Por João Francisco Werneck, no site Vermelho:
As boas notícias irão voltar. Em meio ao caos do governo Bolsonaro, entre todas as más notícias que o ofício do jornalismo nos obriga a explanar diariamente, há boas novas para se contar. As forças progressistas no Brasil estão atentas. E mais do que isso. Estão unidas, como há muito tempo desejávamos. Juntas, elas organizaram o "Fórum de Resistência Democrática", que chegou ao seu último dia nesta sexta-feira, 30, no Rio de Janeiro. O evento, realizado na Praça Mário Lago, no Centro, foi promovido pelos maiores partidos de esquerda no Brasil: PT, PCdoB e PSOL. Nomes importantes da política nacional, como Jandira Feghali, Marcelo Freixo, Glauber Braga e Flávio Dino, governador do Maranhão, proferiram discursos e debateram junto do povo alguns caminhos para resistir democraticamente ao desmonte estatal iniciado em janeiro deste ano.
Esse é, afinal, o efeito Bolsonaro, cujo extermínio das políticas e empresas públicas demanda organização de uma frente ampla e conjunta por parte da oposição. Para deputada federal e líder da minoria no Congresso, Jandira Feghali, "é importante que discutamos os retrocessos nos direitos civis e sociais e a repercussão disso dentro das cidades. Fazer isso e unir forças progressistas significa construir analises políticas, partidos e programas comuns, capazes de transformar a sociedade"
Quem reforçou a fala da deputada foi Glauber Braga, do PSOL. Em seu discurso, o parlamentar enfatizou a necessidade da "luta pelo diálogo". Para ele, é possível construir um novo Brasil através do dialogo, distanciando-se da polaridade que o discurso do presidente insiste em impor. Glauber analisou que o grupo de eleitores de Bolsonaro possui um "núcleo violento, fascista, de cerca de 30%". Para Glauber, a missão da esquerda é trazer para o seu lado as outras pessoas, que se distanciam do "núcleo duro" do presidente.
Sem dúvidas, o presidente Jair Bolsonaro e o seu projeto de país foram os maiores alvos das falas da noite. No evento, os organizadores do Fórum leram em conjunto uma carta que enumerava os erros do ex-capitão. Entre as críticas, sobrou espaço para denuncias sobre o extermínio do aparato de política ambiental, como as exonerações no Inpe e Ibama, tema bastante relembrado pelos palestrantes.
Entre esses, inclusive, destacou-se a autora do livro "Feminismo para os 99%: um manifesto", Cinzia Arruzza. Ela enalteceu a luta dos índios e das mulheres na Amazônia. Por fim, relembrou da força e da repercussão internacional do manifesto "ele não", lançado durante as eleições. Para ela, o Brasil se une de vez à luta global anti-fascista, assumindo um importante lugar ao se posicionar contra o que ela chamou de "forças conservadoras mundiais".
Um dos pontos mais importantes comentados pelos debatedores foi o papel de destaque que o "Fórum de Resistência Democrática" alçou o Rio de Janeiro. Para a deputada petista Benedita da Silva, "isso aqui é um tambor que irá ressoar por todo Brasil. O Estado do Rio de Janeiro pode mexer com o Brasil inteiro, por sua importância política e de vanguarda de movimentos sociais". Para Jandira, "a batalha faz parte da rua. É preciso que estejamos aqui. É isso que nos garante as liberdades".
Entre tantas importantes considerações levadas ao público pelos parlamentares e oradores da noite, a geógrafa Tainá de Paula apontou outra fundamental questão proporcionada pelo Fórum. Ela destacou a importância de consolidar o Rio de Janeiro como polo da luta e da resistência. "É preciso que o Brasil sinta e fale sobre a resistência que acontece no Rio de Janeiro, e que isso ecoe pelo país".
Nesse sentindo, o governador Flávio Dino salientou "a união das forças progressistas cariocas, e lembrou que o nordeste protagonizou há poucas semanas um movimento parecido, entre governadores, em defesa da Amazônia". Para ele, "é preciso construir uma agenda política e popular que esteja baseada na justiça social. Precisamos recuperar o legado do lulismo e de Leonel Brizola".
Ao fim de sua fala, o governador fez questão de reproduzir a tradicional "Tese de Abril", de Vladimir Lenin, que tanto se aplica à realidade brasileira: "precisamos de paz, pão e terra". "Esse é o nosso desafio: qual é a tradução do nosso paz, pão e terra nesse momento político do Brasil?", questionou.
Enquanto esta pergunta não é respondida, a esquerda brasileira se organiza. Fundamental que ela esteja ocupando com debates as praças, ruas e bairros das cidades, que é onde encontra-se a sua gente. Voltar a falar para as bases da pirâmide social, como havia dito Mano Brown no ano passado, era mais do que preciso. A união progressista, afinal, também.
E enquanto o governo patina em suas alianças, com os ratos, como sempre, já pulando para fora do barco diante do primeiro sinal de naufrágio, é com felicidade que noticiamos que nosso campo está organizado, afinando projetos e discursos, preparando-se, afinal, para voltar, e assim vencer de uma vez o mal do fascismo que assola o Brasil.
Sim, as boas notícias irão voltar
* João Francisco Werneck é jornalista. Fonte: Conexão jornalismo.
As boas notícias irão voltar. Em meio ao caos do governo Bolsonaro, entre todas as más notícias que o ofício do jornalismo nos obriga a explanar diariamente, há boas novas para se contar. As forças progressistas no Brasil estão atentas. E mais do que isso. Estão unidas, como há muito tempo desejávamos. Juntas, elas organizaram o "Fórum de Resistência Democrática", que chegou ao seu último dia nesta sexta-feira, 30, no Rio de Janeiro. O evento, realizado na Praça Mário Lago, no Centro, foi promovido pelos maiores partidos de esquerda no Brasil: PT, PCdoB e PSOL. Nomes importantes da política nacional, como Jandira Feghali, Marcelo Freixo, Glauber Braga e Flávio Dino, governador do Maranhão, proferiram discursos e debateram junto do povo alguns caminhos para resistir democraticamente ao desmonte estatal iniciado em janeiro deste ano.
Esse é, afinal, o efeito Bolsonaro, cujo extermínio das políticas e empresas públicas demanda organização de uma frente ampla e conjunta por parte da oposição. Para deputada federal e líder da minoria no Congresso, Jandira Feghali, "é importante que discutamos os retrocessos nos direitos civis e sociais e a repercussão disso dentro das cidades. Fazer isso e unir forças progressistas significa construir analises políticas, partidos e programas comuns, capazes de transformar a sociedade"
Quem reforçou a fala da deputada foi Glauber Braga, do PSOL. Em seu discurso, o parlamentar enfatizou a necessidade da "luta pelo diálogo". Para ele, é possível construir um novo Brasil através do dialogo, distanciando-se da polaridade que o discurso do presidente insiste em impor. Glauber analisou que o grupo de eleitores de Bolsonaro possui um "núcleo violento, fascista, de cerca de 30%". Para Glauber, a missão da esquerda é trazer para o seu lado as outras pessoas, que se distanciam do "núcleo duro" do presidente.
Sem dúvidas, o presidente Jair Bolsonaro e o seu projeto de país foram os maiores alvos das falas da noite. No evento, os organizadores do Fórum leram em conjunto uma carta que enumerava os erros do ex-capitão. Entre as críticas, sobrou espaço para denuncias sobre o extermínio do aparato de política ambiental, como as exonerações no Inpe e Ibama, tema bastante relembrado pelos palestrantes.
Entre esses, inclusive, destacou-se a autora do livro "Feminismo para os 99%: um manifesto", Cinzia Arruzza. Ela enalteceu a luta dos índios e das mulheres na Amazônia. Por fim, relembrou da força e da repercussão internacional do manifesto "ele não", lançado durante as eleições. Para ela, o Brasil se une de vez à luta global anti-fascista, assumindo um importante lugar ao se posicionar contra o que ela chamou de "forças conservadoras mundiais".
Um dos pontos mais importantes comentados pelos debatedores foi o papel de destaque que o "Fórum de Resistência Democrática" alçou o Rio de Janeiro. Para a deputada petista Benedita da Silva, "isso aqui é um tambor que irá ressoar por todo Brasil. O Estado do Rio de Janeiro pode mexer com o Brasil inteiro, por sua importância política e de vanguarda de movimentos sociais". Para Jandira, "a batalha faz parte da rua. É preciso que estejamos aqui. É isso que nos garante as liberdades".
Entre tantas importantes considerações levadas ao público pelos parlamentares e oradores da noite, a geógrafa Tainá de Paula apontou outra fundamental questão proporcionada pelo Fórum. Ela destacou a importância de consolidar o Rio de Janeiro como polo da luta e da resistência. "É preciso que o Brasil sinta e fale sobre a resistência que acontece no Rio de Janeiro, e que isso ecoe pelo país".
Nesse sentindo, o governador Flávio Dino salientou "a união das forças progressistas cariocas, e lembrou que o nordeste protagonizou há poucas semanas um movimento parecido, entre governadores, em defesa da Amazônia". Para ele, "é preciso construir uma agenda política e popular que esteja baseada na justiça social. Precisamos recuperar o legado do lulismo e de Leonel Brizola".
Ao fim de sua fala, o governador fez questão de reproduzir a tradicional "Tese de Abril", de Vladimir Lenin, que tanto se aplica à realidade brasileira: "precisamos de paz, pão e terra". "Esse é o nosso desafio: qual é a tradução do nosso paz, pão e terra nesse momento político do Brasil?", questionou.
Enquanto esta pergunta não é respondida, a esquerda brasileira se organiza. Fundamental que ela esteja ocupando com debates as praças, ruas e bairros das cidades, que é onde encontra-se a sua gente. Voltar a falar para as bases da pirâmide social, como havia dito Mano Brown no ano passado, era mais do que preciso. A união progressista, afinal, também.
E enquanto o governo patina em suas alianças, com os ratos, como sempre, já pulando para fora do barco diante do primeiro sinal de naufrágio, é com felicidade que noticiamos que nosso campo está organizado, afinando projetos e discursos, preparando-se, afinal, para voltar, e assim vencer de uma vez o mal do fascismo que assola o Brasil.
Sim, as boas notícias irão voltar
* João Francisco Werneck é jornalista. Fonte: Conexão jornalismo.
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