitos; reduzir a letalidade policial por meio de ações que desarticulem esquemas crônicos de corrupção em batalhões e delegacias, trocando comandos e guarnições inteiras; aprimorar mecanismos de gestão e monitoramento, implementando sistemas automáticos de alerta da polícia e integrando sistemas de vigilância privados, da polícia e das guardas municipais.
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