Por Pedro Breier, no blog Cafezinho:
O Brasil não é para amadores, diz o adágio.
Pois os estrambóticos 20 e poucos dias iniciais do governo Bolsonaro não deixam dúvidas quanto à precisão do ditado.
Comecemos por Flávio Bolsonaro. O que antes parecia um clássico - não por isso menos vergonhoso - esquema de confisco de parte dos salários dos seus funcionários está tomando contornos de House of Cards.
A ligação de Flávio com suspeitos do assassinato de Marielle Franco é escandalosa e potencialmente explosiva. O fato de Flávio colocar a culpa pela contratação de parentes de um chefe de milícia no ex-assessor Queiroz é mais uma de suas justificativas que apenas deixam tudo mais suspeito ainda.
É improvável que o resto da família, a qual age (quase) sempre em fina (grossa) sintonia, não soubesse há tempos das perigosas ligações do primogênito do presidente.
Se houvesse um pouco, não era preciso muito não, de bom senso no clã, um acordo com a máquina de moer reputações que atende pelo nome de Globo seria selado. O resultado da declaração de guerra aos Marinho é, com parcas três semanas de governo, uma desmoralização que nem o mais otimista militante de esquerda imaginaria tão célere.
A fartura de rabos presos entre os Bolsonaro poupou a Globo do longo e desgastante trabalho de manipulação da opinião pública e cooptação do Judiciário que foi necessário para jogar o PT nas cordas. Bolsonaro está no canto do ringue, acuado, com, repito porquanto surreal, míseras três semanas de governo.
Na hora da campanha são só tapinhas nas costas e incentivos. Amadores, os Bolsonaros supuseram que, no poder, estariam suficientemente protegidos para que seus podres permanecessem obscuros. Ledo engano. Sentindo-se ameaçada, a Globo botou em prática, com sucesso, seu invulgar know how em chantagear governos e mostrar quem manda, de fato, no país.
É claro que os amadorismos não param por aí.
A estúpida ideia de alinhar-se bovinamente à política externa de Trump parece ter dado os primeiros prejuízos concretos à economia, com o descredenciamento, por parte da Arábia Saudita, de cinco frigoríficos brasileiros que exportavam para aquele país. Assim como a sina do moralista é ser pego de calças curtas, a do que grita “sem ideologia!” é cometer “atrocidades ideológicas”, digamos assim.
Não poderia faltar, para encerrarmos este rol inicial de amadorismos, o patético discurso de Jair Bolsonaro no Fórum Econômico de Davos. Seria de dar pena, caso não conhecêssemos bem nosso presidente.
Sem ter o que dizer além de vagas platitudes, Bolsonaro usou singelos 6 dos 45 minutos disponíveis. Transcrevo um pequeno trecho que resume bem o tamanho da pequenez do homem e, consequentemente, de seu governo:
Vamos investir pesado na segurança para que vocês nos visitem com suas famílias, pois somos um dos países primeiros em belezas naturais (sic), mas não estamos entre os quarenta destinos turísticos mais visitados do mundo. Conheçam nossa Amazônia, nossas praias, nossas cidades, nosso pantanal. O Brasil é um paraíso, mas ainda muito pouco conhecido.
Parece um desastrado vendedor de pacotes turísticos, mas é o presidente do nosso país. O discurso de Bolsonaro foi justamente esculhambado por diversas publicações ao redor do planeta.
Como disse o Nobel de Economia Robert Shiller, que estava na plateia, “o Brasil merece alguém melhor”.
Pois é, Robert. Colocamos os amadores no poder.
O Brasil não é para amadores, diz o adágio.
Pois os estrambóticos 20 e poucos dias iniciais do governo Bolsonaro não deixam dúvidas quanto à precisão do ditado.
Comecemos por Flávio Bolsonaro. O que antes parecia um clássico - não por isso menos vergonhoso - esquema de confisco de parte dos salários dos seus funcionários está tomando contornos de House of Cards.
A ligação de Flávio com suspeitos do assassinato de Marielle Franco é escandalosa e potencialmente explosiva. O fato de Flávio colocar a culpa pela contratação de parentes de um chefe de milícia no ex-assessor Queiroz é mais uma de suas justificativas que apenas deixam tudo mais suspeito ainda.
É improvável que o resto da família, a qual age (quase) sempre em fina (grossa) sintonia, não soubesse há tempos das perigosas ligações do primogênito do presidente.
Se houvesse um pouco, não era preciso muito não, de bom senso no clã, um acordo com a máquina de moer reputações que atende pelo nome de Globo seria selado. O resultado da declaração de guerra aos Marinho é, com parcas três semanas de governo, uma desmoralização que nem o mais otimista militante de esquerda imaginaria tão célere.
A fartura de rabos presos entre os Bolsonaro poupou a Globo do longo e desgastante trabalho de manipulação da opinião pública e cooptação do Judiciário que foi necessário para jogar o PT nas cordas. Bolsonaro está no canto do ringue, acuado, com, repito porquanto surreal, míseras três semanas de governo.
Na hora da campanha são só tapinhas nas costas e incentivos. Amadores, os Bolsonaros supuseram que, no poder, estariam suficientemente protegidos para que seus podres permanecessem obscuros. Ledo engano. Sentindo-se ameaçada, a Globo botou em prática, com sucesso, seu invulgar know how em chantagear governos e mostrar quem manda, de fato, no país.
É claro que os amadorismos não param por aí.
A estúpida ideia de alinhar-se bovinamente à política externa de Trump parece ter dado os primeiros prejuízos concretos à economia, com o descredenciamento, por parte da Arábia Saudita, de cinco frigoríficos brasileiros que exportavam para aquele país. Assim como a sina do moralista é ser pego de calças curtas, a do que grita “sem ideologia!” é cometer “atrocidades ideológicas”, digamos assim.
Não poderia faltar, para encerrarmos este rol inicial de amadorismos, o patético discurso de Jair Bolsonaro no Fórum Econômico de Davos. Seria de dar pena, caso não conhecêssemos bem nosso presidente.
Sem ter o que dizer além de vagas platitudes, Bolsonaro usou singelos 6 dos 45 minutos disponíveis. Transcrevo um pequeno trecho que resume bem o tamanho da pequenez do homem e, consequentemente, de seu governo:
Vamos investir pesado na segurança para que vocês nos visitem com suas famílias, pois somos um dos países primeiros em belezas naturais (sic), mas não estamos entre os quarenta destinos turísticos mais visitados do mundo. Conheçam nossa Amazônia, nossas praias, nossas cidades, nosso pantanal. O Brasil é um paraíso, mas ainda muito pouco conhecido.
Parece um desastrado vendedor de pacotes turísticos, mas é o presidente do nosso país. O discurso de Bolsonaro foi justamente esculhambado por diversas publicações ao redor do planeta.
Como disse o Nobel de Economia Robert Shiller, que estava na plateia, “o Brasil merece alguém melhor”.
Pois é, Robert. Colocamos os amadores no poder.
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