Por Marcelo Zero
Ontem à noite, na entrevista do Jornal Nacional, ao invés de perguntar sobre as propostas do candidato Hadddad, que representa Lula e o povo brasileiro nestas eleições, assistiu-se a uma obsessiva e autoritária tentativa de arrancar do candidato um pedido de desculpas ao povo do Brasil por supostos crimes cometidos.
Acho curiosa essa obsessão da mídia conservadora em fazer o PT expiar culpa em praça pública, como se estivéssemos em plena Inquisição Espanhola.
Dessa forma, os jornalistas cumpriram papel de Senhor e a Senhora Torquemada, se transformaram em apresentadores de um televisivo auto de fé, confundindo grosseria, petulância e ignorância crassa com bom jornalismo.
Misturaram Hard Talk com Soft Brain. Haddad não caiu na armadilha e respondeu, quando o deixaram falar, com elegância e consistência. Misturou Hard Brain (hard thinking) com Soft Talk.
Lá pelas tantas, o ocasional Senhor Torquemada do televisivo auto de fé afirmou que havia candidatos do PT “investigados” e “indiciados”, como se isso fosse prova cabal de culpa.
O Senhor Torquemada parecer viver em tempos medievais pré-Carta Magna e pré-habeas corpus.
Ainda não ouviu falar do princípio da presunção da inocência, que protege a todos nós, inclusive o Senhor e a Senhora Torquemada, do arbítrio das autoridades.
Essa obsessão em arrancar “confissões” do PT, em transformá-lo em grande representante do Mal, não se estende, contudo, a alguns membros de outros partidos. Na entrevista do vice Mourão, por exemplo, os outros “torquemadas” da Igreja do Golpe ficaram em silêncio obsequioso, quando o pitoresco general, portador de DNA ariano, afirmou que torturadores são heróis.
No que tange aos outros governos, como o do PSDB, por exemplo, não observamos essa mesma obsessão, relativa aos governos do PT.
Mesmo sabendo que, ao final dos governos do PSDB, o Brasil tinha reservas líquidas de apenas US$ 16 bilhões, dívida externa líquida em relação ao PIB de 37%, inflação de 12,5%, dívida pública líquida de 60,4% do PIB, e o desemprego na casa dos 12%, não se exigiu nenhuma autocrítica.
Ao contrário, o sucessor de FHC foi entusiasticamente apoiado pelos “torquemadas” de hoje.
Ou seja, mesmo sabendo que o Brasil estava, de fato, quebrado, e sob a tutela do FMI, os atuais “savonarolas” não exigiram e não exigem, dos governos tucanos, nenhuma autocrítica, nesse sentido.
Mas é claro que as autocríticas têm de ser abrangentes e incluir todo o período do governo e também as coisas positivas, e não apenas as negativas. No caso do PT, querem que se fale apenas do ano de 2015, um ano de acirramento da crise internacional e de profunda crise política e institucional provocada intencionalmente pela oposição, que, desde 2014, apostou todas as suas fichas no golpe de Estado.
No entanto, deve-se falar de tudo, não apenas de um ano atípico, no qual o Brasil era governado, de facto, por Eduardo Cunha e outros membros da Seita do Golpe e do Projeto Pautas Bomba; já não mais por Dilma Rousseff.
Por isso, creio que o PT deveria pedir sinceras desculpas por muita coisa que incomodou setores das classes médias e das oligarquias, como:
a) Ter tirado cerca de 35 milhões de pessoas da pobreza extrema.
b) Ter feito ascender ao redor de 40 milhões de pessoas à classe média.
c) Ter tirado o Brasil do Mapa da Fome.
d) Ter duplicado o número de vagas nas universidades públicas e aberto as portas das universidades particulares para os estudantes pobres, negros e índios, com o Prouni e o Reuni.
e) Ter permitido que a filha do pedreiro virasse doutora.
f) Ter implantado o maior programa de formação técnica do Brasil, o Pronatec.
g) Ter realizado o maior programa da história de creches e pré-escolas públicas.
h) Ter implantado o Bolsa Família, o programa social mais elogiado do mundo.
i) Ter concretizado o Mais Médicos, que levou assistência básica em saúde para cerca de 60 milhões de brasileiros que não tinham contato com médicos.
j) Ter implantado o maior programa de habitação popular da história, o Minha Casa, Minha Vida.
k) Ter gerado 22 milhões de empregos com carteira assinada, com todos os direitos trabalhistas assegurados.
l) Ter aumentado o poder de compra real do salário mínimo em 77%.
m) Ter aumentado o grau de formalização do mercado de trabalho de 45,7%, em 2003, para 57,7%, em 2014.
n) Ter eliminado a dívida externa do Brasil e amealhado cerca de US$ 380 bilhões de reservas externas, as quais impedem que o governo do golpe quebre o Brasil, como quebrou a Argentina de Macri.
o) Ter reduzido a dívida pública interna líquida de 60,4%, em 2002, para cerca de 37%, em 2015, sem aumentar as tributações.
p) Ter praticado vultosos superávits primários, até a crise iniciada em 2014/2015.
q) Ter livrado o Brasil da tutela do FMI.
r) Ter mantido a inflação dentro regime de metas, entre 2004 e 2014, revertendo a tendência anterior de descontrole (12,5%, em 2002).
s) Ter praticado uma política externa que superou a vulnerabilidade externa de nossa economia, aumentou nossas exportações de US$ 60 bilhões para US$ 255 bilhões e nos tornou um país de grande protagonismo mundial, com enorme prestígio e credibilidade.
t) Ter transformado o Brasil da 12ª economia mundial na 6ª economia do planeta.
u) Ter descoberto o pré-sal e procurado assegurar que ele ficasse nas mãos de brasileiros.
v) Ter acabado com o engavetador-geral e propiciado as condições para um combate a sério da corrupção no Brasil, algo que nunca havia sido feito antes no Brasil.
w) Ter demitido toda a diretoria corrupta da Petrobras, que criou, em pleno governo tucano, o grande esquema de corrupção investigado pela Lava-Jato.
x) Ter reduzido o desmatamento de 27,8 mil km², em 2004, para 6,2 mil km², em 2015.
y) Ter levado luz elétrica para cerca de 15 milhões de brasileiros que estavam nas trevas.
A lista de realizações é longa e extraordinária. Daria um livro. Na realidade, já deu vários livros. No exterior, não há quem não reconheça essa fase extraordinária do nosso país.
O fato incontestável, que os “torquemadas” de ocasião detestam reconhecer, é que Lula e o PT realizaram os melhores governos da história do Brasil. Naquele período, combinamos amplas liberdades democráticas, ampliação do Estado de Bem Estar, crescimento econômico, eliminação da pobreza, redução das desigualdades, enorme protagonismo internacional e conciliação entre responsabilidade fiscal e responsabilidade social.
Em que outro período isso ocorreu?
Por certo, não ocorreu em nenhum governo apoiado pela empresa dos ocasionais Senhor e da Senhora Torquemada.
Claro está que não há governos perfeitos, sem erros.
O PT não conseguiu realizar uma Reforma Tributária para taxar o sistema financeiro e os mais ricos; não implantou a democratização da mídia; não conseguiu fazer uma Reforma Política profunda; exagerou nas isenções fiscais; promoveu, em 2015, um ajuste excessivo que aumentou a queda das receitas etc.
Contudo, todo o planeta e a maior parte do povo reconhecem que não houve tempos tão bons quanto os dos governos de Lula e do PT.
A vida melhorou e o povo foi feliz. Simples assim. É por isso que Lula, mesmo injustamente encarcerado e barbaramente perseguido, ganharia com facilidade essas eleições.
Em contrapartida, os golpistas, que fracassaram de forma monumental, foram reduzidos a pó, a nulidades políticas.
Desse modo, o que está faltando na democracia brasileira não é uma autocrítica do PT, que é vilipendiado e caluniado pela mídia há décadas e perseguido por setores partidarizados do judiciário há longos anos.
Querer que o PT faça autocrítica é a mesma coisa que exigir que um sujeito torturado se autoflagele.
Quem tem de fazer autocrítica são os “torquemadas” e os golpistas, que jogaram o Brasil na mais profunda crise da sua História. Eles são os maiores responsáveis pela débâcle econômica, pela profunda crise social e, sobretudo, pela crise político-institucional que levou a “fascistização” do Brasil.
Eles romperam com o pacto democrático, implantaram Estado de exceção, criminalizaram a política e jogaram o país nas mãos de bolsonaros e mourões, gente incompatível com a democracia e a civilização.
São os “torquemadas” de ocasião e os golpistas de sempre que devem desculpas ao país, ao povo brasileiro, à democracia, e à civilização. Espero que não demore, de novo, mais de meio século.
Ontem à noite, na entrevista do Jornal Nacional, ao invés de perguntar sobre as propostas do candidato Hadddad, que representa Lula e o povo brasileiro nestas eleições, assistiu-se a uma obsessiva e autoritária tentativa de arrancar do candidato um pedido de desculpas ao povo do Brasil por supostos crimes cometidos.
Acho curiosa essa obsessão da mídia conservadora em fazer o PT expiar culpa em praça pública, como se estivéssemos em plena Inquisição Espanhola.
Dessa forma, os jornalistas cumpriram papel de Senhor e a Senhora Torquemada, se transformaram em apresentadores de um televisivo auto de fé, confundindo grosseria, petulância e ignorância crassa com bom jornalismo.
Misturaram Hard Talk com Soft Brain. Haddad não caiu na armadilha e respondeu, quando o deixaram falar, com elegância e consistência. Misturou Hard Brain (hard thinking) com Soft Talk.
Lá pelas tantas, o ocasional Senhor Torquemada do televisivo auto de fé afirmou que havia candidatos do PT “investigados” e “indiciados”, como se isso fosse prova cabal de culpa.
O Senhor Torquemada parecer viver em tempos medievais pré-Carta Magna e pré-habeas corpus.
Ainda não ouviu falar do princípio da presunção da inocência, que protege a todos nós, inclusive o Senhor e a Senhora Torquemada, do arbítrio das autoridades.
Essa obsessão em arrancar “confissões” do PT, em transformá-lo em grande representante do Mal, não se estende, contudo, a alguns membros de outros partidos. Na entrevista do vice Mourão, por exemplo, os outros “torquemadas” da Igreja do Golpe ficaram em silêncio obsequioso, quando o pitoresco general, portador de DNA ariano, afirmou que torturadores são heróis.
No que tange aos outros governos, como o do PSDB, por exemplo, não observamos essa mesma obsessão, relativa aos governos do PT.
Mesmo sabendo que, ao final dos governos do PSDB, o Brasil tinha reservas líquidas de apenas US$ 16 bilhões, dívida externa líquida em relação ao PIB de 37%, inflação de 12,5%, dívida pública líquida de 60,4% do PIB, e o desemprego na casa dos 12%, não se exigiu nenhuma autocrítica.
Ao contrário, o sucessor de FHC foi entusiasticamente apoiado pelos “torquemadas” de hoje.
Ou seja, mesmo sabendo que o Brasil estava, de fato, quebrado, e sob a tutela do FMI, os atuais “savonarolas” não exigiram e não exigem, dos governos tucanos, nenhuma autocrítica, nesse sentido.
Mas é claro que as autocríticas têm de ser abrangentes e incluir todo o período do governo e também as coisas positivas, e não apenas as negativas. No caso do PT, querem que se fale apenas do ano de 2015, um ano de acirramento da crise internacional e de profunda crise política e institucional provocada intencionalmente pela oposição, que, desde 2014, apostou todas as suas fichas no golpe de Estado.
No entanto, deve-se falar de tudo, não apenas de um ano atípico, no qual o Brasil era governado, de facto, por Eduardo Cunha e outros membros da Seita do Golpe e do Projeto Pautas Bomba; já não mais por Dilma Rousseff.
Por isso, creio que o PT deveria pedir sinceras desculpas por muita coisa que incomodou setores das classes médias e das oligarquias, como:
a) Ter tirado cerca de 35 milhões de pessoas da pobreza extrema.
b) Ter feito ascender ao redor de 40 milhões de pessoas à classe média.
c) Ter tirado o Brasil do Mapa da Fome.
d) Ter duplicado o número de vagas nas universidades públicas e aberto as portas das universidades particulares para os estudantes pobres, negros e índios, com o Prouni e o Reuni.
e) Ter permitido que a filha do pedreiro virasse doutora.
f) Ter implantado o maior programa de formação técnica do Brasil, o Pronatec.
g) Ter realizado o maior programa da história de creches e pré-escolas públicas.
h) Ter implantado o Bolsa Família, o programa social mais elogiado do mundo.
i) Ter concretizado o Mais Médicos, que levou assistência básica em saúde para cerca de 60 milhões de brasileiros que não tinham contato com médicos.
j) Ter implantado o maior programa de habitação popular da história, o Minha Casa, Minha Vida.
k) Ter gerado 22 milhões de empregos com carteira assinada, com todos os direitos trabalhistas assegurados.
l) Ter aumentado o poder de compra real do salário mínimo em 77%.
m) Ter aumentado o grau de formalização do mercado de trabalho de 45,7%, em 2003, para 57,7%, em 2014.
n) Ter eliminado a dívida externa do Brasil e amealhado cerca de US$ 380 bilhões de reservas externas, as quais impedem que o governo do golpe quebre o Brasil, como quebrou a Argentina de Macri.
o) Ter reduzido a dívida pública interna líquida de 60,4%, em 2002, para cerca de 37%, em 2015, sem aumentar as tributações.
p) Ter praticado vultosos superávits primários, até a crise iniciada em 2014/2015.
q) Ter livrado o Brasil da tutela do FMI.
r) Ter mantido a inflação dentro regime de metas, entre 2004 e 2014, revertendo a tendência anterior de descontrole (12,5%, em 2002).
s) Ter praticado uma política externa que superou a vulnerabilidade externa de nossa economia, aumentou nossas exportações de US$ 60 bilhões para US$ 255 bilhões e nos tornou um país de grande protagonismo mundial, com enorme prestígio e credibilidade.
t) Ter transformado o Brasil da 12ª economia mundial na 6ª economia do planeta.
u) Ter descoberto o pré-sal e procurado assegurar que ele ficasse nas mãos de brasileiros.
v) Ter acabado com o engavetador-geral e propiciado as condições para um combate a sério da corrupção no Brasil, algo que nunca havia sido feito antes no Brasil.
w) Ter demitido toda a diretoria corrupta da Petrobras, que criou, em pleno governo tucano, o grande esquema de corrupção investigado pela Lava-Jato.
x) Ter reduzido o desmatamento de 27,8 mil km², em 2004, para 6,2 mil km², em 2015.
y) Ter levado luz elétrica para cerca de 15 milhões de brasileiros que estavam nas trevas.
A lista de realizações é longa e extraordinária. Daria um livro. Na realidade, já deu vários livros. No exterior, não há quem não reconheça essa fase extraordinária do nosso país.
O fato incontestável, que os “torquemadas” de ocasião detestam reconhecer, é que Lula e o PT realizaram os melhores governos da história do Brasil. Naquele período, combinamos amplas liberdades democráticas, ampliação do Estado de Bem Estar, crescimento econômico, eliminação da pobreza, redução das desigualdades, enorme protagonismo internacional e conciliação entre responsabilidade fiscal e responsabilidade social.
Em que outro período isso ocorreu?
Por certo, não ocorreu em nenhum governo apoiado pela empresa dos ocasionais Senhor e da Senhora Torquemada.
Claro está que não há governos perfeitos, sem erros.
O PT não conseguiu realizar uma Reforma Tributária para taxar o sistema financeiro e os mais ricos; não implantou a democratização da mídia; não conseguiu fazer uma Reforma Política profunda; exagerou nas isenções fiscais; promoveu, em 2015, um ajuste excessivo que aumentou a queda das receitas etc.
Contudo, todo o planeta e a maior parte do povo reconhecem que não houve tempos tão bons quanto os dos governos de Lula e do PT.
A vida melhorou e o povo foi feliz. Simples assim. É por isso que Lula, mesmo injustamente encarcerado e barbaramente perseguido, ganharia com facilidade essas eleições.
Em contrapartida, os golpistas, que fracassaram de forma monumental, foram reduzidos a pó, a nulidades políticas.
Desse modo, o que está faltando na democracia brasileira não é uma autocrítica do PT, que é vilipendiado e caluniado pela mídia há décadas e perseguido por setores partidarizados do judiciário há longos anos.
Querer que o PT faça autocrítica é a mesma coisa que exigir que um sujeito torturado se autoflagele.
Quem tem de fazer autocrítica são os “torquemadas” e os golpistas, que jogaram o Brasil na mais profunda crise da sua História. Eles são os maiores responsáveis pela débâcle econômica, pela profunda crise social e, sobretudo, pela crise político-institucional que levou a “fascistização” do Brasil.
Eles romperam com o pacto democrático, implantaram Estado de exceção, criminalizaram a política e jogaram o país nas mãos de bolsonaros e mourões, gente incompatível com a democracia e a civilização.
São os “torquemadas” de ocasião e os golpistas de sempre que devem desculpas ao país, ao povo brasileiro, à democracia, e à civilização. Espero que não demore, de novo, mais de meio século.
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