Por Olímpio Cruz Neto, no site Vermelho:
Todos os jornais trazem nas manchetes desta quinta-feira, 5 de março, o ‘pibinho’ de 1,1% de 2019, divulgado pelo IBGE, e a perspectiva de novas frustrações para 2020, cujo crescimento não deve ultrapassar 1,5%. O pior ainda pode estar por vir, diante da iminente queda da economia global, por conta do coronavírus e a apreensão com uma nova crise da dívida que se avizinha. O Valor Econômico destaca que a desaceleração mundial é inevitável.
Na imprensa estrangeira, o “crescimento lento” do Brasil – pelo terceiro ano consecutivo – também ganhou repercussão, com destaque no New York Times, Washington Post, Financial Times e Wall Street Journal. O Financial Times fala em ‘previsão anêmica’ para 2020 e dos “desafios” para Bolsonaro. O principal jornal econômico do planeta ainda traz alerta do presidente do BID: a América Latina deve conter desigualdade, sob pena de ver seu declínio.
As agências internacionais de notícias – Reuters e Associated Press, principalmente – também tratam dos resultados tímidos da economia desta nação que já foi vista como a maior promessa entre os países desenvolvidos. As perspectivas são sombrias, de acordo com a Reuters.
Reuters ainda dá destaque a outra notícia – “um dos momentos mais surreais” de Bolsonaro: o presidente brasileiro lançou mão de um humorista para tocar trompete e distribuir bananas para a imprensa, evitando as perguntas dos repórteres sobre o PIB. Até a sisuda BBC deu destaque ao imitador.
Na Folha, Bruno Boghossian sintetiza: Bolsonaro faz a distração do circo sem pão. No Globo, Bernardo Mello Franco vai na mesma linha: país vive situação de pouco pão e muito circo. O Globo bate em editorial: “Bolsonaro insiste em desonrar a Presidência da República”, apesar de defender a agenda econômica.
Aliás, esta é a tônica da velha mídia nacional. Jornais falam em frustração e estagnação, mas sem apontar para a responsabilidade direta de Paulo Guedes, que se mostrou irritado ao ser cobrado pelo resultado pífio da economia. O ministro disse que o crescimento de 1,1% era o esperado, mas só o Valor aponta que o resultado levanta dúvidas sobre o discurso oficial de retomada econômica pelo capital privado.
A falta de investimentos, a retração da indústria de transformação – que caiu a patamares mínimos – e a queda da construção civil mostram perspectivas pouco promissoras. A Folha diz que a recuperação econômica pode ter fôlego curto porque está apoiada no endividamento das famílias. Isso num cenário de rendimentos baixos e mercado de trabalho desaquecido.
Guedes promete para 2020 crescimento superior a 2%. Mas ninguém parece mais acreditar na fadinha da confiança. O Globo mantém a receita de sempre e prescreve o remédio para o baixo crescimento e a retomada da confiança: privatizações. O jornal aponta o desejo do mercado na venda de ativos e empresas como forma de retomar os investimentos. Para analistas, concessões seriam porta de entrada de capital estrangeiro, ajudando país a superar barreira do 1% de crescimento.
O fato é que a mídia ainda tenta disfarçar, mas o medo parece estar se aproximando. Os jornais começam a confirmar que a desconfiança e a frustração levantam o véu de um horizonte nublado, como aponta Merval Pereira.
Quem melhor resume o quadro é Vinícius Torres Freire, na Folha: “O Brasil ainda está mais pobre do que na década passada. Por causa de recessão ou economia estagnada faz meia dúzia de anos, o PIB per capita ainda é 7,4% menor que o de 2013, antes do início da grande crise. É como se tivéssemos ficado com a mesma renda desde 2009. É mais do que uma década perdida”.
Luís Fernando Veríssimo, em sua coluna em O Globo, comenta ao tratar do livro dos economistas Gabriel Zucman e Emmanuel Saez, “O triunfo da injustiça”: “Um nome perfeito para o que acontece em países como o Brasil, em que a austeridade é um disfarce para o predomínio do capital financeiro, cujo poder persiste através dos anos no que pode ser descrito como um longo, interminável, desfile triunfal”.
As perspectivas não são melhores, mesmo com privatizações na linha de tiro e a promessa de retomada das reformas pelo Congresso. Nem o fato de o parlamento ter decidido manter o veto do presidente ao trecho da proposta de diretrizes para o Orçamento de 2020 parece boa notícia. Deputados e senadores mantiveram R$ 19 bilhões em suas mãos para fazer o que quiserem.
A questão toda é o papel do Estado brasileiro em meio à crise. A ortodoxia de Guedes e da equipe econômica o impedem de acenar com qualquer possibilidade de ampliação de investimento público, que este ano será menor do que 2019.
Até Rodrigo Maia já entende que a receita não ajudará o país a sair da crise. Ao comentar ontem o resultado do PIB, o presidente da Câmara reconheceu: “Setor privado sozinho não vai resolver todos os problemas”. Ele disse que os investimentos públicos também são importantes para o crescimento.
Todos os jornais trazem nas manchetes desta quinta-feira, 5 de março, o ‘pibinho’ de 1,1% de 2019, divulgado pelo IBGE, e a perspectiva de novas frustrações para 2020, cujo crescimento não deve ultrapassar 1,5%. O pior ainda pode estar por vir, diante da iminente queda da economia global, por conta do coronavírus e a apreensão com uma nova crise da dívida que se avizinha. O Valor Econômico destaca que a desaceleração mundial é inevitável.
Na imprensa estrangeira, o “crescimento lento” do Brasil – pelo terceiro ano consecutivo – também ganhou repercussão, com destaque no New York Times, Washington Post, Financial Times e Wall Street Journal. O Financial Times fala em ‘previsão anêmica’ para 2020 e dos “desafios” para Bolsonaro. O principal jornal econômico do planeta ainda traz alerta do presidente do BID: a América Latina deve conter desigualdade, sob pena de ver seu declínio.
As agências internacionais de notícias – Reuters e Associated Press, principalmente – também tratam dos resultados tímidos da economia desta nação que já foi vista como a maior promessa entre os países desenvolvidos. As perspectivas são sombrias, de acordo com a Reuters.
Reuters ainda dá destaque a outra notícia – “um dos momentos mais surreais” de Bolsonaro: o presidente brasileiro lançou mão de um humorista para tocar trompete e distribuir bananas para a imprensa, evitando as perguntas dos repórteres sobre o PIB. Até a sisuda BBC deu destaque ao imitador.
Na Folha, Bruno Boghossian sintetiza: Bolsonaro faz a distração do circo sem pão. No Globo, Bernardo Mello Franco vai na mesma linha: país vive situação de pouco pão e muito circo. O Globo bate em editorial: “Bolsonaro insiste em desonrar a Presidência da República”, apesar de defender a agenda econômica.
Aliás, esta é a tônica da velha mídia nacional. Jornais falam em frustração e estagnação, mas sem apontar para a responsabilidade direta de Paulo Guedes, que se mostrou irritado ao ser cobrado pelo resultado pífio da economia. O ministro disse que o crescimento de 1,1% era o esperado, mas só o Valor aponta que o resultado levanta dúvidas sobre o discurso oficial de retomada econômica pelo capital privado.
A falta de investimentos, a retração da indústria de transformação – que caiu a patamares mínimos – e a queda da construção civil mostram perspectivas pouco promissoras. A Folha diz que a recuperação econômica pode ter fôlego curto porque está apoiada no endividamento das famílias. Isso num cenário de rendimentos baixos e mercado de trabalho desaquecido.
Guedes promete para 2020 crescimento superior a 2%. Mas ninguém parece mais acreditar na fadinha da confiança. O Globo mantém a receita de sempre e prescreve o remédio para o baixo crescimento e a retomada da confiança: privatizações. O jornal aponta o desejo do mercado na venda de ativos e empresas como forma de retomar os investimentos. Para analistas, concessões seriam porta de entrada de capital estrangeiro, ajudando país a superar barreira do 1% de crescimento.
O fato é que a mídia ainda tenta disfarçar, mas o medo parece estar se aproximando. Os jornais começam a confirmar que a desconfiança e a frustração levantam o véu de um horizonte nublado, como aponta Merval Pereira.
Quem melhor resume o quadro é Vinícius Torres Freire, na Folha: “O Brasil ainda está mais pobre do que na década passada. Por causa de recessão ou economia estagnada faz meia dúzia de anos, o PIB per capita ainda é 7,4% menor que o de 2013, antes do início da grande crise. É como se tivéssemos ficado com a mesma renda desde 2009. É mais do que uma década perdida”.
Luís Fernando Veríssimo, em sua coluna em O Globo, comenta ao tratar do livro dos economistas Gabriel Zucman e Emmanuel Saez, “O triunfo da injustiça”: “Um nome perfeito para o que acontece em países como o Brasil, em que a austeridade é um disfarce para o predomínio do capital financeiro, cujo poder persiste através dos anos no que pode ser descrito como um longo, interminável, desfile triunfal”.
As perspectivas não são melhores, mesmo com privatizações na linha de tiro e a promessa de retomada das reformas pelo Congresso. Nem o fato de o parlamento ter decidido manter o veto do presidente ao trecho da proposta de diretrizes para o Orçamento de 2020 parece boa notícia. Deputados e senadores mantiveram R$ 19 bilhões em suas mãos para fazer o que quiserem.
A questão toda é o papel do Estado brasileiro em meio à crise. A ortodoxia de Guedes e da equipe econômica o impedem de acenar com qualquer possibilidade de ampliação de investimento público, que este ano será menor do que 2019.
Até Rodrigo Maia já entende que a receita não ajudará o país a sair da crise. Ao comentar ontem o resultado do PIB, o presidente da Câmara reconheceu: “Setor privado sozinho não vai resolver todos os problemas”. Ele disse que os investimentos públicos também são importantes para o crescimento.
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