Por Nirlando Beirão, na revista CartaCapital:
Na última semana de novembro de 2015, dia 24, uma segunda-feira, selou-se com estrepitoso simbolismo o pacto de mentiras entre a mídia oligárquica e o juiz Sérgio Moro à frente da matilha punitiva de Curitiba. O condottiere da Operação Lava Jato já recebera troféu da família Marinho e se encaminhava para virar, com direito a infindáveis honrarias, o xodó do establishment anti-PT. No entanto, ser incensado como salvador da pátria pela Associação Nacional de Editoras de Revistas (Aner) iria funcionar como chancela pública, definitiva, inoxidável do acordão que levaria ao golpe do impeachment, à prisão sem provas de Lula e a um elenco de arbitrariedades extralegais a culminar com uma eleição presidencial fajuta, ilegítima e catastrófica.
CartaCapital cobriu o evento, mas eis aqui, neste momento em que a farsa se desmorona, com a prestimosa ajuda do site The Intercept Brasil, uma ótima ocasião para relembrar a cumplicidade bajuladora das revistas do status quo e cobrar delas a responsabilidade, melhor, a irresponsabilidade, de jogar o Brasil no buraco em que se meteu.
Com seu timbre falsamente cândido de carmelita contrariada e a bordo da indefectível camigia nera de filiação ideológica, o Duce do Ahú foi recrutado pela Aner a discorrer, por meia hora, sobre um tema capaz de ruborizar um fariseu: “O papel do jornalismo no meio revista na cobertura da Operação Lava Jato. O jornalismo investigativo de qualidade como pilar da democracia e das instituições brasileiras”. Palanque apropriado – anotou esta Carta – para um membro do andar de baixo do Judiciário exaltar, ainda que com o malabarismo verbal ardiloso de quem age como político fingindo falar como magistrado, as próprias virtudes de supremo bedel da moralidade pública.
Moro foi ali, com carinhos estrepitosos de ovação de pé e rapapés eloquentes, entronizado pelo baronato da mídia na condição de um de seus pares, função que o juiz do rés do chão já vinha exercendo com desenvoltura. Em vez de buscar a verdade e a justiça, o Savonarola de Curitiba manipulava informações de forma a abastecer certa imprensa do privilégio com aquilo que ela queria publicar – e só aquilo. O ano era 2015, vale ressaltar, e Moro já revelava sua obstinação doentia de verdugo da esquerda, como está hoje fartamente documentado. Ele pautava as publicações e os telejornais, repassava intrigas, distribuía dossiês, sussurrava offs, oferecia aspas convenientes, lançava aos ventos acusações infundadas. Quando lhe foi timidamente perguntado se seus vazamentos não eram seletivos, Moro tergiversou e não respondeu.
O sarau da Aner, ao qual se seguiriam outros eventos de adulação explícita, tal como aquele em que Moro dividia o enquadramento da foto com o suspeitíssimo Aécio Neves, os dois em gargalhada debochada, era para ter como anfitrião Giancarlo Civita, presidente da Abril e editor da hilariante Veja, mas o Gianca não deu as caras, ou porque temia que algum credor viesse interrompê-lo para cobrar uma dívida ou porque o filho é muito mais atilado e sabido do que o pai, Roberto Civita – o que não é difícil. Substitui-o no circo de hipocrisia Frederic Kashar, da Editora Globo. Fazia sentido.
A mafiosa ação entre amigos, enfim desmascarada agora por um jornalista estrangeiro, está gravada nos anais da vergonha com os quais a mídia brasuca teima sempre em contribuir.
CartaCapital cobriu o evento, mas eis aqui, neste momento em que a farsa se desmorona, com a prestimosa ajuda do site The Intercept Brasil, uma ótima ocasião para relembrar a cumplicidade bajuladora das revistas do status quo e cobrar delas a responsabilidade, melhor, a irresponsabilidade, de jogar o Brasil no buraco em que se meteu.
Com seu timbre falsamente cândido de carmelita contrariada e a bordo da indefectível camigia nera de filiação ideológica, o Duce do Ahú foi recrutado pela Aner a discorrer, por meia hora, sobre um tema capaz de ruborizar um fariseu: “O papel do jornalismo no meio revista na cobertura da Operação Lava Jato. O jornalismo investigativo de qualidade como pilar da democracia e das instituições brasileiras”. Palanque apropriado – anotou esta Carta – para um membro do andar de baixo do Judiciário exaltar, ainda que com o malabarismo verbal ardiloso de quem age como político fingindo falar como magistrado, as próprias virtudes de supremo bedel da moralidade pública.
Moro foi ali, com carinhos estrepitosos de ovação de pé e rapapés eloquentes, entronizado pelo baronato da mídia na condição de um de seus pares, função que o juiz do rés do chão já vinha exercendo com desenvoltura. Em vez de buscar a verdade e a justiça, o Savonarola de Curitiba manipulava informações de forma a abastecer certa imprensa do privilégio com aquilo que ela queria publicar – e só aquilo. O ano era 2015, vale ressaltar, e Moro já revelava sua obstinação doentia de verdugo da esquerda, como está hoje fartamente documentado. Ele pautava as publicações e os telejornais, repassava intrigas, distribuía dossiês, sussurrava offs, oferecia aspas convenientes, lançava aos ventos acusações infundadas. Quando lhe foi timidamente perguntado se seus vazamentos não eram seletivos, Moro tergiversou e não respondeu.
O sarau da Aner, ao qual se seguiriam outros eventos de adulação explícita, tal como aquele em que Moro dividia o enquadramento da foto com o suspeitíssimo Aécio Neves, os dois em gargalhada debochada, era para ter como anfitrião Giancarlo Civita, presidente da Abril e editor da hilariante Veja, mas o Gianca não deu as caras, ou porque temia que algum credor viesse interrompê-lo para cobrar uma dívida ou porque o filho é muito mais atilado e sabido do que o pai, Roberto Civita – o que não é difícil. Substitui-o no circo de hipocrisia Frederic Kashar, da Editora Globo. Fazia sentido.
A mafiosa ação entre amigos, enfim desmascarada agora por um jornalista estrangeiro, está gravada nos anais da vergonha com os quais a mídia brasuca teima sempre em contribuir.
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