Por Marcos Coimbra, no site Brasil-247:
No dia 1º de março último, havia dois casos confirmados de Covid-19 no Brasil.
As duas pessoas estavam vivas.
Nesta semana, passamos, oficialmente, de 120 mil casos, com mais de 8 mil óbitos provocados pela doença.
Ninguém, no entanto, acredita nesses números e calcula-se que a epidemia já superou a marca de um milhão de infectados, com dezenas de milhares de vidas perdidas.
O que vai acontecer nos próximos meses, ninguém sabe.
Mas somente os mais tolos supõem que será algo bom.
Estamos vivendo apenas o início de uma forte crise sanitária, fantasiando que é menos grave por termos um governo incapaz de adotar a providência básica de realizar testes em massa.
Na mais recente pesquisa do instituto Vox Populi, concluída no dia 26 de abril, essa incompetência é uma de entre muitas que a maioria da população percebe na resposta do governo à doença: 88% acreditam que fazer testes em massa é “muito importante” e 69% dizem que o governo “está errado” ao não providenciá-los.
Uma em cada três pessoas (34%) acredita que o governo age assim porque quer “esconder a gravidade do problema e o número de infectados” (os restantes acham que apenas não consegue e há 20% que dizem que “é caro e não vale a pena”).
A maioria das pessoas (58%) entende que o capitão “não tem mantido a população informada” e 64% “não confiam” no que fala a respeito da epidemia.
Mais da metade (53%) acha que Bolsonaro “tem atrapalhado” na luta contra a doença.
Ao avaliar o que faz em resposta aos crescentes problemas de renda e trabalho, 60% afirmam que ele “pensa mais nos interesses dos empresários”, enquanto 27% acham que pensa na população. Apenas 23% dos entrevistados leva a sério a lenda da cloroquina.
Na opinião pública, Bolsonaro perdeu o primeiro round no combate à epidemia.
Em quesitos como capacidade técnica, transparência, sinceridade e credibilidade, consegue, no máximo, o apoio de um terço da população.
Pode ter o endosso dessa minoria, mas o fato importante é que dois terços dos brasileiros não o aprovam ou respeitam.
Tudo indica que vai continuar a apanhar nos próximos rounds.
À medida que a doença avança, que novas faixas da população são atingidas e se agrava o colapso no sistema de saúde, o bolsonarismo vai a knock down, do qual talvez não consiga se reerguer. A luta contra o coronavírus pode terminar com o nocaute do capitão.
No dia 1º de março último, havia dois casos confirmados de Covid-19 no Brasil.
As duas pessoas estavam vivas.
Nesta semana, passamos, oficialmente, de 120 mil casos, com mais de 8 mil óbitos provocados pela doença.
Ninguém, no entanto, acredita nesses números e calcula-se que a epidemia já superou a marca de um milhão de infectados, com dezenas de milhares de vidas perdidas.
O que vai acontecer nos próximos meses, ninguém sabe.
Mas somente os mais tolos supõem que será algo bom.
Estamos vivendo apenas o início de uma forte crise sanitária, fantasiando que é menos grave por termos um governo incapaz de adotar a providência básica de realizar testes em massa.
Na mais recente pesquisa do instituto Vox Populi, concluída no dia 26 de abril, essa incompetência é uma de entre muitas que a maioria da população percebe na resposta do governo à doença: 88% acreditam que fazer testes em massa é “muito importante” e 69% dizem que o governo “está errado” ao não providenciá-los.
Uma em cada três pessoas (34%) acredita que o governo age assim porque quer “esconder a gravidade do problema e o número de infectados” (os restantes acham que apenas não consegue e há 20% que dizem que “é caro e não vale a pena”).
A maioria das pessoas (58%) entende que o capitão “não tem mantido a população informada” e 64% “não confiam” no que fala a respeito da epidemia.
Mais da metade (53%) acha que Bolsonaro “tem atrapalhado” na luta contra a doença.
Ao avaliar o que faz em resposta aos crescentes problemas de renda e trabalho, 60% afirmam que ele “pensa mais nos interesses dos empresários”, enquanto 27% acham que pensa na população. Apenas 23% dos entrevistados leva a sério a lenda da cloroquina.
Na opinião pública, Bolsonaro perdeu o primeiro round no combate à epidemia.
Em quesitos como capacidade técnica, transparência, sinceridade e credibilidade, consegue, no máximo, o apoio de um terço da população.
Pode ter o endosso dessa minoria, mas o fato importante é que dois terços dos brasileiros não o aprovam ou respeitam.
Tudo indica que vai continuar a apanhar nos próximos rounds.
À medida que a doença avança, que novas faixas da população são atingidas e se agrava o colapso no sistema de saúde, o bolsonarismo vai a knock down, do qual talvez não consiga se reerguer. A luta contra o coronavírus pode terminar com o nocaute do capitão.
Neste momento, o que sustenta a imagem de Bolsonaro em cerca de 30% de apoio é estar em curso, no conjunto da opinião pública, um processo de compensações: perde sustentação nas classes médias, entre pessoas de informação, escolaridade e renda mais elevadas, mas ganha, provisoriamente, algum terreno na classe trabalhadora.
Fundamentalmente, entre quem precisa do “auxílio do governo”, como é chamado o bônus de emergência de 600 reais, um paliativo para a sobrevivência imediata.
Trata-se, contudo, de algo que, em pouco tempo, se revelará insuficiente (se um salario mínimo não paga as despesas de uma família, o que dizer de meio?).
As pessoas de renda muito baixa, que hoje são gratas ao governo pela “ajuda”, logo estarão frustradas e descrentes de que represente consideração para com elas (não esquecendo o caos burocrático em que muitas foram jogadas na procura do auxílio).
O que restará ao capitão, na sociedade, é o apoio de uma pequena minoria, bizarra e ridícula.
A resposta equivocada do governo à dupla crise, na saúde e na economia, alijou uma parte significativa das pessoas que antes o aprovavam, muitas das quais suas eleitoras em 2018.
Com o agravamento de ambas, essa perda deve se acentuar e, sem o efeito de compensação que vimos ao longo de abril, as próximas semanas serão de queda acentuada na popularidade.
A depender de Bolsonaro, o caminho está definido: contando com sua jagunçada para bater nos adversários, agarrado ao que de pior existe no Congresso e com a obediência de meia dúzia de generais de pijama, vai se dedicar a seu único projeto: ficar no poder.
Principalmente, para se proteger e livrar seus filhos e sócios da cadeia.
Continuará a fazer seu jogo: um dia, rosna e, no seguinte, abana o rabo, faz festinha e recua. Põe-se como um bode na sala e depois se tira de lá, aliviando a todos.
Até que a parte saudável do País se canse de tolerá-lo.
Fundamentalmente, entre quem precisa do “auxílio do governo”, como é chamado o bônus de emergência de 600 reais, um paliativo para a sobrevivência imediata.
Trata-se, contudo, de algo que, em pouco tempo, se revelará insuficiente (se um salario mínimo não paga as despesas de uma família, o que dizer de meio?).
As pessoas de renda muito baixa, que hoje são gratas ao governo pela “ajuda”, logo estarão frustradas e descrentes de que represente consideração para com elas (não esquecendo o caos burocrático em que muitas foram jogadas na procura do auxílio).
O que restará ao capitão, na sociedade, é o apoio de uma pequena minoria, bizarra e ridícula.
A resposta equivocada do governo à dupla crise, na saúde e na economia, alijou uma parte significativa das pessoas que antes o aprovavam, muitas das quais suas eleitoras em 2018.
Com o agravamento de ambas, essa perda deve se acentuar e, sem o efeito de compensação que vimos ao longo de abril, as próximas semanas serão de queda acentuada na popularidade.
A depender de Bolsonaro, o caminho está definido: contando com sua jagunçada para bater nos adversários, agarrado ao que de pior existe no Congresso e com a obediência de meia dúzia de generais de pijama, vai se dedicar a seu único projeto: ficar no poder.
Principalmente, para se proteger e livrar seus filhos e sócios da cadeia.
Continuará a fazer seu jogo: um dia, rosna e, no seguinte, abana o rabo, faz festinha e recua. Põe-se como um bode na sala e depois se tira de lá, aliviando a todos.
Até que a parte saudável do País se canse de tolerá-lo.
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